Peço
muita desculpa (é forma de dizer, que não peço nada) por não fazer
vénias ao direito à greve nem conseguir ver no folclore de hoje qualquer
coisa respeitável ou recomendável
A greve de hoje descreve-se de forma simples: os que têm beneficiado
deste estado obeso e sufocante pretendem que os que têm pago o estado
obeso e sufocante continuem a pagar o estado obeso e sufocante. Dito de
outro modo, os grevistas pretendem que quem está no sector privado
continue a pagar - com perda de emprego, dificuldade em encontrar novo
emprego, falências de empresas, diminuição de rendimentos variáveis e de
regalias várias e os inevitáveis aumentos de impostos - para que os
grevistas continuem a pairar acima da crise. Por mim, agradeço
encarecidamente as defesas dos 'direitos' (de quem?!) dos folclóricos
grevistas.
E lamento, mas discordo das leituras da greve politicamente correctas
que se têm lido por aqui. O país está num estado de indigência
internacionalmente reconhecida. Que numa altura destas umas almas
sobreviventes do PREC decidam fazer greve só pode causar repugnância em
qualquer pessoa dotada de um mínimo de bom-senso. Ou com capacidade para
fazer contas de somar e de subtrair. Ou que não acredite na galinha dos
ovos de ouro e na árvore das patacas.
Em dia de greve geral é conhecido o Barómetro da Marktest/TSF/DE,
que coloca o PSD a subir, com 45,4% das intenções de voto, mais do
dobro do PS, com 19,7%. O PCP desce para os 7,9%, o CDS está nos 5% e o
BE com 4,1%. Mesmo apesar das medidas dificeis e impopulares tomadas por
este governo, a confiar no resultado deste barómetro, a coligação
continua extremamente popular junto do eleitorado. Estes números indicam
que o povo português, se calhar por uma última vez, estão dispostos a
aceitar os sacríficios exigidos para salvar o país. O governo deve
encarar estes números com optimismo moderado, pois significam que há
espaço para implementar as reformas em curso com tranquilidade. Ao
contrário do que alguns grupelhos radicais desejariam para as ruas
portuguesas, a violência generalizada que assistimos na Grécia
dificilmente será uma realidade em Portugal. E a acontecer, servirá
apenas para reforçar a popularidade do governo. Mas este deve assumir as
suas responsabilidades: este rumo terá de mostrar resultados bem
visíveis nos próximos anos. E se chegarmos ao fim da legislatura sem que
os portugueses reconheçam que valeu a pena, a queda será abrupta e a
desconfiança dos portugueses em relação ao regime, e não apenas aos
partidos, será, talvez, irreversível. A responsabilidade da coligação
PSD/CDS é salvar o país, mas sobretudo devolver a credibilidade ao
sistema político português.
por Nuno Gouveia às 22:32
Do blogue "Cachimbo de Magritte"
Presidente da CIP e a greve geral
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