Prezados leitores, em 2005,
quando eu e o Coronel de Polícia, Esteves, começamos a imaginar uma maneira de
impedir o crescimento da interferência política na Polícia Militar, assim como de
lutar por melhores salários e por adequadas condições de trabalho para os
Policiais Militares, não tinhamos dúvidas que acabaríamos ficando em posição
antagônica ao governo fluminense, embora esse não fosse o nosso objetivo. Isso
é um fato, mas nunca poderia imaginar que seria tratado como um inimigo
político, alguém que fosse alvo de várias represálias, algumas contrárias à
legislação e que tivesse tantos direitos violados.
O tempo passou desde as minhas
primeiras conversas com o Esteves, cerca de sete anos, com ele as lutas dos 40
da Evaristo, dos Coronéis Barbonos, da PEC 300/2008, dos Bombeiros Militares e
recentemente, a denominada luta unificada dos profissionais de segurança
pública. Eu nunca desisti da luta e penso que essa minha determinação seja uma
das causas de ser tratado como inimigo pelo governo, que consegue dobrar tantos
e com extrema facilidade.
Ao longo dessas mobilizações,
quase uma centena, eu tive papéis diferentes, sendo no início um dos
protagonistas e no último ano, tendo adotado um papel meramente jornalístico,
por assim dizer. A linha divisória dessa mudança comportamental é fácil de ser
localizada, começou na mobilização dos Bombeiros Militares, quando os
organizadores resolveram se afastar dos atos "pacíficos e ordeiros",
faltando ao serviço e invadindo o QG, tendo eu criticado essas ações e sendo
muito criticado por ter tal postura. Na mobilização unificada, mantive o
comportamento, atuando como se um repórter fosse, pois nunca fui favorável ao
movimento de paralisação, como deixei claro no blog.
Apesar da minha mudança,
certamente identificada pelos órgãos de inteligência que sempre estiveram
presentes nos atos, o governo fluminense continuou destilando seu ódio contra
mim, culminando por duas prisões ilegais. A primeira no dia 03 JUN 2011 e a
segunda no dia 10 FEV 2012, quando fui encarcerado em uma solitária da
Penitenciária Bangu I e mantido incomunicável por três dias, algo inacreditável
diante da violação clara dos meus direitos, mas que ocorreu comigo e com outros
Policiais Militares e Bombeiros Militares.
Por que eu mudei e o governo
não mudou?
Simples, a minha postura
jornalística é pior para o governo, pois fora do olho do furacão, tenho tempo
livre no curso dos atos e consigo ver o que a grande maioria não vislumbra. Pior,
vejo e comento no blog, apresentando provas, como no caso da invasão dos
Bombeiros Militares ao QG, quando filmei todas as fases (concentração até a
invasão) e comprovei que o governo, embora sabendo da invasão, nada fez para
impedi-la, ao contrário, criou facilidades.
O governo hoje me odeia pelo
que escrevo no blog, o seu sonho é cercear a minha liberdade de expressão, não
tenho qualquer dúvida. Alías, quando fui preso no dia 03 JUN 2011, uma das
primeiras preocupações foi recolher meu notebook, meu rádio, meu celular e
minha internet móvel. O objetivo é me calar, não existe qualquer dúvida. Na
prisão do dia 10 FEV 2012, não tendo qualquer razão para me prender, fui preso
para que não pudesse estar do lado de fora denunciando tudo no nosso espaço
democrático.
Obviamente, representei contra
todas as ilegalidades que já foram praticadas contra mim, isso desde 2008, mas
como sou inimigo do governo, acabo sendo inimigo dos subordinados ao governo e
dos amigos do governo, o que torna a minha luta pelo respeito aos meus direitos
quase inócua.
Diante dessas verdades, decidi
voltar a postar alguns desses fatos, para que os nossos leitores mais novos
possam entender como um Coronel de Polícia que trabalhou na PMERJ por mais de
30 anos, tendo uma carreira sem qualquer mácula, sem nunca ter levado para sua
casa um centavo que não fizesse parte do seu salário, acabou sendo preso,
jogado nos porões de Bangu I, mantido incomunicável, indiciado em um Inquérito
Policial Militar e submetido a um Conselho de Justificação, correndo o risco de
ser expulso da corporação, por decisões unicamente políticas.
O que mais me entristece nisso
tudo é que apesar da luta de tantos e de tantas represálias, os salários pagos
aos Policiais Militares continuam sendo miseráveis, as condições de trabalho
continuam ruins e a PMERJ está mais de joelhos do que nunca diante do poder
político.
Ontem, o IPM no qual eu estava
sendo investigado foi solucionado. O comandante geral discordou das
investigações do Encarregado, o qual concluiu que eu não tinha praticado
qualquer crime. Para o comandante geral eu pratiquei crime, portanto, fui
indiciado.
Coronel Paúl, um inimigo político (e vítima) do governo do Rio de
Janeiro, que não desiste de lutar.
Juntos Somos Fortes!
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