sexta-feira, 4 de maio de 2012

Coronel Paúl, inimigo político (e vítima) do Governo do Rio de Janeiro


Prezados leitores, em 2005, quando eu e o Coronel de Polícia, Esteves, começamos a imaginar uma maneira de impedir o crescimento da interferência política na Polícia Militar, assim como de lutar por melhores salários e por adequadas condições de trabalho para os Policiais Militares, não tinhamos dúvidas que acabaríamos ficando em posição antagônica ao governo fluminense, embora esse não fosse o nosso objetivo. Isso é um fato, mas nunca poderia imaginar que seria tratado como um inimigo político, alguém que fosse alvo de várias represálias, algumas contrárias à legislação e que tivesse tantos direitos violados.
O tempo passou desde as minhas primeiras conversas com o Esteves, cerca de sete anos, com ele as lutas dos 40 da Evaristo, dos Coronéis Barbonos, da PEC 300/2008, dos Bombeiros Militares e recentemente, a denominada luta unificada dos profissionais de segurança pública. Eu nunca desisti da luta e penso que essa minha determinação seja uma das causas de ser tratado como inimigo pelo governo, que consegue dobrar tantos e com extrema facilidade.
Ao longo dessas mobilizações, quase uma centena, eu tive papéis diferentes, sendo no início um dos protagonistas e no último ano, tendo adotado um papel meramente jornalístico, por assim dizer. A linha divisória dessa mudança comportamental é fácil de ser localizada, começou na mobilização dos Bombeiros Militares, quando os organizadores resolveram se afastar dos atos "pacíficos e ordeiros", faltando ao serviço e invadindo o QG, tendo eu criticado essas ações e sendo muito criticado por ter tal postura. Na mobilização unificada, mantive o comportamento, atuando como se um repórter fosse, pois nunca fui favorável ao movimento de paralisação, como deixei claro no blog.
Apesar da minha mudança, certamente identificada pelos órgãos de inteligência que sempre estiveram presentes nos atos, o governo fluminense continuou destilando seu ódio contra mim, culminando por duas prisões ilegais. A primeira no dia 03 JUN 2011 e a segunda no dia 10 FEV 2012, quando fui encarcerado em uma solitária da Penitenciária Bangu I e mantido incomunicável por três dias, algo inacreditável diante da violação clara dos meus direitos, mas que ocorreu comigo e com outros Policiais Militares e Bombeiros Militares.
Por que eu mudei e o governo não mudou?
Simples, a minha postura jornalística é pior para o governo, pois fora do olho do furacão, tenho tempo livre no curso dos atos e consigo ver o que a grande maioria não vislumbra. Pior, vejo e comento no blog, apresentando provas, como no caso da invasão dos Bombeiros Militares ao QG, quando filmei todas as fases (concentração até a invasão) e comprovei que o governo, embora sabendo da invasão, nada fez para impedi-la, ao contrário, criou facilidades.
O governo hoje me odeia pelo que escrevo no blog, o seu sonho é cercear a minha liberdade de expressão, não tenho qualquer dúvida. Alías, quando fui preso no dia 03 JUN 2011, uma das primeiras preocupações foi recolher meu notebook, meu rádio, meu celular e minha internet móvel. O objetivo é me calar, não existe qualquer dúvida. Na prisão do dia 10 FEV 2012, não tendo qualquer razão para me prender, fui preso para que não pudesse estar do lado de fora denunciando tudo no nosso espaço democrático.
Obviamente, representei contra todas as ilegalidades que já foram praticadas contra mim, isso desde 2008, mas como sou inimigo do governo, acabo sendo inimigo dos subordinados ao governo e dos amigos do governo, o que torna a minha luta pelo respeito aos meus direitos quase inócua.
Diante dessas verdades, decidi voltar a postar alguns desses fatos, para que os nossos leitores mais novos possam entender como um Coronel de Polícia que trabalhou na PMERJ por mais de 30 anos, tendo uma carreira sem qualquer mácula, sem nunca ter levado para sua casa um centavo que não fizesse parte do seu salário, acabou sendo preso, jogado nos porões de Bangu I, mantido incomunicável, indiciado em um Inquérito Policial Militar e submetido a um Conselho de Justificação, correndo o risco de ser expulso da corporação, por decisões unicamente políticas.
O que mais me entristece nisso tudo é que apesar da luta de tantos e de tantas represálias, os salários pagos aos Policiais Militares continuam sendo miseráveis, as condições de trabalho continuam ruins e a PMERJ está mais de joelhos do que nunca diante do poder político.
Ontem, o IPM no qual eu estava sendo investigado foi solucionado. O comandante geral discordou das investigações do Encarregado, o qual concluiu que eu não tinha praticado qualquer crime. Para o comandante geral eu pratiquei crime, portanto, fui indiciado.
Coronel Paúl, um inimigo político (e vítima) do governo do Rio de Janeiro, que não desiste de lutar.
Juntos Somos Fortes!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-