O desafio de Obama de reformar
o Estado Social e reduzir ao máximo o ‘estado bélico’ norte-americano.
Francisco Vianna
Os Estados Unidos da América,
obviamente, vão ter que continuar a lidar com as diversas ameaças
antiamericanas existentes em todo o mundo. Terão, também, de uma maneira ou de
outra, de proteger os interesses de seu país e de seus empresários onde quer que
eles sejam contrariados, na medida do possível. Todavia, com os resultados da
eleição de terça-feira e a reeleição de Barak Hussein Obama, a Casa Branca e o
Congresso deverão buscar algum tipo de acordo para acabar ou mesmo reduzir em
muito o custoso – e nem tanto produtivo assim – "Estado Bélico” instituído
pela administração de George W. Bush.
Assim, parece ser um consenso,
o fato de que o Departamento de Defesa americano necessita – em função das
exigências econômicas – reformar sua abordagem em lidar com essas ameaças no
sentido de cortar, pelo menos, os orçamentos mais dispendiosos levados a cabo
pelo núcleo militar do Pentágono e diminuir significativamente, se não puder
por fim, aos gastos que têm sido feitos para custear as guerras mais recentes em
que o país se meteu.
Washington, desde 2003, se
envolveu em guerras no Iraque e no Afeganistão, pela primeira vez, sem uma
arrecadação tributária específica para cobrir os gastos dessas ações militares,
que, por ironia, estava prevista no orçamento da Defesa durante a administração
Bush, mas nunca foi recolhida, na verdade, “para não aumentar a carga
tributária americana”.
Houve, de fato, uma preparação
militar, mas não uma provisão financeira correspondente para a invasão do
Iraque na base da “necessidade de rapidamente o país ter que derrotar a
agressão internacional e eliminar os culpados por ela antes que conseguissem
gerar grandes conflitos internacionais” e na presunção de que o petróleo e os
contratos de reconstrução do país destruído pudessem compensar os gastos da
guerra. Não compensou. E os EUA financiaram essas guerras pelo regime de
“cartão de crédito”, onde o juro é alto e punitivo. O plano de guerra limitava,
dentro da proposta de orçamento, a ação militar “à realização de operações de
menor escala e de contingência”...
Mesmo assim, a coisa fugiu do controle e ao orçamento inicial somaram-se muitos “suplementares” e a conta do “cartão de crédito” da Casa Branca, agora, anda em torno de US $ 1,5 trilhão, sem contar que o custo básico da defesa do país, corrigido pela inflação, subiu cerca de 4 por cento ao ano, com exceção dos últimos dois anos.
Mesmo assim, a coisa fugiu do controle e ao orçamento inicial somaram-se muitos “suplementares” e a conta do “cartão de crédito” da Casa Branca, agora, anda em torno de US $ 1,5 trilhão, sem contar que o custo básico da defesa do país, corrigido pela inflação, subiu cerca de 4 por cento ao ano, com exceção dos últimos dois anos.
“Ainda que Obama consiga cumprir com a sua
promessa de trazer para casa cerca de cem mil soldados do exército, as forças
terrestres que permanecerão no Iraque e no Afeganistão ainda serão superiores
às que estavam por lá logo após a invasão”, como disse Todd Harrison, do Centro
para Avaliação Estratégica e Orçamentária (CSBA).
Na luta para enxugar o
orçamento e diminuir o “estado bélico”, tanto o Executivo como o Legislativo
terão que se entender para evitar os desperdícios de fundos como ocorreu com os
esforços fracassados para modernizar os sistemas bélicos. “Pelo menos uma dúzia
de caros e extensos programas foram encerrados em função da ausência de
progresso quanto ao escopo de tornar mais eficientes e eficazes as armas
sujeitas a eles”, conforme estudo da CSBA em 2011. O custo/benefício determinou
o seu encerramento. O tamanho desse tipo de desperdício passa de US $ 45
bilhões. Além disso, o Pentágono também está a pagar centenas de milhões de
dólares para atualizar alguns sistemas, como o do avião de combate F-22
stealth, que já é de longe o caça mais aperfeiçoado existente no mundo. Além do
mais, terão que lidar com o fato de que a maioria dos orçamentos militares são
rapidamente superados pelo aumento dos custos reais que “chegar a passar de US
$ 8 bilhões e de atrasos nos seus cronogramas que variam de um ano e meio a até
doze anos e meio".
Os gastos em zona de guerra
apresentam desperdícios que estão bem documentados, mas os recursos financeiros
não cessam de chegar, o que não poderia ocorrer com nenhuma outra área de
atividade governamental. Somente com o custo com o desenvolvimento das Forças
de Segurança Interna do Afeganistão, os EUA, na última década, gastaram algo em
torno de 11,7 bilhões de dólares e, no entanto, coforme disse uma auditoria
publicada no mês passado pelo Inspetor-geral da Reconstrução do Afeganistão
(SIGAR), "o governo afegão provavelmente não será capaz de sustentar e
manter todas as instalações deixadas em funcionamento pelos americanos após a
transição marcada para 2014 e a diminuição esperada do apoio dos EUA e da
coalizão" ao atual governo do país.
Há ainda a corrupção no
Afeganistão da qual os americanos participam ativamente, quando se trata da
construção de instalações que os afegãos não poderão sustentar. Mas a
construção continua.
Um dos maiores projetos é para
uma nova ‘Universidade de Segurança Nacional’, em andamento fora de Cabul, uma
instituição que, com base no sistema de West Point, vai formar, em quatro anos
de curso, oficiais para o exército e para a força aérea do Afeganistão. O
projeto está concluindo a primeira fase. No mês passado, uma segunda fase foi
anunciada com a construção adicional de um "quartel, refeitório,
biblioteca, ginásio, lavanderia, e outros edifícios de apoio, campo de
atletismo, etc.". O total de gastos pode passar de US $ 100 milhões e
demorar perto de 15 meses para ser concluída.
Segundo o colunista Holman W.
Jenkins Jr., do Wall Street Journal, “Obama não tem condições de bancar tudo
isso e ao mesmo tempo por em andamento as reformas sociais do estado que diz
pretender", e que mais assustam o americano. O presidente, agora reeleito,
na ocasião apelou para os eleitores do Estado da Virgínia prometendo que as
instalações militares de Norfolk e Hampton Roads possibilitariam a abertura de
200.000 novos empregos na defesa caso ele, Obama, e o ex- governador Tim Kaine
vencessem suas eleições. Venceram. Agora, o cumprimento da promessa é
estória...
Os eleitores do estado votaram
esmagadoramente em Obama e em Kaine, numa demonstração de que estão prontos
para uma reforma do ‘estado bélico’ e, também, estão dispostos a pagar mais
impostos para a segurança prometida pelo presidente que, no discurso da
vitória, a descreveu como sendo "a militarmente mais forte em terra com as
melhores tropas que este mundo já viu".
Em suma, entre o que foi
prometido e o que poderá ser feito na realidade interpõe-se o pagador de
impostos americano que em sua imensa maioria não deseja um crescimento do
estado e um aumento da intromissão de Washington em suas vidas. Todavia, o que
parece certo é o fato de que a vitória Democrata – que se baseou no aumento da
esperança dos pobres numa maior proteção do estado – lá como aqui, pode levar o
povo a graves frustrações, principalmente se Barak Obama enveredar por um
caminho mais populista e demagógico do que aquele pelo qual atualmente ele
transita.
Título e Texto: Francisco Vianna, 08-11-2012
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