"Não somos criminosos,
somos idosos que trabalhamos a vida inteira". Com essa frase, o aposentado
José Manuel da Rocha da Costa, de 67 anos, fez seu apelo em entrevista ao SRZD
nesta terça-feira. Junto com outros dois colegas, o ex-funcionário da Varig
chama a atenção de quem passa pelo saguão de desembarque do aeroporto Santos
Dumont, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Os três estão em greve de fome.
O motivo do protesto é
bilionário. Isso porque cerca de 10 mil ex-funcionários da empresa, que faliu
em 2006, lutam para receber seus depósitos do fundo de pensão Aerus há sete
anos. "No total, são R$ 7 bilhões de defasagem tarifária e mais de R$ 40
bilhões da terceira fonte de financiamento", explica o aposentado. A
"terceira fonte" é um aporte de 3% sobre a venda de bilhetes aéreos
domésticos no Brasil.
Os aposentados ainda não
receberam o valor por causa de um recurso apresentado pela União, que precisa
ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ação civil pública estava
prestes a ser analisada, mas isso pode ser adiado novamente devido ao Mensalão,
que voltará a ser julgado nesta quarta-feira. "Nós temos o Estatuto do
Idoso a nosso favor, deveríamos ter prioridade", critica.
Segundo Costa, o ato busca chamar a atenção do presidente do STF, Joaquim Barbosa. "Fizemos outra greve de fome, na primeira semana de julho, o que fez o ministro dar um parecer sobre o assunto. Voltamos acreditando que essa atitude pode dar certo novamente, agora para que nosso caso seja julgado".
Segundo Costa, o ato busca chamar a atenção do presidente do STF, Joaquim Barbosa. "Fizemos outra greve de fome, na primeira semana de julho, o que fez o ministro dar um parecer sobre o assunto. Voltamos acreditando que essa atitude pode dar certo novamente, agora para que nosso caso seja julgado".
Paciência no limite: 'Não
dá mais para aceitar', afirma o aposentado
José Manuel, que tem a
companhia dos também aposentados Lucas Alves e Izabel Régis, tem consciência de
que a greve de fome é uma medida radical. "Estamos todos com os nervos a
flor da pele. Nossa atitude é extremada porque estamos revoltados, não dá mais
para aceitar", atacou. "Se isso não der certo, não saberemos mais o
que fazer".
Os aposentados, que montaram
um verdadeiro acampamento entre os bancos no setor de desembarque do aeroporto,
ostentam cartazes em português e em inglês, para atrair a atenção dos
estrangeiros que passam pelo Santos Dumont. "Joaquim Barbosa, devolva a
minha dignididade", diz um deles.
Há nove dias sem comer, o
idoso diz que só irá abandonar a greve se ocorrer algum "acidente de
percurso", mas que a intenção é manter a manifestação até que o caso seja
resolvido. Segundo Costa, o objetivo do protesto pacífico é, de fato, chocar.
"Há coisas que acontecem e não são divulgadas. Queremos revelar isso agora
para o mundo todo ver".
Título e Texto: Aldir Cony, Sidney Rezende, 13-8-2013, 17h02 (BSB)
Fotos: Agência Brasil
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