quinta-feira, 21 de abril de 2016

Resposta ao Senador Paulo Paim

Almir Papalardo
Surpreso, recebi seu e-mail, o qual, dentro do maior respeito possível, sinto-me na obrigação de responder. Peço que não leve esse meu retorno como uma declaração de guerra, até porque, não tenho aptidão cultural, representatividade, nem conhecimentos políticos para debater com um experiente e competente senador da república. E os meus 82 anos de idade, não me permitem duelar com quer que seja, ainda mais em se tratando de uma autoridade pública.

Saiba senador, quando o senhor me excluiu da sua lista de contatos, o que me fez acreditar nisto pelo motivo de não mais responder minhas mensagens, senti e fiquei perplexo porque sendo eu um fanático defensor de sua atuação como parlamentar, principalmente em defesa dos aposentados, perdi muitos amigos que lhes faziam severas e escancaradas críticas, chamando-o de ilusionista de aposentados. E eu sempre o defendendo... fui descartado por muitos amigos que me chamavam de bobo ingênuo e até hoje não me suportam!

Lembre-se que eu sempre o incentivei, chegando, o senhor certamente há de se lembrar, de vaticinar o seu alcance à presidência da república. Acreditava nisso porque vossa excelência criador de incontáveis projetos sociais e defensor número um dos aposentados, a categoria mais desprezada e prejudicada pelos governos petistas, teria muitas chances se trocasse de partido. Não me conformava de ouvir militantes do PT em tom de zombaria referir-se aos seus três projetos a favor de aposentados, como o “Kit do Paim”! Vossa excelência chegou mesmo a cogitar sua saída do partido, não saindo entretanto, o que até hoje não entendi!

Perdoe-me, mas não concordo que a aprovação do impeachment da Dilma foi uma palhaçada praticada pela Câmara dos Deputados. Na minha condição de aposentado prejudicado, sinto-me desagravado e justiçado pelo golpe e perseguição dessa presidente, que pretende degradar minha aposentadoria em apenas um salário mínimo! Coloque-se no meu lugar e haverá de concordar comigo, porque, aposentei-me com oito salários mínimos, e hoje, desesperado, com o meu estado psicológico abalado sentindo o meu triste fim, recebo de aposentadoria três pisos mínimos. Assim sendo, referindo-se a covardia feita com a categoria de aposentados, o impeachment da presidente na Câmara foi muito justo, confirmando o ditado: "Deus escreve certo por linhas tortas.
 
Também não posso acreditar que 367 deputados sejam irresponsáveis por ter decretado o impedimento da presidente, que vem destruindo a soberania do nosso Brasil.

Respeitosamente, sem mágoas e pedindo desculpas pela ousadia, agradeço acima de tudo, do fundo do meu coração, os três projetos de sua autoria que hibernam no fundo das gavetas da Câmara, que ainda poderão tornar-se nossa Carta de Alforria. 
Almir Papalardo, 21-4-2016


Em Quarta-feira, 20 de Abril de 2016 15:25, Sen. Paulo Paim escreveu:

Obrigado pelo contato que realiza com o nosso mandato. Respeito suas posições e argumentações.

A aprovação da admissibilidade do Impeachment na Câmara dos Deputados foi um grande circo. Esse espetáculo deplorável que assistimos não pode ter continuidade. A maioria dos parlamentares que sofrem processo por corrupção justificou seus votos contra a corrupção e pela moralidade. Falou-se de tudo, da mãe, do pai, de Deus, menos do que interessava, ou seja, do que levou ao processo de impeachment, que são as pedaladas fiscais. Um processo por crime de responsabilidade fiscal que foi coordenado por um réu no STF. Nosso povo é sábio e nessa votação ficaram escancaradas a falta de compromisso com o país e a ligação direta com interesses espúrios. A maioria dos deputados estava votando por qualquer coisa, menos pelo julgamento das pedaladas fiscais. Vimos de tudo, de defesa de marido prefeito que foi preso no dia seguinte à sessão, até louvação a torturadores da ditadura.

Eu me sinto legitimado para argumentar o voto contra esse impeachment, pois sempre fui um dos críticos da forma como o Governo conduziu a política econômica e em muitas outras questões. É preciso que se entenda que não estamos julgando a popularidade da Presidenta, o mensalão ou a Lava-jato. O processo se refere a pedaladas fiscais. Todos os atos de corrupção devem ser investigados e que vá para a cadeia quem roubou. Tenho duas propostas sobre esta questão, para transformar a corrupção em crime inafiançável (PLS 160/2015) e que quem roubou pague em dobro (PLS 206/2015).

Mas o que são as pedaladas fiscais? É uma operação de fluxo de caixa entre a administração pública e um banco estatal. São atrasos nos repasses do Tesouro para instituições públicas (Caixa, BNDES, Banco do Brasil) cumprirem compromissos sociais como o auxílio desemprego, FGTS, subsídios da minha casa minha vida, benefícios previdenciários, entre outros. Ou seja, a administração deve repassar aos bancos púbicos os recursos necessários para pagamento de despesas, o que ocorreu é que os bancos saldaram os valores e ficaram credores da União.

Acima de tudo defendo a Democracia. Os argumentos utilizados no processo do impeachment são inconsistentes juridicamente, tanto que as tais pedaladas fiscais foram usadas em governos anteriores. Grande parte dos atuais governadores e prefeitos também as utilizaram. Para isso vamos querer que sofra o impeachment? A questão é covardemente política, sendo usada como cavalo de batalha de ambições individuais. O que se busca agora com o impeachment é simplesmente a tomada do poder. Grande parte desses partidos e grupos atocaiados que querem o afastamento da presidente Dilma Rousseff, até pouquíssimo tempo, estava desfrutando, para não dizer mamando, alegremente nas tetas do Executivo.
Michel Temer quer chegar à Presidência de forma indireta e antidemocrática, traindo um governo onde usufruiu de cada cargo por mais de 6 anos. E com Eduardo Cunha na Vice-presidência. Não estou dizendo que o governo é santo e que não cometeu muitos erros, mas esses argumentos que estão sendo usados não justificam o impeachment.

O governo Dilma errou ao depositar tanta confiança em um escorpião. E tem que fazer um “mea-culpa” sobre muitas outras questões. Mas se hoje está ruim, vai ficar muito pior. O projeto deles está resumido na carta “Uma ponte para o futuro”, que eu chamo de “Uma ponte para o inferno”. O que vem pela frente será o caos para os trabalhadores e para o Brasil. Tem muita maldade ali, podem se preparar. Por exemplo: Privatizações e concessões (há 159 estatais, incluindo BB, Caixa e Petrobrás); Aumento de impostos; (o povo está cansado de pagar a conta); Revisão de reajustes de salários e benefícios dos servidores (congelamento de salários); Reforma da previdência (idade mínima de 65 anos para aposentadoria); Fim das verbas vinculantes na educação e na saúde; Negociado sobre o legislado: não valerá mais o que está na lei trabalhista, e sim o que cada sindicato tiver força de negociar com o patronato; Terceirização ilimitada (fim dos concursos públicos). Foi vendida uma inverdade de que o julgamento desse impeachment é sobre corrupção e na verdade sabemos que a luta do poder pelo poder;

Defendo um amplo pacto de conciliação nacional para resolver os problemas políticos, econômicos e sociais do país. E o que se vê é um país dividido pelos erros da sua classe política e pela ganância de poucos que acham que são os donos desta terra. Independente de Partido vamos pensar no país e na nossa gente. Os brasileiros não aguentam mais que os seus políticos fiquem brigando pelo poder simplesmente. Isso está matando a construção da nossa nação. Para se alcançar esse pacto é preciso ter legitimidade com a voz das ruas. Creio que o primeiro passo neste momento seriam eleições diretas – Diretas já! Nesse sentido, foi protocolizada no dia 19/04 a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 20/16 que pede a realização de eleições diretas para presidente e vice-presidente da República no dia 2 de outubro deste ano, juntamente com as eleições municipais. O segundo momento deste pacto seria a convocação de uma assembleia revisional com o objetivo de mudar o sistema político, partidário e eleitoral (PEC 15/2016, de minha autoria). É a partir daí que vamos colocar o Brasil nos trilhos.
Com a democracia, tudo, sem a democracia, nada!
Atenciosamente, 
Paulo Paim
Senador-PT/RS

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9 comentários:

  1. Respostas
    1. “Estavam mamando”, ora, muito bem! só agora é que o senador se dá conta! Sei, compreendo muito bem… a alegre companhia de Paulo Maluf e Collor de Mello na última eleição presidencial, ora, ninguém viu, muito menos o ilustre senador…

      E lá vem ele com a ameaça de sempre: as privatizações. Como se estas fossem um mal para o Brasil. Me lembre, generoso leitor, de uma empresa que, privatizada, esteja pior do que quando era estatal, cabide de emprego e disponibilidade de tetas para mamar… mas sabemos como os petistas pensam e julgam: quando são eles a mamar trata-se de um inegável sacrifício pelo Brasil e pelos trabalhadores.

      Ah, e o senador arremata sacando o novíssimo argumento de eleições já! Curioso, eles não pediram eleições quando CONSEGUIRAM derrubar o Collor de Mello!

      Eu vou adorar ver o próximo governo acatar e colocar em prática os projetos de lei do senador, esses mesmos que o governo que ele defende não deixa passar vetando-os.
      Estaremos aqui para ver!

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  2. Eu também fui excluído da lista deste senhor, que diz ser senador.
    Tenho o direito de chamá-lo MENTIROSO.
    Há uma diferença entre as pedaladas de FHC e o retirante.
    Somando as pedaladas de FHC e do retirante não dá 1 bilhão de reais, daí minha crença em fluxo de caixa.
    A nossa vítima presidente pedalou 119 bilhões em 2 anos, ou seja , todo orçamento da saúde de 2016, bota falta de fluxo de caixa nisso.
    Mente o dito cujo sobre pedaladas de prefeitos e governadores. Eles não podem pedalar, as prefeituras e os estados não possuem bancos estatais, não podem pedir dinheiro sem uma operação de crédito chamada empréstimo devidamente autorizada por suas câmaras.
    Finalmente o senhor desonra o Rio Grande do Sul, por muito menos Bento Gonçalves fez a revolução farroupilha. Getúlio Vargas lutou e derrubou a política café com leite. Brizola defendeu com garra o mandato de Jango, mas o senhor se vendeu ás ideologias. Estamos esperando o Acordo do Aerus, a CPI da Varig e seus demissionários sem rescisórias trabalhistas, por uma lei subserviente chamada de recuperação judicial feita especialmente para a venda da Varig.
    É muito melhor privatizar as estatais do que um partido roubá-las.
    Nesse país que 9 milhões de servidores públicos sangram o dobro de pensões previdenciárias de 33 milhões de aposentados da iniciativa privada.
    Quando investigarem os fundos de pensões estatais saberemos o tamanho da ganância petista.

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  3. Cypriano J. Pereira da Costa22 de abril de 2016 às 16:14

    Amigão.
    NÃO PEÇA DESCULPAS AO FAMOSO ENGANADOR DOS APOSENTADOS. RUIM COMO ELE "SÓ ELE'".
    ACHO QUE SERVIMOS DE BOAS RISADAS PELO ENGANADOR!
    AGORA ESPERO QUE NENHUM APOSENTADO PERCA SEU VOTO COM O MASCARADO!
    CHEGA DE ELEGERMOS PALHAÇOS E INDIVIDUALISTAS, APENAS AQUELES QUE AMAM O POVO BRASILEIRO EM VEZ DO PRÓPRIO BOLSO...

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  4. Esses lombrigas parasitas do Brasil têm memória curta, só se lembram do que interessa! Refrescando a memória, vcs se lembram da votação contra o traíra puxa saco collor e o que aqueles ainda mortos de fome falaram na hora de seus votos/ Uma coisinha rica irmã de cor desse ptlho disse - negra favelada mas meu voto é sim? O baiano babaca wagner não se esqueceu de votar em nome de seus filhos que se tivessem vergonha devem morrer de vergonha desse ptralha...
    Esses canalhas estão destroçando o Brasil e ainda têm a velha marra dos porcos comunistas fingindo que não é nada disso...
    Chega de babaquice!
    Essa gentalha não merece crédito e muito menos 1 minuto de atenção das pessoas decentes desse país!

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    1. Embora esta matéria não deveria ser mais comentada, porque um impeachment não é orgulho para nenhuma nação, gostaria de falar mais uma coisinha:

      Alegam os adoradores desse desgoverno que na votação de domingo passado, na Câmara, os 367 deputados ao proferirem seus votos favoráveis ao impedimento da tresloucada presidente, não o faziam citando somente as pedaladas e sim referiam-se a mil outros motivos, desviando-se totalmente do foco, que deveria ser somente os supostos crimes praticados pela Dilma.

      Acho um argumento falho, despropositado, querendo os aliados da base do governo, mais uma vez, justificar o injustificável e minimizando desesperados a fragorosa derrota! Falar mais o que na hora de revelar o voto? Lembremo-nos que o tempo de votar era somente de dez segundos e que ninguém respeitou. É compreensível que entre 367 deputados houvesse aqueles mais engraçadinhos, que diziam bobagens que não deveriam ser ditas naquele momento.

      E quanto aos 167 deputados derrotados? Foram briosos e altivos ao declararem o seu voto não? Obviamente, não!
      Escutamos também, mesmo sendo de uma terça parte daquele montante, muitos impropérios, muita bizarrice, muita alucinação, levando muitos quase cinco minutos para declarar seu derrotado voto, o que faziam com os olhos cintilantes de ódio e os cantos da boca espumando de raiva. Notava-se somente ódio e o inconformismo na ora de votarem, enquanto os 367 deputados vitoriosos, só irradiavam alegria, estampando satisfação nos seus semblantes, recompensados por um trabalho bem elaborado.

      Um abraço a todos.
      Almir Papalardo.

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  5. Caro Almir, endosso sua resposta, na íntegra e na consistência de suas afirmações.

    Troquei alguns e-mails com este Senador, realmente a sua demagogia é algo muito gritante, e agora com esta declaração de apoio à Dilma, a sua máscara, que mudaria de partido caiu, é uma lástima, pois como gaúcho que sou, sendo então solidário ao conterrâneo, não ao partido, acreditei em um momento que este Senador era um defensor dos Aposentados, mas vejo que é tudo uma grande captação de votos. Quanto à sua declaração contra o Impeachment, na votação da Câmara, o que interessava era o Sim ou Não, poderiam falar o que quisessem, pois os motivos do impeachment está lá nos Autos do Processo, é isto que importa.

    Caro Almir, vamos em frente!
    Espero que este PT e seus fiéis defensores, sucumbam em breve! "Praga de Aposentado" pega!
    Um Abraço,
    Heitor Volkart

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    1. Bravos, meu amigo Heitor Volkart! "Praga de aposentado pega"!! FHC que iniciou a lambança contra a nossa categoria, já viu seu outrora imbatível partido perder seguidamente três eleições presidenciais.
      Lula como sabemos, está desesperado e temeroso que há qualquer momento possa ser preso. É um ex-presidente medroso, trêmulo e intranquilo, como deixou todos os aposentados intranquilos. Já Dilma Rousseff está no seu inferno astral, sofrendo por conta de um impeachment que a persegue! Aposentados não têm forças defensoras, não tem nenhuma representatividade, não tem forças políticas, não podem fazer greve, mas tem como força mental, rogar pragas para todos estes maus políticos que os perseguem e os massacram... E os céus que gostam de castigar os perversos, dizem Amém!
      Almir Papalardo.

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  6. Bem, todos estão corretos, exceto que não acredito em rogação de pragas. Às vezes o lirismo não precisa de palavras, a música fala por si só, outras vezes o lirismo necessita das palavras. A Ópera é um exemplo fático. Nossa política é uma ópera bufa, um drama Bernesco.
    Exemplo disso está acima, nas palavras desse cidadão Paulo Paim. Suas razões são "giocosas", ao invés de diálogos os temas que ele usa são recitativos de uma cartilha que causa a própria desgraça. O PT está morrendo dentro de suas próprias falácias.
    O PSDB perdeu as eleições porque insistiu com candidatos de cantilena retórica, e porque é considerado de direita. O PT destruiu os valores fundamentais da direita: a família, as tradições e tenta destruir o valor da propriedade. Ainda há gente que acha isso retrógrado, mas mesmo os parlamentarismos sociais democratas europeus defendem esses valores. Para ter-se tradições exigem-se famílias, para ter-se família é imperiosa a necessidade de um lar. O lar é o mundo para chamar de seu, esse é o meu mundo. Quando o estado controla tudo que é nosso, perdemos nossos direitos e vorazmente cobra nossos deveres. Necessitamos urgentemente mudar nossos valores.

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