Rodrigo Constantino
Com a vitória de Donald Trump,
mesmo após intensa e escancarada campanha feita pela mídia mainstream contra o
republicano, a grande imprensa decidiu que era preciso combater as “Fake News”,
mas não aquelas que o próprio Trump denunciava, e sim as que apoiaram o
candidato vencedor. Trata-se de um projeto dos grandes grupos de comunicação,
com ajuda de George Soros, e muita pressão para que Google e Facebook aceitem
algum tipo de filtro contra as “notícias falsas”.
Ninguém vai negar que exista
um monte de sites obscuros que, de fato, fez campanha para Trump, espalhando
mentiras. Tampouco é preciso negar alguma possível influência dos russos, a
obsessão democrata que levou até à criação de dossiês milionários aceitos de
forma pouco crítica, para dizer o mínimo, pelo jornalismo.
Mas se há mentiras do lado
“direito”, não resta a menor dúvida de que a própria mídia mainstream se
transformou numa máquina de mentiras, fazendo torcida em vez de análise. E é
essa turma que pretende, agora, combater as mentiras nas redes sociais. Quem
vigia o vigia? A raposa é um bom vigia do galinheiro, por acaso?
Daniel Greenfield escreveu um importante texto no Frontpage Mag
alertando para o risco crescente de censura na Internet em nome do combate às
“Fake News”. As “babás das notícias” querem filtrar o que pode ou não ser
publicado no Facebook e na Google, com base numa elite de jornalistas
“ungidos”. Claro, são praticamente todos de esquerda, ainda que banquem os
“isentões”, e estão dispostos até mesmo, vejam só!, a colocar ou ou outro de
direita, para garantir o verniz de imparcialidade.
Para o autor, a coisa começa a
ficar séria quando vira modelo de negócios. Steven Brill está levantando $6
milhões para lançar o News Guard, um “guardião das notícias”, unindo um time de
40 a 60 jornalistas para dar o selo de “isenção” (e eu quase escrevi
“isentão”). Para Greenfield, eles fariam o “trabalho sujo” que o Facebook e a
Google não querem fazer diretamente, por conta da imagem de plataforma
imparcial.
Não só esses “verificadores de
fatos” teriam viés de esquerda, como a própria noção do que é verdadeiro ou
falso tem o mesmo viés. Greenfield mostra alguns casos em que a checagem
ignora… os fatos, se for para proteger “minorias”. Esses sites que já fazem
checagem têm o direito à sua própria opinião, mas o problema é que eles não
querem conceder aos outros o mesmo direito.
O resultado dessa empreitada
já sabemos qual vai ser: em vez de a “babá” proteger as crianças de
pornografia, ela vai proteger os adultos de notícias incômodas, ao menos pelo
prisma da esquerda. Fora da bolha “progressista” tudo será considerado falso,
pois no contraditório relativismo exacerbado da esquerda pós-moderna, para quem
não existe verdade ou mentira, tudo que for de direita será sempre… mentira.
Ao agir dessa forma e adotar a
“babá das notícias”, o Facebook e a Google estarão tratando seus usuários como
crianças incapazes de discernir as coisas, como débeis mentais que necessitam
de tutela, da guia dos “ungidos” para atravessar o caótico universo de “Fake
News” da Internet.
Além disso, o esquerdismo é
sempre mais perigoso quando esconde sua cara. Esses sites de checagem colocam o
próprio Frontpage Mag como “politicamente de direita”, mas nenhum alerta
similar surge para definir o New York Times, tratado como imparcial, mesmo que
tenha claro viés de esquerda e tenha feito uma série de reportagens elogiosas
até mesmo ao centenário da revolução russa. O rótulo é sempre da direita
apenas.
Conhecemos bem essa tática:
tudo que não for socialismo é tachado de “ultraconservador” ou
“extrema-direita” pela imprensa, para quem extrema-esquerda não existe. A mídia
mainstream não é aberta em sua postura ideológica, simula uma imparcialidade
inexistente, mesmo quando defende de forma clara o comunismo. Já seus oponentes
são sempre “radicais de direita”. Greenfield diz:
A verificação de fatos
tornou-se um condutor para a censura. As grandes empresas de redes sociais
e de pesquisa terceirizam a verificação de fatos a terceiros e, em seguida,
desmonetizam, marginalizam e proíbem visualizações e editores de quem
esses terceiros discordam. As verificações de fatos não são mais um argumento.
Eles são o prelúdio de uma proibição.
[…]
O News Guard é um alerta
ameaçador de que a censura online está se tornando um modelo de negócios
viável, já que as grandes empresas de tecnologia buscam alguém para fazer seu
trabalho sujo para elas. Mas a censura subcontratada ainda é censura. E as
únicas pessoas impressionadas pelas credenciais dos “verificadores de fato” são
aqueles que compartilham suas políticas. Infelizmente, isso cobre a liderança
do Google e do Facebook.
A palavra-chave aqui é
“confiança”, o que essa turma quer vender, mas que anda em falta justamente na
mídia mainstream. A confiança nos principais veículos de imprensa nunca esteve
tão baixa. A CNN, por exemplo, é apelidada de Clinton News Network, tamanho o
seu viés pró-democratas. Ainda assim, as grandes empresas de tecnologia
insistem que as fontes da mídia mainstream são as únicas confiáveis. Eles
querem que o público confie neles, porque eles não confiam no público.
Greenfield conclui:
A Internet foi um
ambiente revolucionário que liberou indivíduos para fazer suas próprias
escolhas. Os blogueiros podem competir com a grande mídia. Os emails vazados
podem derrubar um governo. Mas a Internet está ficando menos livre. O acesso é
controlado por um punhado de empresas de tecnologia que ficam cada vez maiores.
Os sobreviventes das guerras em escala combinarão o cabo, o conteúdo e o
comércio de novas maneiras. E em uma cultura politizada, eles não vão apenas
sinalizar seus pontos de vista políticos, eles vão os impor. Se não lutarmos
agora, dez anos depois os conservadores serão os ratos nas paredes da Internet.
Não resta dúvida de que as
“Fake News” são um problema. Mas volto ao começo: quem vigia o vigia? Quem foi
que disse que a maior fonte de “Fake News” hoje não vem justamente da mídia
mainstream, que tenta bancar a imparcial enquanto tenta impor sua visão
limitada e ideológica de mundo?
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 10-11-2017
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