terça-feira, 20 de novembro de 2018

[Foco no fosso] Tem sonrisal aí?

Haroldo P. Barboza

Não cheguei a me surpreender com a fissura do viaduto da rodovia Marginal Pinheiros em São Paulo, agora em 2018. Por um motivo simples: as mazelas que constatamos no RJ, se replicam pelo resto do país porque nenhuma quadrilha (partido) se empenha em gerir uma administração pública benéfica ao povo que escolheu alguma sigla para equacionar nossas demandas.

No dia 1 de março de 2009 cidade do Rio de Janeiro registrou seu pálido aniversário de 444 anos. Tirando suas belezas naturais abandonadas e a fraternidade do povo local, nada a comemorar com ênfase e orgulho.

As autoridades não tinham algo a anunciar que pudesse nos servir de presente, tal como: melhoras na área da educação, saúde, segurança, trânsito, limpeza, moradia, desemprego. Ou, pelo menos, redução de impostos.

Neste domingo que deveria ser festivo, aproveitei o fato que não frequento praias lotadas em dia de imenso calor e transitei por alguns túneis (6) e viadutos (8) durante duas horas. Observei superficialmente as condições destas vias que nos espremem em dias de engarrafamentos irritantes. Fui pela manhã, pois alguns destes monumentos são conhecidos como locais de risco de assaltos após 18 horas. Não vou desabonar nenhum bairro aqui.

Efetuei um trajeto que nenhum guia turístico terá coragem de incluir em seus pacotes tal o estado de abandono criminoso destes monumentos de concreto. Se a secretaria de vias urbanas tivesse um responsável sério, ele incluiria uma vistoria trimestral (certamente tem “aspones” sobrando) por estas vias. Posso fornecer graciosamente o modelo de itens a serem verificados.

Rapidamente anotei as seguintes barbaridades que nos colocam em risco: lascas de cimento se soltando e expondo vergalhões apodrecidos. Goteiras volumosas servindo de chuveiros para mendigos. Rachaduras nas pistas prontas para rasgar pneus e provocar graves acidentes. Ladrilhos caídos na pista. Iluminação deficiente com lâmpadas fracas e mal posicionadas. Placas de sinalização mal fixadas e enferrujadas.

Eu poderia observar mais passando a pé, devagar. Mas cadê a coragem de sair do carro numa cidade onde só encontramos viaturas policiais a cada quatro horas, segundo relato de taxista conhecido meu?

Mas já deu para perceber que a manutenção destas edificações só consta das planilhas que servem de base do orçamento anual. Certamente 80% das verbas desaparecem por “túneis” suspeitos.

É de domínio público (sociedade acomodada) que as áreas de educação, saúde, segurança, moradia e limpeza regularmente sofrem “cortes” nos orçamentos. Também é sabido que as verbas (posteriormente triplicadas) para atender à realização da copa de 2014 e “olimpíada” de 2016 foram garantidas por todos os que levaram sua “comissão”.

Num breve instante planejei efetuar uma visita a umas quinze escolas públicas de meu bairro, inclusive entrevistando alunos, pais, funcionários e professores. Mas terei de driblar a obstrução que os diretores destas entidades falidas me colocarão. Creio que minha pesquisa deve demorar umas três semanas.

Quem comeu uma fatia do bolo oferecido pela Prefeitura na véspera do aniversário na Rua da Carioca, após ler este relato correu o risco de uma indigestão.
Estomacal, mental e espiritual. Não necessariamente nesta ordem.


Título, Ilustração e Texto: Haroldo P. Barboza – Vila Isabel/RJ, 20-11-2018

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