Loucura é ficar fazendo sempre a mesma coisa e esperar
resultados diferentes.
Einstein
Ufa! Quantos gatos no mesmo balaio!
Na verdade Einstein atribuiu essa frase
a Rita Mae Brown, mas ficou consagrada como dele.
Você já leu O Capital, A Ideologia
Alemã, O 18 Brumário de Luís Bonaparte, A Miséria da Filosofia, dentre a
prolífica obra de Marx? Não leu?, fez muito bem. É sinal de que você estava
cuidando de sua vida, ajudando a si próprio e aos outros. Lendo-os e ouvindo
quem os leu, ou quem nunca os leu, mas vive citando-os, poderia ter caído na
tentação e ter levado anos e anos aperreando a paciência alheia ou brincando de
reordenar o mundo, como um demiurgo enlouquecido. Li-os. Ganhei e perdi
lendo-os. Ainda bem que tomei antídotos, enquanto havia tempo, e tenho passado
os últimos quinze anos aprofundando, cada vez mais, a leitura de inspirados
pensadores, homens de grande suposição.
Marx, como todos sabem, criou o chamado
socialismo científico. Antes dele, pensava, havia um socialismo sem pé nem
cabeça, um amontoado de boas intenções. Ele teria descoberto o segredo da
história e como levar a classe operária ao paraíso. O homem não era pouca
coisa, nem padecia de modéstia. A chave de tudo estava em destruir a
propriedade privada e libertar a classe operária de um pensamento que não era
dela, era-lhe impingido pensar errado e alienadamente por uma superestrutura
erigida pela classe dominante. Neste ponto, em contradição insuperável com a
sua própria teoria, ele conseguia pensar diferentemente do que pensaria se a
sua tese estivesse certa.
Pode até não ser um sem-terra, mas, com
certeza, é um sem-barbeiro. Deixemos sua aparência em troca do que realmente
interessa, o que ele pensava. Só pensava coisa boa. Querem ver? Mãos à obra.
Os operários, um dia, tomariam o poder,
imporiam uma ditadura (Ditadura do Proletariado), aboliriam a propriedade
privada, passando todos os bens (fábricas, comércio, bancos, agricultura,
subsolo, meios de comunicação etc.) para o Estado. Daí em diante, desaparecido
o egoísmo, todos trabalhariam magnanimamente para todos, cada um dando o máximo
de sua capacidade, por mais capaz que fosse, não para o proveito pessoal, mas
em prol do interesse coletivo. Claro que a coisa não seria tão fácil. Essa
marcha, essa etapa da História não se daria sem, digamos assim, alguns, por
assim dizer, pequenos incômodos: milhões e milhões seriam mortos ou iriam para
campos de trabalho forçado, como efetivamente veio a acontecer; as crianças
sairiam da guarda e da autoridade dos pais para a guarda fria, mas correta do
Estado; só haveria um partido, um pensamento político e uma vanguarda
revolucionária de homens altamente imbuídos de sua missão histórica; o
coletivismo superaria o individualismo, todos dissolvidos no amálgama que
transformaria o homem até então existente num novo homem, livre e redivivo,
talvez a maior obra, a arte final do socialismo. Como proclamaria outro
socialista, Mussolini, na vertente fascista do espectro, “Tudo no Estado, nada
contra o Estado, e nada fora do Estado”.
Qual seria a cereja do bolo? Cumprida
essa etapa da Ditadura do Proletariado, com tudo dissolvido, tudo amalgamado no
Estado, este cairia na desnecessidade e desapareceria. Aí ingressaríamos no
Paraíso terrestre, entraríamos automaticamente no Comunismo, quando então, como
ele diz na obra A Ideologia Alemã, não haveria mais divisão do trabalho, as
pessoas teriam tudo o que precisassem e poderiam caçar pela manhã, pescar à
tarde, praticar farming ao anoitecer e se engajar em crítica literária após a
jantar... Ele só esqueceu de explicar,
apontam os críticos, quem cuidaria de trabalhar para que as pessoas vivessem
entretidas em caça, pesca, farming e tertúlias literárias.
Tentativas de implantar esse paraíso
terreno foram encetadas em países dos mais diferentes quadrantes, climas,
línguas e estágios. Nada deu certo. Tudo desmoronou sem que um só tiro fosse
disparado. O que ainda não desmoronou, ou não retornou ao velho e bom
capitalismo, como faz a China, está aí como uma espécie de museu dos horrores,
a exemplo da Coreia do Norte, Cuba e outros menos votados.
E não foi falta de estudos provando que
as teses marxistas, sobre não terem fundamentos científicos, como era
pretendido, estavam completamente equivocadas. Pensadores da mais alta
suposição refutaram as bases do marxismo, como Eugen von Bohm-Bawerk, Weber,
Ludwig von Mises, Heyek, Thomas Sowell, Friedman, Roger Scruton e tantos
outros, muitos outros.
Engraçado em tudo isso é que os
marxistas, aduladores do povo, nunca tiveram a admiração popular, seu prestígio
era e continua sendo abanado e abonado pela chamada esquerda acadêmica. Querem
a prova?
Em qual país o povo, em nome de quem os
comunistas sempre falaram e se proclamavam cavaleiros andantes, o comunismo
chegou ao poder pelo voto? Nenhum. Os militares ou milícias e exércitos
improvisados, sob a orientação de intelectuais iluminados, estiveram sempre na
base da tomada do poder. Uma vez tomado, jamais o poder voltou a ser disputado
em eleições livres. O povo é sempre olhado com suspeição e mantido sob estrito
e violento controle. Para não haver risco, os exércitos ditos vermelhos são
submetidos, como tudo mais, ao controle do partido.
A queda do Muro de Berlim e as vagas
que se sucederam derreando todo o resto do sistema no Leste europeu, por todos
nós assistido, chocou a esquerda. A grande maioria abandonou o barco, partidos
comunistas mudaram de nome e a mídia esquerdista teve que abrir espaço para as
vozes que insistiu não ouvir no passado.
Aí, pessoas que pareciam cegas
começaram a envergar algum bom senso, indumentária que, por décadas, jogaram no
canto de gavetas não visitadas. Órfãos de suas próprias ideias, desmoralizados
de suas próprias convicções, as esquerdas relutaram em jogar ao mar uma carga
de custosa manutenção, não mais comercializável no mercado das ideias, embora
pesadas demais para carregar nos próprios ombros. Começa então a reciclagem da
mercadoria encalhada, já em estado de adiantada decomposição, mediante a
militância em causas prosaicas, como a transformação dos cuidados e das
políticas em defesa do meio ambiente em estado de religião. Mas não só. Outras
bandeiras foram paulatinamente tomadas de mãos prudentes para virar
sortilégios, estado a que foram reduzidas as lutas em prol de minorias, que
eram sistematicamente desconsideradas, desrespeitadas e perseguidas nos regimes
comunistas. Com efeito, os ex-países comunistas eram tragédias ambientais (Mar
de Aral, Chernobyl, fábricas poluidoras, águas degradadas etc.) e as minorias,
a exemplo dos homossexuais, perseguidas.
Toda essa tragédia da esquerda foi
assistida em real time pelo mundo inteiro: gente sofrida fugindo pelas
fronteiras da Hungria, da Áustria e de onde mais pudesse para se ver livre
daqueles que juravam empunhar o estandarte de salvação das massas oprimidas.
De Cuba, muito mais de um milhão de
pessoas fugiram e continuam a fugir para os Estados Unidos, sede do “inferno
capitalista” e país “opressor da classe operária”. Noventa mil pessoas morreram
tentando atravessar o Estreito da Flórida em cima de qualquer coisa que
boiasse, contanto que houvesse qualquer esperança de se verem livres do carinho
dos irmãos Castro ou do conforto e fartura oferecidos em Cuba.
Essa fuga, sempre quando possível,
desses países, é conhecida como “votar com os pés”. É a atitude mais
desesperada de quem não encontra mais nenhuma razão de viver em sua própria
terra, deixando para trás familiares, amigos, “emprego certo”, mal levando a
roupa do corpo. Conheço várias pessoas nessa situação, algumas trabalham ou já
trabalharam comigo. É de dar dó.
Querem um exemplo melhor? Por que o partido
comunista russo não ganha a eleição e instala de novo o comunismo na Rússia?
Por que nas eleições parlamentares não chega a 12% dos votos? Afinal, lá foi a
pátria do socialismo, lá governaram sem oposição por setenta anos. Querem a
resposta? Por isso mesmo. E isso se passa em todos países ex-comunistas.
Pessoas já me perguntaram como é que no
Brasil, por exemplo, há milhões que apoiam e querem transplantar para o País
regimes falidos, perversos, abandonados por homens simples dos países em que
foram implantados. Sempre respondo que a mente humana ainda é, em grande parte,
uma região imperscrutável, às vezes mais desconhecida que corpos celestes a um
milhão de anos-luz da Terra. Sempre insistem que essas posições afrontam
realidades palpáveis como as reveladas pelos que continuam votando com os pés.
Um amigo da Flórida costuma apontar para o mar e me perguntar se haveria alguém
ainda em Cuba caso não fosse uma ilha e tivesse os Estados Unidos ou países
latinos por fronteira seca. Não tenho certeza, mas acho que ele tem razão.
Arremata as suas elucubrações com uma questão que está na cabeça de todos: Será
que ainda querem tentar de novo?
Realmente não sei, mas, como diz a cita
preambular, loucura é ficar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados
diferentes. Nunca podemos duvidar da estultice humana. Há sempre a
possibilidade de um maluco beleza fazer a seguinte proposta: Vamos tentar de
novo?
Título e Texto: Pedro Frederico Caldas
Colunas anteriores:
Uma grande Vergonha para os imbecis comunistas é que o seu comunismo foi feito por um Burguês-Coxinha-Judeu Kissel Mordekay, falsamente apresentado como o "filósofo alemão Karl Marx", e pelo Capitalista alemão Friedrich Engels!!! Quer dizer que dois capitalistas fizer o comunismo para a boiada proletária global!
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