When in doubt tell the truth
Mark
Twain
Parafraseando Mark Twain, como estou
sempre em dúvida, condenado estou a dizer sempre a verdade, mesmo que, como de
costume, não politicamente correta.
No geral, os livros de história não
passam de uma narrativa linear de fatos e acontecimentos tidos como relevantes.
Vou tentar ser mais específico. A forma complexa, os encadeamentos sutis e o
enlaçamento de situações ou ações que, na primeira visada, não parecem estar
imbricados, são determinantes daquilo que ganhou relevo histórico. Quando
alguém constrói um prédio de vários andares vai sobrepondo andaimes para que os
trabalhadores envolvidos no empreendimento possam erguer as diversas etapas da
obra. O arquiteto fez um projeto e um engenheiro fez os cálculos necessários
para que a o prédio não colapse no curso ou ao término da edificação. Concluída
a obra, os andaimes são retirados, as plantas e os cálculos são engavetados, os
trabalhadores, as máquinas e o material desaparecem, como se nunca tivessem
sido necessários à completitude da iniciativa.
Assim é a História. Somente as obras
mais meditadas e os autores mais argutos conseguem lançar luz sobre aquilo que
não se vê, quando se contempla aquilo que é visível. Mas não só isso. Às vezes,
há algo mais complexo para explicar as resultas do fato sabido. Por exemplo: o
que a descoberta das Américas, Brasil junto, tem a ver com a tomada de
Constantinopla pelos turcos otomanos? Tem muito a ver, mas essa vinculação fica
para uma abordagem futura, que nosso foco agora é por que esse Brasil grandão
ganhou dimensão continental e por que estamos sempre esperando alguém
providencial.
O processo de descobrimento do Novo
Mundo foi uma epopeia desencadeada por Portugal e Espanha.
Por volta de 1494, a Espanha já tinha
descoberto algumas ilhas caribenhas, e Portugal, o arquipélago de Cabo Verde.
Nesse mesmo ano, ambos os países assinaram um tratado que levou o nome da
cidade de Tordesilhas, da Espanha, onde celebrado, traçando uma linha
imaginária, no sentido Norte-Sul, a 370 léguas a Oeste das ilhas de Cabo Verde.
O que daí em diante fosse descoberto a Oeste dessa linha pertenceria à Espanha,
a leste, Portugal. A permanecer tal divisão, a Portugal somente caberia mais ou
menos o que hoje identificamos como o Nordeste brasileiro, pois a linha traçada
de polo a polo atingiria o país que veio a ser chamado Brasil a leste da foz do
Amazonas, caindo como um raio na altura do Rio de Janeiro. Isso quer significar
que, a se manter aquele status quo, seríamos hoje um nordestão.
Acontece que a história das conquistas
territoriais é feita pela abnegada determinação de muitos, mas também por
acontecimentos verdadeiramente aleatórios, às vezes prosaicos.
Vamos ver? Se é assim, então vamos.
D. Sebastião, rei de Portugal, educado
pelos jesuítas, se envolve numa aventura militar no Marrocos para dar combate
aos mouros, à frente de um exército que tinha tudo para dar errado, como acabou
acontecendo. Portugal perde a batalha, a nata da nobreza e o rei, que se lançou
à peleja açodado, respondendo, quando a batalha já se exibia perdida para os
portugueses, às advertências prudenciais dos assessores de que deveria
render-se, com a frase inflamada, imprudente e profética de que “A liberdade
real só há de perder-se com a vida”. A despeito do arrobou oratório, aduziu,
lusitanamente, na ora extrema da batalha intensa, “Morrer sim, mas devagar”.
Morto sem que o corpo tenha sido
recuperado ou visto, virou lenda. O seu ansiado retorno varejou os anos de
espera angustiosa para o bravo povo lusitano, vindo tal espera a consubstanciar
aquilo que a história registra como “sebastianismo”, fenômeno de massas
transubstanciado na eterna espera de alguém considerado providencial para a
reassunção da liderança ou comando já exercido. O tempo de espera vai passando
e as pessoas dizendo umas para as outras: “Ele voltará”. Esse fenômeno está
sempre a assombrar a história. Temo-lo com o rei Artur, na Inglaterra, com
Frederico Barbarossa, na Alemanha, e, também, de forma caricata, na Argentina,
com Peron, no movimento “Queremista” (Queremos Getúlio!), no Brasil, e....
Deixemos esta parte para mais adiante porque, se prestarem atenção, adoramos um
sebastianismo, esperamos sempre que alguém venha nos governar de forma
providencial, como um ungido a resolver nossos problemas, embora isso sempre
redunde em desastre.
O fato é que a morte de D. Sebastião,
sem a deixa de filhos, implicou a ascensão ao trono, em 1578, de um seu tio,
monge e também sem filhos, falecido dois anos depois, abrindo mais uma vez a
sucessão do trono, que não tinha herdeiros diretos e incontestáveis. Parentes
reivindicantes havia vários, mas acontece que Felipe II de Espanha, então no
trono de Castela, era sobrinho do finado rei português D. Manuel, O Venturoso,
tão conhecido nosso porque era o rei de Portugal ao tempo do nosso
descobrimento. Para encurtar o “causo”, sob a ação das tropas aguerridas do
temido duque de Alba, Felipe II de Espanha, filho do poderoso Carlos V de
Habsburgo, dono de cerca de metade da Europa, assume o trono português como
Felipe I, de Portugal, em 1570, e unifica os dois países. É dizer, Portugal,
absorvido pela Espanha, vê encerrar-se a Dinastia de Avis e começar a dos
Habsburgos.
Qual a consequência que interessa a nós
brasileiros? Ora, como passamos a pertencer a Espanha, desaparece, por
conseguinte, a efetividade da linha imaginária do Tratado de Tordesilhas.
O desaparecimento da linha imaginária,
embora não tenha sido determinante, já facilitou o nosso processo de expansão
que, como de ordinário, sempre se dá por fatos consumados, segundo o princípio
do direito privado romano do uti
possidetis, ita possidetis (quem possui de fato, deve possuir de direito).
O resto é a história que todos
conhecemos: homens de coragem indômita, movidos pelos mais diversos interesses
(o mercado, ele sempre presente!)
empurram as fronteiras rio acima, para além das florestas e serras tidas por
impenetráveis ou intransponíveis, a despeito de índios aguerridos, endemias,
feras, serpentes, recursos escassos, formando um exército de bandeirantes,
também de pioneiros, enfim, homens em busca da realização de um destino, com
coragem e determinação de afrontar a tudo e a todos para a realização do
interesse de cada um, pouco importando para a História os desideratos
individuais, que as grandes conquistas e o forjamento de grandes nações só se
sedimentam, ao longo do tempo histórico, pela têmpera dos fortes. Ou seja, a pulso
e a muque impuseram o uti possidetis para,
ao depois, novos tratados e convenções, formulados por homens de punho renda,
transformarem o fato em ita possidetis.
Como gente fraca não faz um país forte, nunca devemos temer o elogio da força e
da determinação daqueles que nos legaram o Brasil que temos, a exemplo da
última epopeia, a conquista do Acre, protagonizada por Plácido de Castro e seus
caboclos seringueiros, a despeito da má vontade dos homens de estado. Devemos
ter sempre presente que a história da construção das grandes nações não
comporta tribunais, embora figuras gentis, afetadas, engomadas e perfumadas,
sempre cavalgando ideologias estranhas e um fraseado politicamente correto
tentem criá-los, aqui e ali, sentados confortavelmente em mesas de bares e em
programas de televisão, com ar condicionado a vinte e dois graus e carro com
motorista na porta.
E daí? O que isso tem a ver com os dias
que correm. Por que essa mistura de Tratado de Tordesilhas e Sebastianismo? É
fácil de entender. Coloquemos os andaimes de volta, desengavetemos os projetos
e os cálculos e veremos que não existe obra acabada sem tudo isso. Mas, como se
trata de dois temas aparentemente diversos, haveremos de ter dois epílogos.
Epílogo
I:
No tribunal do Leblon-Ipanema, o reduto
mais sofisticado da chamada “esquerda caviar”, pessoas extremamente motivadas
para julgar nossa história, marinistas presentes, decretam, entre uma taça de
champanhe e uma dose de whisky, que os índios foram espoliados e que os
fazendeiros deveriam abdicar de suas terras porque tudo o que foi “tomado” dos
índios deveria lhes ser devolvido, como, por exemplo, aconteceu em Pau Brasil,
no Sul da Bahia. Acontece que, um estraga-prazer, sentado à mesa ao lado,
lembra que aquele local, onde aquele grupo de lordes bebericava e expedia
sentenças, pertencera aos índios tupinambás, portanto... Justo então, alguém do
grupo, com ares de socialite, prolata, para acabar a discussão, que tomara um
rumo não querido, pela intromissão de um terceiro, uma desconformidade em
termos de sentença interjetiva: “Geeeente!”.
Epílogo
II:
Em outra mesa, inconformados pelo
apeamento de Dilma, estão sentados um jovem e famoso ator de cinema e
televisão, uma jovem atriz do mesmo ramo e também famosa e uma velha professora
de filosofia, que detesta a classe média a que pertence, cujas fisionomias e
palavras revelavam certo abatimento e desesperança. Eis que que entra no bar e
a eles se dirige famoso compositor e cantor, por cuja janela o tempo passou sem
que ele visse. Encara-os com aqueles famosos olhos azuis, nariz poderoso,
dentes de roedor e rosto profundamente vincado, como a revelar um prematuro
envelhecimento. Verga-se um pouco e sussurra, convicto, aos ouvidos, para
animar o trio abatido: “Ele voltará”.
Título e Texto: Pedro Frederico Caldas
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Só sei que a historia desde a descoberta do Brasil até segundos atrás fez dos brasileiros PHD nos sentidos. Sentimos cheiro de vigaristas no ar. Simples assim. Portanto, como no texto apresentado mostramos que não somos trouxas.
ResponderExcluirO comunismo foi engendrado no Ocidente liberasta, num clube esportivo de burgueses ou coxinhas e comunistas caviar como estes no Leblon-Ipanema, aí o exemplo: O primeiro Manifesto Comunista foi feito em Londres em 1848, pelos coxinhas burgueses Marx e Engels. Esses mesmos comunas caviar promoveram a primeira Internacional Comunista em 1864. Mais tarde em Paris, em 1871, realizou-se a primeira Comuna Comunista e também em Paris, outros comunas caviar fundaram a segunda Internacional Socialista em 1889. A canção, ou o hino comunista chamado de Internacionala Comunista (em francês: L'Internationale) é o hino da tirania comunista internacional feito por dois vagabundos anarquistas que nunca trabalharam. A letra original da canção foi escrita em francês em 1871 pelo anarquista Eugène Pottier (1816-1887), que havia sido um dos membros da Comuna de Paris. Em 1888, o anarquista belga Pierre De Geyter (1848–1932) transformou o poema em música. Conclusão: O comunismo nasceu, cresceu, se criou, se educou e se desenvolveu no Ocidente! TODOS OS PARTIDOS COMUNISTAS FORAM FEITOS POR BURGUESES-COXINHAS ITELECTUALÓIDES E NÃO POR TRABALHADORES!!! Por isso posso dizer em voz alta: Os coxinhas-burgueses inventaram a coisa mais repugnante inventada pela humanidade:Comunismo!
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