Não cheguei a me surpreender com a
fissura do viaduto da rodovia Marginal Pinheiros em São Paulo, agora em 2018.
Por um motivo simples: as mazelas que constatamos no RJ, se replicam pelo resto
do país porque nenhuma quadrilha (partido) se empenha em gerir uma
administração pública benéfica ao povo que escolheu alguma sigla para
equacionar nossas demandas.
No dia 1 de março de 2009 cidade do
Rio de Janeiro registrou seu pálido aniversário de 444 anos. Tirando suas
belezas naturais abandonadas e a fraternidade do povo local, nada a comemorar
com ênfase e orgulho.
As autoridades não tinham algo a
anunciar que pudesse nos servir de presente, tal como: melhoras na área da
educação, saúde, segurança, trânsito, limpeza, moradia, desemprego. Ou, pelo
menos, redução de impostos.
Neste domingo que deveria ser festivo,
aproveitei o fato que não frequento praias lotadas em dia de imenso calor e
transitei por alguns túneis (6) e viadutos (8) durante duas horas. Observei
superficialmente as condições destas vias que nos espremem em dias de
engarrafamentos irritantes. Fui pela manhã, pois alguns destes monumentos são
conhecidos como locais de risco de assaltos após 18 horas. Não vou desabonar
nenhum bairro aqui.
Efetuei um trajeto que nenhum guia
turístico terá coragem de incluir em seus pacotes tal o estado de abandono
criminoso destes monumentos de concreto. Se a secretaria de vias urbanas
tivesse um responsável sério, ele incluiria uma vistoria trimestral (certamente
tem “aspones” sobrando) por estas vias. Posso fornecer graciosamente o modelo
de itens a serem verificados.
Rapidamente anotei as seguintes
barbaridades que nos colocam em risco: lascas de cimento se soltando e expondo
vergalhões apodrecidos. Goteiras volumosas servindo de chuveiros para mendigos.
Rachaduras nas pistas prontas para rasgar pneus e provocar graves acidentes.
Ladrilhos caídos na pista. Iluminação deficiente com lâmpadas fracas e mal
posicionadas. Placas de sinalização mal fixadas e enferrujadas.
Eu poderia observar mais passando a
pé, devagar. Mas cadê a coragem de sair do carro numa cidade onde só
encontramos viaturas policiais a cada quatro horas, segundo relato de taxista
conhecido meu?
Mas já deu para perceber que a
manutenção destas edificações só consta das planilhas que servem de base do
orçamento anual. Certamente 80% das verbas desaparecem por “túneis” suspeitos.
É de domínio público (sociedade
acomodada) que as áreas de educação, saúde, segurança, moradia e limpeza
regularmente sofrem “cortes” nos orçamentos. Também é sabido que as verbas
(posteriormente triplicadas) para atender à realização da copa de 2014 e
“olimpíada” de 2016 foram garantidas por todos os que levaram sua “comissão”.
Num breve instante planejei efetuar
uma visita a umas quinze escolas públicas de meu bairro, inclusive
entrevistando alunos, pais, funcionários e professores. Mas terei de driblar a
obstrução que os diretores destas entidades falidas me colocarão. Creio que
minha pesquisa deve demorar umas três semanas.
Quem comeu uma fatia do bolo oferecido
pela Prefeitura na véspera do aniversário na Rua da Carioca, após ler este
relato correu o risco de uma indigestão.
Título, Ilustração e Texto: Haroldo P. Barboza – Vila Isabel/RJ,
20-11-2018
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