Maria Lucia Victor Barbosa
Nas eleições de 2018, certos
fatos chamaram atenção. Primeiro, Institutos de pesquisa contratados por
importantes jornais e TVs erraram feio.
Cito para ilustrar dois candidatos ao senado, Roberto Requião, no
Paraná, Dilma Rousseff, em Minas Gerais, que atravessaram a campanha, segundo
pesquisas, em primeiro lugar e acabaram amargando fragorosa derrota.
Segundo fato, o equívoco de
candidatos e exemplifico com Geraldo Alckmin (PSDB). Tendo o maior tempo de
televisão, maiores recursos financeiros, o apoio do chamado Centrão, exibiu um
péssimo marketing e atacou quem não devia, o candidato Jair Messias Bolsonaro,
inclusive, quando este se encontrava hospitalizado em estado crítico por conta
da facada que lhe foi desferida em Juiz de Fora
por um matador de aluguel.
Alckmin não enfrentou o PT por
um motivo bem simples: tucanos amam o presidiário Lula.
Recorde-se ainda, que o
candidato do PSDB com mais chances de chegar ao segundo turno, João Dória, foi
abatido por seu próprio partido capitaneado por Fernando Henrique Cardoso. Este
fortaleceu a candidatura de Alckmin para depois se encantar com o apresentador
de TV, Luciano Huck e, posteriormente, se apaixonar por Marina Silva.
Enquanto o presidiário injetava
força e ordens no chamado poste, Fernando Haddad, Ciro Gomes tentava adocicar
sua violência verbal e os demais candidatos faziam o que podiam. Tudo em vão.
Pois apenas Bolsonaro havia entendido que o povo estava farto do PT, do
politicamente correto, da corrupção dos falsos salvadores da pátria.
Ao final, a verdade das urnas
desmentindo os institutos de pesquisa, que apontavam Bolsonaro como derrotado
por todos os candidatos no segundo turno. Ele ganhou com impressionantes quase
58 milhões de votos, arrastando para a vitória candidatos ao governo e
postulantes a outros cargos.
Agora acontece a fase da
transição e nunca se viu um presidente tão cobrado. Cobra-se dele, mesmo antes
de ser empossado, a reforma da Previdência, a Tributária, etc. E suas indicações
para os ministérios são veementemente criticadas, apesar da excelência das
escolhas a começar por Sérgio Moro, este baluarte da Justiça. Parece até que
Bolsonaro leu “O Príncipe”, obra do notável mestre das realidades do poder,
Nicolau Maquiavel, que afirmou:
“A escolha dos ministros por
um príncipe não tem pouca importância”. “A primeira impressão que se tem de um
governante e de sua inteligência é dada pelos homens que o cercam”. “Quando
estes são competentes e leais pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois
foi capaz de reconhecer a capacidade e de manter a fidelidade”.
O presidente Bolsonaro tem
sido coerente, criterioso e cuidadoso em suas escolhas, indicando os mais
melhores. Mas, como disse alguém, “mesmo que ele indicasse Jesus Cristo para um
ministério Este seria criticado”.
As críticas mais ácidas no
momento são despejadas sobre Ernesto Araújo, escolhido como ministro das
Relações Exteriores e Ricardo Vélez Rodríguez, para o ministério da Educação.
Vejamos rapidamente o que foi
considerado pela esquerda, notadamente o PT, como os grandes “pecados” de
ambos:
Araújo, crítico do PT e do
“globalismo” (que é diferente de globalização), é admirador do Trump e citou
Deus. Isto provocou enorme rebuliço e frêmitos de indignação nas hostes da
esquerda.
Não me lembro de críticas a
Celso Amorim, ministro fake, pois o
verdadeiro chanceler da época petista foi Marco Aurélio Garcia que exerceu sua
influência maléfica para que o Brasil apoiasse os piores ditadores, a escória
mundial, na contramão dos Direitos Humanos. Foi um tempo vergonhoso para o
Brasil em termos de política internacional.
Quanto a Vélez Rodríguez é
também um “blasfemo”. Ele fala em valores, família, é antipetista, menciona
Deus, é contra a ideologia de gênero e a favor da escola sem partido.
Pejorativamente é chamado de colombiano, apesar de ser naturalizado brasileiro,
ter esposa brasileira e filho brasileiro. Jamais tomei conhecimento de alguém
chamar o ex-ministro Mantega de italiano. Sobre a excelente qualidade
intelectual do professor Vélez, sobre suas obras, muito pouco é dito.
De todo modo, tanto o chanceler
quanto o professor ressoam não só o pensamento do presidente Bolsonaro, quanto
o de quase 58 milhões de brasileiros.
Concordo com o pensamento
liberal de Vélez Rodríguez e sobre ideologia de gênero já escrevi a respeito,
podendo voltar ao tema. Quanto à escola sem partido, quer dizer, na verdade,
quebra da hegemonia petista, notadamente nas universidades, onde o objetivo
costuma ser não é o de formar cientistas ou profissionais liberais, mas
doutrinar futuros convertidos ao PT para assim fortalecer os desígnios de poder
do partido.
Para terminar invoco as
palavras do sociólogo Max Weber: “A tarefa do professor é servir aos alunos com
seu conhecimento e experiência e não lhes impor suas opiniões políticas
pessoais”.
Título e Texto: Maria Lucia é socióloga e professora.
27-11-2018
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