Escrito por Jonah Goldberg, em
2008. Um dos livros mais vendidos em
2008, segundo o New York Times. Traduzido e publicado em 2009 pela
Editora Record. Adorei. Bombástico!
A Esquerda detestou e, como
sói acontecer, desata em insultar o livro e/ou o autor.
Leiamos o que está nas
‘orelhas’ desta edição da Record:
“FASCISMO DE ESQUERDA oferece uma perspectiva nova e impressionante
sobre as teorias e práticas que definem a política fascista. Ao escrutinar mitos convenientemente
fabricados e substituí-los por dados de pesquisa e resultados esclarecedores,
Jonah Goldberg nos lembra de que os fascistas originais estavam, de fato, à
esquerda, e que liberais desde Woodrow Wilson até Hillary Clinton têm defendido
políticas e princípios notavelmente semelhantes àqueles do nacional-socialismo
de Hitler e do fascismo de Mussolini.
Ao contrário do que pensa a
maior parte das pessoas, os nazistas eram fervorosos socialistas. Eles acreditavam
em serviços de saúde gratuitos e empregos garantidos. Confiscaram heranças dos
ricos e despenderam grandes somas com a educação pública. Removeram a Igreja da
política pública, promoveram uma nova forma de espiritualidade pagã e inseriram
a autoridade do Estado em todos os cantos da vida diária.
Eles eram contra o livre
mercado e forneceram generosas pensões aos idosos. Os nazistas foram líderes
mundias em agricultura orgânica e medicina alternativa. Hitler era um vegetariano
convicto, e Himmler, um ativista que defendia os direitos dos animais.
É difícil negar que o
progressismo moderno e o fascismo clássico partilhavam as mesmas raízes intelectuais.
Com frequência esquecemos, por exemplo, que Mussolini e Hitler tinham muitos
admiradores nos Estados Unidos.
Neste fascinante e
controvertido livro, Jonah Goldberg vira pelo avesso nossos preconceitos e
mostra o verdadeiro significado do fascismo liberal de esquerda.
O primeiro capítulo, páginas 35 a 39:
Mussolini: o pai do fascismo
Você é o máximo!
Você é o Grande Houdini!
Você é o máximo!
Você é Mussolini!
- Versão anterior da música de
Cole Porter "You're the top"
Se alguém se guiasse somente
pelo que lê no New York Times ou no New York Review of Books, ou pelo que
aprendeu com Hollywood, seria perdoado por pensar que Benito Mussolini chegou
ao poder mais ou menos na mesma época que Adolf Hitler - ou até um pouco mais
tarde - e que o fascismo italiano era meramente uma versão tardia, aguada, do
nazismo. A Alemanha aprovou suas odiosas políticas raciais - as Leis de
Nuremberg - em 1935, e a Itália de Mussolini a seguiu em 1938. Os judeus
alemães foram levados para campos de concentração em 1942, e os judeus na
Itália foram levados para campos de concentração em 1943. São poucos os
escritores que mencionam casualmente, entre parênteses, que, até a Itália
aprovar suas leis raciais, na realidade havia judeus trabalhando no governo
italiano e no Partido Fascista. E, de tempos em tempos, pode-se encontrar uma
concordância com a exatidão histórica quando alguém indica que os judeus só
foram aprisionados depois que os nazistas invadiram o norte da Itália e criaram
um governo títere em Saló. Mas, em geral, tais fatos inconvenientes são postos
de lado o mais rapidamente possível. O mais provável é que nossa compreensão
dessas questões venha de filmes de sucesso como A vida é bela,2 que pode ser
resumido assim: o fascismo chegou à Itália e, poucos meses depois, chegaram os
nazistas, que amontoaram os judeus em vagões e os levaram embora. Quanto a
Mussolini, era um ditador bombástico, com aparência ridícula, mas altamente
eficiente, que fez com que os trens passassem a andar no horário.
Tudo isso significa passar o
filme de trás para frente. À época em que a Itália relutantemente aprovou suas
vergonhosas leis raciais - que foram postas em prática com um grau de
barbaridade nem de longe parecido com o exibido pelos nazistas -, já haviam
transcorrido mais de três quartas partes do reinado do fascismo italiano.
Dezesseis anos se passaram entre a Marcha sobre Roma e a aprovação das leis
raciais italianas. Começar com os judeus quando se fala de Mussolini é o mesmo
que começar pelo confinamento dos japoneses ao falar de FDR: boa parte da
história é deixada para trás. Durante toda a década de 1920 e na maior parte da
seguinte, fascismo significou algo muito diferente de Auschwitz e Nuremberg.
Antes de Hitler, de fato, nunca ocorrera a ninguém que o fascismo tivesse
alguma coisa a ver com antissemitismo. A rigor, Mussolini era apoiado não
apenas pelo principal rabi de Roma, mas por uma parte substancial da comunidade
judaica italiana (e da comunidade judaica mundial também). Além disso, os
judeus estavam super-representados no movimento fascista italiano desde a sua
fundação, em 1919, até serem expulsos, em 1938.
Questões raciais de fato
ajudaram a mudar o rumo da opinião pública americana a respeito do fascismo.
Mas isso não tinha nada a ver com os judeus. Quando Mussolini invadiu a
Etiópia, os americanos finalmente começaram a se voltar contra ele. Em 1934, a
canção de sucesso de Cole Porter "You're the top" não provocou nem ao
menos uma palavra de controvérsia a respeito do verso: "Você é
Mussolini!" Quando Mussolini invadiu aquele pobre, mas nobre, reino
africano no ano seguinte, isso danificou sua imagem irremediavelmente, e os
americanos decidiram que já tinham visto o bastante. Aquela era a primeira
guerra de conquista empreendida por uma nação europeia ocidental depois de mais
de uma década, e os americanos ficaram claramente insatisfeitos, especialmente
os liberais e os negros. Ainda assim, foi um processo lento. O Chicago Tribune
inicialmente apoiou a invasão, bem como repórteres como Herbert Matthews.
Outros afirmaram que seria hipocrisia condená-la. O New Republic - que estava
no auge de sua fase pró-soviética - acreditava que seria "ingênuo"
responsabilizar Mussolini quando o verdadeiro culpado era o capitalismo
internacional. E não foram poucos os americanos preeminentes que continuaram a
apoiá-lo, embora discretamente. O poeta Wallace Stevens, por exemplo, continuou
pró-fascista. "Eu sou pró- Mussolini, pessoalmente", escreveu a um
amigo. "Os italianos", explicou, "têm tanto direito de tomar a
Etiópia dos crioulos quanto tinham os crioulos de tomá-la das jiboias
constritoras."3 Mas, com o tempo, principalmente devido à sua subsequente
aliança com Hitler, a imagem de Mussolini ficou cada vez mais desgastada.
Isso não significa dizer que
ele não tenha levado vantagens.
Em 1923, o jornalista Isaac F.
Marcosson escreveu no New York Times, em tom de admiração, que "Mussolini
é o Roosevelt latino que primeiro age e só depois procura saber se é legal. Ele
tem sido de grande ajuda para a Itália".4 A Legião Americana, que, durante
quase toda a sua história, tem se destacado por ser uma grande e generosa
instituição, foi fundada no mesmo ano em que Mussolini tomou o poder, e, em
seus primeiros tempos, buscou inspiração no movimento fascista italiano.
"Não se esqueçam", declarou naquele ano o comandante nacional da Legião,
"de que os membros do Partido Fascista são para a Itália o que a Legião
Americana é para os Estados Unidos."5
Em 1926, o humorista americano
Will Rogers visitou a Itália e entrevistou Mussolini. Ele disse ao New York
Times que Mussolini era "um tipo de carcamano". "Eu estou muito
entusiasmado com essa figura." Rogers, a quem o National Press Club havia
informalmente apelidado de "embaixador itinerante dos Estados
Unidos", escreveu a reportagem para o Saturday Evening Post. Ele concluiu:
"O governo ditatorial é a melhor forma de governo que existe: quer dizer,
desde que você tenha o ditador certo."6 Em 1927, o editor do Literary
Digest fez uma pesquisa perguntando: "Existe escassez de grandes
homens?" Dentre os grandes homens apontados para refutar a pergunta, o
mais votado foi Benito Mussolini - seguido de Lenin, Edison, Marconi e Orville
Wright (um dos inventores do avião), com Henry Ford e George Bernard Shaw
empatados em sexto lugar. Em 1928, o Saturday Evening Post glorificou ainda
mais Mussolini, publicando uma autobiografia do Duce em oito capítulos. A série
recebeu um acabamento especial e virou um livro que entrou para a história como
um dos maiores adiantamentos já pagos a um editor americano.
E por que não haveria o
americano médio de pensar que Mussolini era um grande homem? Winston Churchill
o havia chamado de o maior legislador vivo do mundo. Sigmund Freud enviou a
Mussolini uma cópia de um livro que escrevera junto com Albert Einstein, com a
dedicatória "Para Benito Mussolini, de um velho que saúda o Governante, o
Herói da Cultura". Os titãs da ópera, Giacomo Puccini e Arturo Toscanini,
estavam entre os primeiros acólitos fascistas de Mussolini. Toscanini foi um
dos primeiros membros do círculo do Partido Fascista de Milão, que conferia a
seus integrantes uma aura de autoridade e precedência semelhante à dos membros
do Partido Nazista nos tempos do Putsch da Cervejaria. Toscanini foi candidato
ao parlamento italiano numa chapa fascista em 1919 e só foi repudiar o fascismo
12 anos depois.7
Mussolini era um herói
especial dos muckrakers - aqueles jornalistas liberais progressistas dedicados
a denunciar corrupções e escândalos e a defender os interesses do homem comum.
Quando Ida Tarbell, a famosa repórter cujo trabalho ajudou a derrubar a Standard
Oil, foi enviada à Itália em 1926 pela revista McCall's para escrever uma série
sobre a nação fascista, o Departamento de Estado dos Estados Unidos temeu que
aquela "radical bastante vermelha" pudesse escrever apenas
"violentos artigos anti- Mussolini". Tais receios eram infundados.
Ida foi cortejada pelo homem que ela chamou de "um déspota com
covinhas" e louvou sua atitude progressista com relação aos trabalhadores.
Igualmente atraído ficou Lincoln Steffens, outro famoso muckraker, que talvez
seja vagamente lembrado nos dias de hoje como o homem que retornou da União
Soviética declarando: "Estive no futuro, e funciona." Pouco depois
daquela declaração, ele fez outra a respeito de Mussolini: Deus havia
"criado Mussolini a partir de uma costela da Itália". Conforme
veremos, Steffens não via nenhuma contradição entre seu gosto pelo fascismo e
sua admiração pela União Soviética. Até Samuel McClure, o fundador do McClure's
Magazine, o lar de tantos muckrakers famosos, apoiou o fascismo depois de
visitar a Itália. Ele o saudou como "um grande passo adiante e o primeiro
novo ideal de governo desde a fundação da República americana".8
Enquanto isso, quase todos os
jovens intelectuais e artistas italianos mais famosos e admirados eram
fascistas ou simpatizantes (a mais notável exceção foi o crítico literário
Benedetto Croce). Giovanni Papini, o "pragmático mágico" tão admirado
por William James, estava profundamente envolvido nos vários movimentos
intelectuais que criaram o fascismo. Seu A história de Cristo - um tour de
force turbulento, quase histérico, relatando sua aceitação do cristianismo -
causou sensação nos Estados Unidos no início da década de 1920. Giuseppe
Prezzolini, frequente colaborador do New Republic que um dia haveria de se
tornar um respeitado professor na Universidade de Colúmbia, foi um dos
primeiros arquitetos literários e ideológicos do fascismo. F. T. Marinetti, o
fundador do movimento Futurista - que na América era visto como um companheiro
artístico do Cubismo e do Expressionismo -, foi instrumental para fazer do
fascismo italiano o primeiro "movimento jovem" bem-sucedido do mundo.
O establishment educacional americano estava profundamente interessado nos
avanços da Itália sob o notável "mestre-escola" Benito Mussolini -
que, de fato, havia sido professor.
Talvez nenhuma instituição de
elite na América tenha se acomodado ao fascismo tanto quanto a Universidade de
Colúmbia. Em 1926, ela criou a Casa Italiana, um centro de estudos da cultura
italiana e cenário para palestras de acadêmicos italianos preeminentes. Era a
"genuína casa do fascismo na América" e uma "escola para os
ideólogos fascistas que despontavam", de acordo com John Patrick Diggins.
O próprio Mussolini havia contribuído com alguns móveis barrocos para a Casa
Italiana e enviado ao presidente da universidade, Nicholas Murray Butler, uma
foto autografada agradecendo sua "grande e valiosa contribuição" para
a promoção do entendimento entre a Itália fascista e os Estados Unidos.9
Butler, pessoalmente, não era um defensor do fascismo para a América, mas
acreditava que estava de acordo com os melhores interesses do povo italiano e
que havia sido um sucesso muito real que merecia ser estudado. Essa distinção
sutil - o fascismo é bom para os italianos, mas talvez não o seja para a América
- era feita por uma grande variedade de destacados intelectuais liberais,
posição muito parecida com a de alguns liberais que defendem o
"experimento" comunista de Fidel Castro.
Relacionados:
O texto acima ,é explicitamente um marketing do fascismo, e da esquerda radical,
ResponderExcluirpoderia ser também da direita radical igualmente!
Um elogio explícito ao fascismo ,que deve ser alvo de repulsa seja de direita ou de esquerda .
Seja lá o que isto signifique!
A técnica usada no texto se assemelha a uma das variações da psicologia reversa (Psicologia reversa é o nome de uma técnica de persuasão, onde o objetivo pretendido é apresentado de modo contrário ao que realmente se deseja.).
Se pegar o leitor menos esclarecido e desavisado, ficará convencido de que não entendeu as entrelinhas.
Senão vejamos , em várias partes do texto o autor tece loas ao fascismo e a Mussolini , como se esta ideologia fosse capaz de criar um mundo quase ideal .
Vide partes do texto pinçadas ,sutilmente disfarçadas , e mais havia , mas estas já dizem o que pretendemos.
Os fascistas e mussolini;
Eles acreditavam em serviços de saúde gratuitos e empregos garantidos. Confiscaram heranças dos ricos e despenderam grandes somas com a educação pública.
Removeram a Igreja da política pública, promoveram uma nova forma de espiritualidade pagã e inseriram a autoridade do Estado em todos os cantos da vida diária.
... forneceram generosas pensões aos idosos. Os nazistas foram líderes mundiais em agricultura orgânica e medicina alternativa.
Hitler era um vegetariano convicto, e Himmler, um ativista que defende os direitos dos animais.
Mussolini, era um ditador bombástico, com aparência ridícula, mas altamente eficiente, que fez com que os trens passassem a andar no horário.
A rigor, Mussolini era apoiado não apenas pelo principal rabino de Roma, mas por uma parte substancial da comunidade judaica italiana (e da comunidade judaica mundial também).
Além disso, os judeus estavam super-representados no movimento fascista italiano desde a sua fundação, em 1919, até serem expulsos, em 1938.
Winston Churchill o havia chamado de o maior legislador vivo do mundo.
Sigmund Freud enviou a Mussolini uma cópia de um livro que escrevera junto com Albert Einstein, com a dedicatória "Para Benito Mussolini, de um velho que saúda o Governante
Mussolini era um herói especial dos muckrakers - aqueles jornalistas liberais progressistas dedicados a denunciar corrupções e escândalos e a defender os interesses do homem comum.
Então fica o dito por não dito , e alertado ficamos que ideologia cada um tem a sua, mesmo quando afirma exatamente o contrário!
Paizote
Qualquer semelhança pode não ser mera coincidência!
ResponderExcluirhttps://www.significados.com.br/caracteristicas-do-fascismo/
Paizote
Relendo.
ResponderExcluirOs capítulos finais são bombásticos, divertidos, contra a elite fascista de esquerda.
ResponderExcluirTHE NEW YORK TIMES
A espera pelo livro valeu a pena. Ele se tornou um dos maiores best-sellers sobre política nos EUA.
THE ECONOMIST
Brilhante, criterioso e essencial.
NEW YORK SUN
O autor traz elementos históricos que desmontam de vez a narrativa de que o fascismo é de "direita".
ResponderExcluirObra que jamais estará nas bibliotecas das faculdades brasileiras, inundadas de militantes esquerdistas travestidos de profissionais da educação, em sua grande maioria; fará uma análise desse assunto, fascismo, muito antes de acontecer na Itália com o Mussolini; mostrará a base socialista de Mussolini e os principais intelectuais do fascismo, que de direita só tem a manipulação histórica, também conhecida como enquadramento.
No livro, também encontrará elementos que desmentem a ideia de que Nazismo é da extrema "direita"; nada está tão longe da realidade. Nazismo é socialismo. (Nacional Socialismo).
Se ainda lhe resta alguma dúvida de que o Fascismo NÃO É de direita, este livro o ajudará a concretar de vez essa falsa ideia.
Milton, Brasil, 7 de junho de 2021
Biblioteca do Consta: A revolução dos bichos e o Fascismo de Esquerda
ResponderExcluirReleitura concluída. Livro recomendado!
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