terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"Lula é o auto-erotismo político"

Escultura de Auguste Rodin, O Beijo, 1886

Leiam o que informa Carmem Pompeu, na Agência Estado. O mais interessante vem depois do entretítulo “Ministério”:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que se não houver corte no Orçamento para 2011, como recomendou o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), a presidenta eleita, Dilma Rousseff, terá de contingenciar. “Toda vez que o Orçamento vai para o Congresso Nacional, normalmente os deputados querem mais verbas do que o governo previu. Muitas vezes, nós atendemos. Mas, como na realidade a prática é diferente da teoria, quando chegar a um determinado mês do ano, a presidente Dilma vai ter de fazer corte do orçamento. Vai ter que contingenciar. Se não for real o aprovado com o arrecadado, vai ter que contingenciar”, disse Lula. O presidente visitou hoje o canteiro de obras da transposição do Rio São Francisco, na Serra do Braga, em São José de Piranhas (PB), próximo à divisa entre Ceará e Paraíba.
Apesar do ministro do Planejamento ter recomendado corte de R$ 8 bilhões na proposta do Orçamento de 2011, o relator na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), conseguiu aprovar ontem à noite aumento de R$ 4,713 bilhões na previsão de receitas, na Comissão Mista do Orçamento. Essa é a segunda atualização feita pelo deputado. Na primeira, divulgada em novembro, ele havia ampliado as receitas em R$ 17,7 bilhões. Com isso, o Congresso terá R$ 22,4 bilhões a mais para determinar gastos do que previa a equipe econômica, inflando as pressões por novas despesas e jogando para o governo a responsabilidade de fazer cortes.

Ministério
Com relação à composição do ministério do novo governo, Lula disse que terá a cara da Dilma e que a presidente eleita terá facilidade em governar o País porque o projeto tocado por ele até agora tem Dilma como principal executora. “Não é projeto meu. É projeto dela. Dilma terá muita facilidade. Outro dia, vi um jornalista dizer: ”Ah, mas a Dilma está colocando muita gente do governo do Lula. Não era do governo do Lula. Era do governo dela”. Eu digo sempre o seguinte: a Dilma se reuniu mais com o Guido Mantega do que eu; ela se reuniu mais com o Paulo Bernardo do que eu; se reuniu mais com a Miriam Belchior do que eu. Porque, na Casa Civil, os projetos se reuniam três ou quatro vezes antes de chegar a minha mão. Ela escolheu a turma dela”.
Perguntado se seria mais fácil mandar em mulher, o presidente Lula brincou: “Você sabe pela sua. Esse negócio de que mandar em mulher é fácil, cada um tem a sua experiência dentro de casa. A gente canta de galo na rua. Mas em casa quem manda é a mulher. E se vacilar, manda na rua também.” Em seguida emendou: “Eu fico muito orgulhoso que depois de eleger um metalúrgico o povo brasileiro teve a coragem de eleger uma mulher. É o máximo! Se o Obama conhecesse o povo brasileiro, ele diria que o Lula não é o cara coisa nenhuma. Quem é o cara são os 190 milhões de homens e mulheres que vivem nesse País.”
Comento
Não vou me estender sobre o acacianismo orçamentário. Huuummm… Se tiver dinheiro usa; se não tiver, contingencia. Bem… Na campanha eleitoral, a gente tinha a impressão de que os recursos eram inesgotáveis… O mais interessante no texto acima é outra coisa.
Lula é espantosamente egocêntrico. Aquela fala sobre Obama revela outra de suas obsessões, que é superar o presidente americano e tornar a eleição de um negro nos EUA algo menor do que a “revolução” que teria sido feita no Brasil com a ascensão ao topo do poder de um “operário” e de uma “mulher”.
Ajustem a sintonia fina. Eu disse que aconteceria e aconteceu: Luiz Inácio já fala de “Lula” na terceira pessoa! Como disse Sérgio Cabral, é o “Pelé da política”… Notem que, ao aparentemente dispensar o “elogio” de Obama, ele, de fato, acaba por considerar aquele reconhecimento ainda abaixo do merecido.
Faltam só 17 dias!
Jamais saberei se o poder é afrodisíaco porque nunca fui, não sou nem serei “poderoso”. Disponho de alguns outros recursos, hehe. Mas Lula… Não sei, não… Como passará os dias sem exercitar, para ficar no tema, essa espécie de auto-erotismo político em praça pública?
Reinaldo Azevedo

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