sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Nova esperança no combate à Sida


A revelação de que em 2007 poderá ter-se dado a primeira cura de um paciente com o vírus VIH/sida vem reforçar a ideia de que a doença está a ser combatida com êxito pelos esforços conjugados da medicina à escala global. Falta muito até que se possa dizer que se encontrou a cura para quem for infectado. Mas hoje, nos países desenvolvidos, travou-se a progressão da epidemia e, para cada paciente, existe um coquetel de remédios que já permite aos infectados viver com qualidade por muito tempo.
Os cínicos dirão que tudo isto só foi possível porque a erupção explosiva da doença na América atacou demasiados famosos em Hollywood para passar despercebida; que logo se formaram poderosos grupos de pressão do mundo das artes e do espectáculo, que conseguiram canalizar somas astronómicas para a investigação científica que produziu resultados, intercalares, muito animadores.
Mas o desenvolvimento deste ataque concertado ao tão falado vírus extravasou em muito os limites, muito particulares, de Castro Street para tornar-se uma cruzada à escala global. O combate ao VIH/sida voltou às suas origens africanas, onde começou por ser conhecido por "doença do macaco verde". A saga da luta contra a doença produziu mudanças na produção de genéricos baratos nos países em desenvolvimento, deu um abanão nos incipientes serviços públicos de saúde de muitos desses países, modificou comportamentos e abateu preconceitos e alertou o mundo para a necessidade de concentrar recursos financeiros e humanos qualificados para vencer a tríade mortal ainda prevalecente nos países pobres: tuberculose, malária, VIH/sida.
Os holofotes da notoriedade já estão apontados na direcção certa. Mas a erradicação destas doenças ainda vai consumir muito tempo e esforço a toda a humanidade.
Editorial, Diário de Notícias, 17-12-2010

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