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Criação: Resistência Democrática |
Peter Wilm Rosenfeld
O Brasil já viveu épocas de
muitos escândalos e de corrupção, e alguns períodos em que eles praticamente não
existiram.
Não que se possa chamar isso
de normal, pois normal, para mim, é quando não existem tais episódios, e a vida
de todos flui com normalidade.
Algo de muito diferente
aconteceu com o governo da Sra. Rousseff, pois com escassos sete meses de mandato
já houve (incluindo os dias atuais, claro) anormalidades e irregularidades
(leia-se desvio de dinheiros públicos) em oito ministérios; aliás, houve e/ou
estão acontecendo.
Além disso, já houve
troca-troca de ministros, tendo os que foram trocados permanecido em um
ministério distinto.
A primeira e talvez a mais
“dolorosa” substituição, por ter que ver com o ministro que devia coordenar os
demais, ocorreu devido ao súbito, dramático, enriquecimento do Sr. Palocci.
Mas para nós, gaúchos, não foi
surpresa. Há um ditado muito antigo em nossa terra que diz que “cachorro
ovelheiro que comer ovelha uma vez nunca mais se corrige. Só matando”. Talvez
seja ocioso mencionar que o cachorro ovelheiro é o que pastoreia as ovelhas no
campo; apesar de possivelmente ocioso repetir o ditado, houve por bem fazê-lo
por via das dúvidas.
Palocci pecou feio, mentiu
descarada e covardemente naquele episódio do caseiro Francenildo. Nada nos
faria crer que não repetiria o faltar com a verdade, e foi o que aconteceu.
O Ministério seguinte foi o
dos Transportes, mas isso já era esperado desde a nomeação do Ministro, que já
tinha tido oito anos para demonstrar como agiam ele e seus associados diretos.
Mas o caso era tão sério e os
crimes tão difundidos que, além do Ministro, foram demitidos mais de 25
servidores do Ministério! Creio ter sido um recorde mundial...
O Ministério da Agricultura
está na berlinda há já um bom tempo, mas o Ministro Wagner Rossi e o partido
que o suporta (o infatigável e numeroso PMDB) estão resistindo bravamente.
Em minha convicção, que
evidentemente pode estar errada, não resta mais muito tempo para que o Ministro
seja trocado, pois a forma como o caso está se arrastando é muito desgastante
para todos, especialmente para a Sra. Rousseff.
No Ministério da Defesa,
confesso que a indicação (ou manutenção) do Sr. Jobim não me agradou nem um
pouco, mas por motivos quase que pessoais, que já vem de muitos anos: a) –
Quando da revisão da Constituição Federal, em 1993, depois de tudo aprovado
pelo plenário do Congresso, o Sr. Jobim introduziu dispositivos sem consultar
ninguém, fraudando toda a população; b) - como membro do STF “sentou” sobre
vários processos durante anos; o recordista da espera aguardou mais de sete anos!
c) – como Ministro da Defesa, para se fantasiar de militar, usou o uniforme de
campanha do Exército várias vezes, o que, ao que me lembre, é vedado aos civis.
Finalmente foi substituído, mas em minha opinião, a troca foi péssima. O Sr.
Amorim já fez sua quota de maldade nos oito anos em que chefiou o Ministério de
Relações Exteriores!
Devo ter-me distraído nesses
últimos dias (ou a velocidade em que os fatos delituosos estão acontecendo é
incrível), pois esta tarde, antes de começar a escrever, decidi dar uma olhada
nas principais notícias na internet e fiquei aparvalhado: eram mencionadas
irregularidades criminosas nos Ministérios do Turismo, de Minas e Energia, do
Desenvolvimento Agrário e no das Cidades!
A essa hora, penso ter o
direito de pensar que todo o ministério está podre, e que o Sr. da Silva
trabalhou muito bem (em sua ótica, claro) para minar e dificultar o trabalho de
sua sucessora.
Assim agindo, assegurou-se que
a Sra. Rousseff dependeria dele durante todo o mandato, o que asseguraria ao
Sr. da Silva a conquista de mais dois mandatos, um em 2014 e o segundo (que
seria o quarto) em 2018.
E isso viria naturalmente, já
que não mais há oposição neste nosso País, como resultado da demagogia e das
mentiras do Sr. da Silva e da pura incompetência dos políticos oposicionistas
(ou que se julgam da oposição...).
E se no Estado de São Paulo o
PSDB tem conseguido manter a hegemonia há já vários mandatos, demonstra-nos que
seu discurso é adequado para a população de São Paulo mas não para a do resto
do Pais, exceção talvez em Minas Gerais.
E a oposição atual nem sequer
está conseguindo manter os quarenta milhões de votos que conseguiu no ano
passado.
Mas voltando ao Ministério da
Presidente Rousseff; penso que ela deva ir se afastando aos poucos dos
Ministros atuais, mesmo que isso lhe pese no coração.
Nessa condição o primeiro que
deveria ser afastado é o da Educação, Sr. Haddad, que já fez suficiente mal aos
brasileiros e nada indica que vá melhorar. Quer ser Prefeito de S. Paulo. A
Ciência e Tecnologia pouco têm a ganhar com o Sr. Mercadante. O Sr. Lupi só
está lá porque é do PDT. O Sr. Moreira Franco se satisfaz com qualquer
ministério, desde que não precise trabalhar...
Poderia me referir a qualquer
um dos demais ministros, mas não o farei desta vez.
Mas o último que sou
obrigado a mencionar é o Sr. Orlando Silva Jr. dos Esportes. Pelo que me
contam amigos que moravam no Rio na época dos Jogos Pan Americanos, foi um
escândalo monumental o custo das obras que tiveram que ser realizadas, superando
em algumas vezes os valores orçados.
Não é disso que precisamos.
Tivemos tempo suficiente (que está correndo inexoravelmente) para planejar e
construir o que fosse necessário. Mas não: como todos os planejadores de obras
públicas neste Pais, fica tudo para a última hora.
E a urgência é amiga de obras
mal planejadas feitas a toque de caixa.
È possível que muitas pessoas
em muitos países tenham visto os devastadores efeitos do terremoto seguido de
tsunami no Japão.
Recentemente, a televisão nos
mostrou uma dessas estradas, já totalmente reconstruída. Que beleza de obra.
Por que não podemos fazer algo
pelo menos parecido, tanto em qualidade como em tempo de execução? Não
precisaria ser exatamente igual; bastaria que fosse razoavelmente parecido!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 10 de
julho de 2011
Edição: JP
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