domingo, 13 de maio de 2012

Mudar de vida


Paulo Baldaia
Com tantas políticas para discutir, com tantas alternativas existentes à política do Governo, as oposições resolveram agarrar-se à interpretação que fizeram das palavras de Passos Coelho para tentar embaraçar o primeiro-ministro. E o que disse o primeiro-ministro que indignou as oposições e pareceu ferir os ouvidos de muitos jornalistas? Defendeu que "despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem também de representar uma oportunidade para mudar de vida". Disse-o na posse do Conselho para o Empreendedorismo e Inovação e a verdade é que todos precisamos de seguir este caminho para que o País dê certo.
Com honestidade, alguém pode considerar que o primeiro-ministro estava a defender que não é mau estar no desemprego? Com honestidade, alguém pode dizer que não há na sociedade portuguesa um estigma em relação aos desempregados? Com honestidade, alguém pode garantir que os empregos e mesmo as profissões são para a vida? Com honestidade, alguém consegue imaginar futuro para este país sem uma mudança de mentalidades? O que o primeiro-ministro defendeu como caminho para combater o desemprego é a base com que se constroem sociedades em que há verdadeiras oportunidades de progressão social e económica. O empreendedorismo é, antes de mais, a capacidade de assumir riscos para criar valor. Em Portugal há muitos e bons exemplos, mas será necessário multiplicar porventura por mil os exemplos que existem para que o País possa dar aos seus cidadãos o conforto que a retórica política de todos os partidos reclama. Se as diferentes lideranças políticas querem um país diferente convém que comecem elas por interiorizar o conceito de empreendedorismo e inovação. A crise que vivemos é demasiado profunda para repetir debates sobre o quis dizer com o que disse. O beco onde nos encontramos exige que os partidos inovem no discurso e sejam empreendedores nas soluções que propõe. A história do país que somos tem tanto de fado como de risco. Deixemos o fado para ser cantado e assumamos o risco como factor de sucesso.
Sem medo de errar, mas com vontade de fazer, a sorte há-de chegar. Ela existe onde existe trabalho, onde existe risco, onde existe ambição, onde existe solidariedade. Não vale a pena procurá-la no ócio, na certeza, no medo e, menos ainda, na inveja. A sorte pode até sorrir na mediocridade, mas tão depressa chega, como rápido se vai embora.
Portugal terá sucesso se souber aplaudir os seus empreendedores, mesmo quando eles fracassam. Quem não tem medo de correr riscos sabe levantar-se quando cai, basta que todos os outros não atrapalhem. Os desempregados deste país merecem melhores políticas governamentais e melhor oposição. Mudar de vida diz respeito a todos.
Texto: Paulo Baldaia, Diário de Notícias


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