Paulo Baldaia
Com tantas políticas para
discutir, com tantas alternativas existentes à política do Governo, as
oposições resolveram agarrar-se à interpretação que fizeram das palavras de
Passos Coelho para tentar embaraçar o primeiro-ministro. E o que disse o
primeiro-ministro que indignou as oposições e pareceu ferir os ouvidos de
muitos jornalistas? Defendeu que "despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem também de representar uma oportunidade para mudar de vida". Disse-o na posse do
Conselho para o Empreendedorismo e Inovação e a verdade é que todos precisamos
de seguir este caminho para que o País dê certo.
Com honestidade, alguém pode
considerar que o primeiro-ministro estava a defender que não é mau estar no
desemprego? Com honestidade, alguém pode dizer que não há na sociedade
portuguesa um estigma em relação aos desempregados? Com honestidade, alguém
pode garantir que os empregos e mesmo as profissões são para a vida? Com
honestidade, alguém consegue imaginar futuro para este país sem uma mudança de
mentalidades? O que o primeiro-ministro defendeu como caminho para combater o
desemprego é a base com que se constroem sociedades em que há verdadeiras
oportunidades de progressão social e económica. O empreendedorismo é, antes de
mais, a capacidade de assumir riscos para criar valor. Em Portugal há muitos e
bons exemplos, mas será necessário multiplicar porventura por mil os exemplos
que existem para que o País possa dar aos seus cidadãos o conforto que a retórica
política de todos os partidos reclama. Se as diferentes lideranças políticas
querem um país diferente convém que comecem elas por interiorizar o conceito de
empreendedorismo e inovação. A crise que vivemos é demasiado profunda para
repetir debates sobre o quis dizer com o que disse. O beco onde nos encontramos
exige que os partidos inovem no discurso e sejam empreendedores nas soluções
que propõe. A história do país que somos tem tanto de fado como de risco.
Deixemos o fado para ser cantado e assumamos o risco como factor de sucesso.
Sem medo de errar,
mas com vontade de fazer, a sorte há-de chegar. Ela existe onde existe
trabalho, onde existe risco, onde existe ambição, onde existe solidariedade.
Não vale a pena procurá-la no ócio, na certeza, no medo e, menos ainda, na
inveja. A sorte pode até sorrir na mediocridade, mas tão depressa chega, como
rápido se vai embora.
Portugal terá sucesso se
souber aplaudir os seus empreendedores, mesmo quando eles fracassam. Quem não
tem medo de correr riscos sabe levantar-se quando cai, basta que todos os
outros não atrapalhem. Os desempregados deste país merecem melhores políticas
governamentais e melhor oposição. Mudar de vida diz respeito a todos.
Texto: Paulo Baldaia, Diário de Notícias
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-