domingo, 13 de janeiro de 2013

Poder público

Geraldo Almendra
Depois de quase 30 anos de administração pública civil, o Brasil saiu, no final do Regime Militar, de uma estruturada promessa de se transformar em uma grande potência, para se tornar um país medíocre, seja nos aspectos políticos, econômicos ou sociais.
O Brasil é um caso “exemplar” de uma sociedade que concede títulos de “doutor honoris causa”, aplaude, ou protege das malhas das leis, um ex-presidente publicamente acusado, entre muitas outras coisas muito graves, de ser o chefe do maior escândalo de corrupção do país, e de ter passado 19 anos tendo um caso extraconjugal com uma secretária com direito, durante suas gestões presidenciais, a passaporte, mala diplomática, inúmeras viagens ao exterior, e prováveis relacionamentos íntimos extraconjugais nas suntuosas “acomodações” do avião presidencial.
A ignorância, a omissão, a covardia ou a cumplicidade da sociedade com a imoralidade pública e privada é de tal tamanho, que o acusado não demonstra a necessidade de vir a público contestar formalmente tudo do que está sendo acusado, mas, utilizando as mesmas frases feitas se defende: fui traído, não sabia de nada, fui apunhalado pelas costas, sou vítima de mentiras, e por aí afora, fazendo, sistematicamente, de imbecis, idiotas e palhaços, os contribuintes do Circo do Retirante Pinóquio.
Entrar para o poder público no nosso país significa ter um bom emprego adicionado de muitas outras vantagens lícitas e não lícitas, imorais e aéticas, mas raramente seu agente traz na sua consciência uma responsabilidade de servir à sociedade por princípio, a maioria tendo esse comportamento por omissão ou medo de ter sua carreira estagnada, e ser perseguido pelos corruptos e subornadores, e o resto, por cumplicidade voluntária com a prática do ilícito em todas as suas formas, respeitando o DNA do ilícito historicamente impregnado no sague das burguesias e oligarquias que comandam o país.
No poder público o político imoral se sobrepõe ao técnico ou ao mérito de ser servidor público na sua integridade, e os que tentam fazer algo diferente veem suas ações limitadas, ignoradas, ou combatidas.
É exatamente essa cultura de “serviço público” que faz do estamento estatal o inimigo número um disfarçado dos cidadãos que morrem nas filas de hospitais ou nos seus quartos e corredores imundos pela falta de atendimento médico decente, e saem de casa já sem ter a mínima certeza de que não serão assaltados, não serão vítimas de acidentes de trânsito ou, simplesmente, assassinados.
O poder público do nosso país vem se notabilizando no mundo pela prática sistemática do corporativismo imoral e criminoso auto protetor.
Seus principais instrumentos de sobrevivência política são o empreguismo estatal irresponsável e inconsequente para aparelhar o estado a um só partido e seus cúmplices, o assistencialismo comprador de votos das vítimas da falência educacional e cultural, e o suborno de milhares de esclarecidos canalhas.
O poder público nas gestões petistas virou uma grande “família” mafiosa que oferece aos seus membros de qualquer grau infinitas oportunidades de “grandes negócios” associados à corrupção, ao suborno, ao peculato e à formação de quadrilhas, garantindo a felicidade das elites do “orgasmograma” do estado e de seus cúmplices.
Os sócios-cúmplices de carteirinha dessa estrutura estatal degenerada são as centenas de “cidadãos” pertencentes às classes do meio artístico, da academia, do jornalismo marrom, dos empresários, entre muitos outros, que sistematicamente se unem ao poder público Covil de Bandidos para roubar o contribuinte.
No Brasil, como em todos os países que praticam regimes assistencialistas com marcas do socialismo, do comunismo, do fascismo ou de assemelhados, esta natural tendência do poder público corporativista ser corrupto e subornador, tem uma séria agravante, resultante de um lado, da falência da educação e da cultura e, de outro, da transformação dos poderes Legislativo e Judiciário em lacaios do poder Executivo enterrando princípios republicanos de independência de poderes, fatos esses amplamente demonstrados e comprovados como os responsáveis diretos pela degeneração das relações públicas e privadas.
O Brasil se supera a cada dia permitindo agora que o Presidente da Câmara dos Deputados diga a Policia Federal, ao STF, e ao MPF o que é prudente ou não investigar. Fala sério!
Diante da acomodação das Forças Armadas, da transformação do poder público em um Covil de Bandidos, da cumplicidade de milhares de canalhas esclarecidos, e da falência educacional e cultural que transformou mais da metade da população em dependente de benefícios do estado que dispensam o esforço em estudar e empreender, esse quadro social do país dificilmente será modificado, pois o seu principal agente de mudança, o eleitor, majoritariamente atacado pela falência da educação e da cultura, e pelo assistencialismo comprador de votos, sofre de uma crescente perda de valores fundamentais para a justiça social e para o estabelecimento da grandeza de qualquer sociedade: dignidade, honestidade, honra, patriotismo, vergonha na cara, e crença no mérito, no valor do estudo, e retorno do trabalho honesto, como determinantes de crescimento pessoal e profissional.
O Brasil, já considerado um dos mais corruptos, e o maior mercado ativo de drogas do mundo, está célere na trilha do atraso social e econômico diante de um mundo que, apesar das suas crises econômicas, nos coloca com uma defasagem dos instrumentos de crescimento social e econômico do tamanho de algumas décadas.
No final das contas o que estamos vivendo nada mais é do que os resultados da maior fraude política de nossa história, a Fraude da Abertura Democrática, que acabou fazendo do Brasil um Paraíso de Patifes e o poder público um Covil de Bandidos. 
Esses resultados não podem ser associados à nenhuma conquista democrática – piada de péssimo gosto – mas tão somente a uma incontrolável degeneração moral e ética de uma sociedade.
Título e Texto (e Grifos): Geraldo Almendra, 13-01-2013

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