Luís Naves
Um navio demasiado carregado tem mais hipóteses de ir ao fundo durante uma tempestade. Assim é com a factura dos juros da dívida, um peso que nos leva para o fundo, tornando mais difícil equilibrar as contas públicas durante uma recessão já de si muito pronunciada.
Mas esta notícia, que está a
passar de forma tão discreta, mostra bem o significado de ser um ‘bom aluno’ na
crise das dívidas soberanas. A extensão das maturidades, que a oposição tanto
desvalorizou quando estava a ser negociada, afinal representa uma poupança
imediata da ordem de 2 mil milhões de euros anuais. Este dinheiro poderá ser
usado no pós-troika para outros fins, por exemplo, redução de impostos, em vez
de ser gasto em pagamentos de juros da dívida monstruosa que acumulámos (mais
dinheiro do que gasta o maior ministério).
Esta notícia significa que,
nos próximos dez anos, o País empurra com a barriga o pagamento de 23 mil
milhões de euros, que poderá gastar na sua emergência económica, tornando mais
fácil cumprir as metas do défice impostas pela troika.
Podia acrescentar-se que o mecanismo beneficia dois países cumpridores, Portugal e Irlanda, sendo surpreendente a redução em 17% da verba que estava em pagamento. É possível insistir no copo meio vazio, sublinhando que não existe perdão e que vamos mesmo pagar a dívida: mas uma coisa é pagá-la quando se anda a contar os tostões, outra é esperar por 2023, quando a situação for bem diferente.
Podia acrescentar-se que o mecanismo beneficia dois países cumpridores, Portugal e Irlanda, sendo surpreendente a redução em 17% da verba que estava em pagamento. É possível insistir no copo meio vazio, sublinhando que não existe perdão e que vamos mesmo pagar a dívida: mas uma coisa é pagá-la quando se anda a contar os tostões, outra é esperar por 2023, quando a situação for bem diferente.
Em resumo, este Governo está
sob a ameaça de ser substituído no exacto instante em que começam a surgir
notícias como esta, os primeiros indícios de recuperação lenta. Isto torna
ainda mais incompreensível a crise política.
Título, Imagem e Texto: Luís Naves, no blogue “Fragmentário”, 13-7-2013
Reestruturação silenciosa. Europa abate 17% à dívida até 2023
Portugal beneficiou, junto da
Europa, de uma importante reestruturação de dívida (silenciosa) na sequência da
sétima avaliação ao programa de ajustamento.
O reembolso total aos credores
previsto até 2023, inclusive, levou um corte de 17% face ao inicialmente
planeado. Assim, entre 2013 e 2023, a República irá devolver 115 mil milhões de
euros em empréstimos de médio e longo prazo e não 137,5 mil milhões como estava
no desenho anterior, revelam dados publicados pelo IGCP (agência do crédito
público) e por Carlos Costa, governador do Banco de Portugal.
Este alívio apenas foi
negociado com dois dos credores oficiais da União Europeia (mecanismo e fundo
europeu de estabilidade)e ascende a quase 23 mil milhões de euros, o que dá uma
média de 2,1 mil milhões de euros ao ano durante os 11 anos em análise, que coincidem
amplamente com o chamado período “pós troika”.
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Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças de Portugal, foto: Global Imagens |
Prezado Luís Naves,
ResponderExcluirPermita-me, julgo que a "crise política" e as manifestações dia sim, dia sim, do departamento sindical do Partido Comunista Português, assim como as cuspidelas da jararaca-mor são compreensíveis, sim. Eles sabem muito bem que a "poupança e o corte das despesas" vai dar certo! Por isso, é preciso, a todo o custo, evitar que a Direita (e Pedro Passos Coelho, um "inexperiente e impreparado") chegue a bom termo. Pois que, assim acontecendo, a esquerdalha não se elege nem para síndico da "Chez Madame Berta"...
Cordialmente./-