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Foto: Isto É |
Tenho seguidores que não devem gostar muito de mim. É que eles me mandam
artigos e entrevistas que demandam o consumo de Engov ou Plasil de minha parte,
pois meu estômago embrulha. Eu sei que abracei o papel de "mídia
watch", e deve ser meu lado masoquista falando. Mas, enfim, vamos lá
encarar uma vez mais ele, um dos alvos preferidos por aqui (não posso fazer
nada se o homem só produz besteira sempre que tenta falar sério). Estou falando
de Verissimo, claro, e sua nova entrevista para a IstoÉ.
Começo deparando com uma declaração bem pertinente: “A desmoralização da
política e dos políticos deve preocupar a todos, porque a falência da política é
a falência da democracia”. Fato. Tenho alertado que a "nova" forma de
se fazer democracia, uma espécie de "democracia direta", que procura
passar por cima da organização partidária, não funciona. Leva ao populismo,
demagogia, em graus ainda piores que os atuais. Mas depois Verissimo volta ao
seu normal:
No fundo, o que se vê nas
ruas é uma crítica, nem sempre consciente, ao capitalismo brasileiro. Estão
pedindo o fim do lucro desmedido com serviços públicos como o transporte, o fim
do poder corruptor do dinheiro, mais saúde e educação subsidiadas pelo Estado.
Eu nunca tinha visto tantos socialistas juntos. Será curioso ver como essa
massa vai votar.
Como é que é? O povo está
revoltado com os péssimos serviços prestados pelo governo, por tudo aquilo que
ficou a cargo do estado, e Verissimo acha que estão atacando o capitalismo, o
lucro? As empresas capitalistas em busca de lucro que operam no mercado livre
não são alvos de ataques, e sim aquelas que fazem conchavo com o governo,
quando este decide tudo sobre elas e seus setores. Não custa lembrar que quando
a saúde do cronista ficou ruim, ele buscou um hospital privado, que deseja
lucrar, para salvar sua vida, e não o fantástico SUS. No mais: o poder
corruptor do dinheiro? Por que, então, há menos corrupção em países que são
mais ricos que o Brasil? Verissimo, quando fala de política, é um grande
palhaço...
A analogia óbvia é com o Maio de 68, na França, que também era contra um tudo indefinido. Tem gente que diz que o que houve em Paris, naquela primavera, foi só uma queima de hormônios. Já o Cohn–Bendit disse que 68 foi o preâmbulo de 81, quando a esquerda chegou ao poder na França. Resta ver qual será o 81 do nosso 68.
Verissimo deve detestar os
brasileiros mesmo, ao desejar nosso 81 francês. Mitterrand, quando chegou ao
poder, simplesmente afundou a França em enorme crise econômica. Nacionalizou
setores importantes, gerou inflação alta e desemprego. Teve que reverter
parcialmente seu socialismo para não afundar o país no caos total. Enquanto
isso, a Inglaterra de Thatcher, ao lado, ia na direção contrária, colhendo
sucesso atrás de sucesso. Verissimo prefere o fracasso.
Infelizmente aquele ímpeto
anticorrupção do início do seu governo não se sustentou. Mas, falando do PT no
poder em geral, qualquer governo que consegue distribuir renda e diminuir a
pobreza tem no mínimo a minha simpatia.
Após falar que um dos
destaques das ruas deveria ser a cobrança sobre o "mensalão" do PSDB,
como se realmente houvesse semelhança entre o que ocorreu em Minas Gerais e o
golpe na democracia que o PT tentou realizar, Verissimo vem elogiar Dilma.
Segundo ele, faltou ímpeto no combate à corrupção. Quem Verissimo quer enganar?
Alguém ainda acha que Dilma era uma "faxineira ética", e não alguém
totalmente conivente com os "malfeitores"? No mais, Verissimo deixa
claro que se o governante "distribuir renda", então pode roubar na
boa, que gozará de sua simpatia. Gente assim, sem dúvida, não goza da minha
simpatia...
Título e Texto: Rodrigo Constantino, 10-7-2013
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