Passado um quarto de século
nos deparamos com a notícia de que a Corte máxima de nossa Justiça poderá adiar
mais uma vez o julgamento dos chamados expurgos dos planos econômicos nas
cadernetas de poupança. O último adiamento, ocorrido em dezembro, foi sugerido
a pedido do ministro Marco Aurélio Mello, em razão das férias do Poder
Judiciário. Desta feita, a Corte poderá atender às demandas feitas pelo Banco
Central (BC), e que já conseguiram no passado postergar por anos o acontecido.
Afinal, sendo órgão de defesa de interesses institucionais, e, por conseguinte,
da Nação, como pode o BC tomar partido numa pendenga jurídica? Qual o
interesse, sem que seja o de estar a serviço do clientelismo?
Bem se sabe que os números que
apresentaram de um choque na economia, caso os poupadores vençam, de R$ 150
bilhões, é um espalhafato grotesco, já desmentido pelo Credit Suisse, que avaliou, tal qual o Ministério Público Federal,
em no máximo R$ 26 bilhões. Assim como, se vencedores, tais poupadores
reinvestirão tais recursos na economia, que está imersa nos bancos, os mais
rentáveis do mundo e geridos pela maior e mais facilitada agiotagem constituída
que existe.
À Suprema Corte, se adiar o
julgamento, fará uma macabra concessão, tal qual ainda não expurgar de plenário
os hipócritas que visam a construir uma pretensa realidade onde o terror quer
formar um juízo que forje a justiça aos moldes de interesses espúrios. A imensa
maioria dos lesados e que entraram com ações, quase 400 mil famílias, se
constitui de pessoas idosas que aguardam, como já colocado por 25 anos.
Certamente, durante todo esse
tempo, milhares e milhares de casos já foram julgados e na imensa maioria deles
os bancos foram condenados, dezenas de milhares de perícias e pareceres foram
anexados a processos transitados. Surge agora a alegação de que necessário se
faz suspender o processo para maiores análises. Ora, trata-se no mínimo de um
acintoso descalabro moral contra a sociedade.
Título e Texto: Oswaldo Colombo Filho, 05-03-2014
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