terça-feira, 3 de junho de 2014

A um velho maldizente

Tu, maligno dragão, cruel harpia,
Monstro dos monstros, fúria dos infernos,
Que em vil murmuração, ralhos eternos
Estragas sem descanso a noite, e o dia:

Tu, que nas horas em que o mocho pia,
Caluniaste meus suspiros ternos,
Sacode a carga de noventa invernos
Nas descarnadas mãos da morte fria:

Cai de chofre no báratro profundo,
Cai nas entranhas da voraz fornalha,
Deixa em sossego o miserável mundo:

E entre a maldita, réproba canalha,
Lá bem longe de nós, lá bem no fundo,
Arde, murmura, amaldiçoa,e ralha.


Bocage

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-