quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Re: Re: Re: Re: Cartas ao *******

Vitor Cunha


Qualquer idiota já percebeu que V. Ex.ª não consegue escrever um SMS, quanto mais cartas ao “eleitor indeciso”.

Em primeiro lugar, nenhum indivíduo com idade mental superior a 15 anos tem lata para se dirigir às pessoas como “caras e caros amigos”. Só falta incluir um xoxoxoxo no fim para ser por demais evidente que foi escrito por alguém com 14 anos ou pelo Porfírio Silva. Para as V. aspirações governativas, espero ter sido alguém com 14 anos.

Em segundo lugar, V. Ex.ª refere que “para crescer, temos que recuperar competitividade”. Depois diz que para o conseguir “o nosso caminho é o da inovação e inovar exige investimento no conhecimento”. Consegue V. Ex.ª ser menos inovador na proposta? Essa treta foi tentada repetidamente por escrito e continua a não ter significado para pessoas com mais de 15 anos. A partir de uma determinada altura, os seres humanos adquirem capacidade de raciocínio em abstracto. Pode não ser o caso do seu eleitor típico, mas, pretender englobar todo e qualquer “eleitor indeciso” na categoria de imbecil é fórmula para o fracasso antecipado.

Em terceiro lugar, V. Ex.ª diz que é prioritário “promover a cultura e a ciência” e depois aparece ao lado do Doutor Sampaio da Nóvoa, a enciclopédia humana das bacoradas infantis. Aliás, “promover a cultura” é exactamente o que V. Ex.ª não quer, sob risco de ser desmascarado como a fraude política que, em evidente e crescente desespero, se esforça por ocultar.

Em quarto lugar, V. Ex.ª diz que quer “travar o êxodo dos jovens mais qualificados”. V. Ex.ª pretende, então, impedir os jovens de procurarem formas de melhor servirem os seus interesses, prendendo-os a um país governado por uma fraude política que repete todos os chavões telegráficos sacados do manual de demagogia para totós? Mais, V. Ex.ª fala do “combate à precariedade” da mesma forma como arremessa postas de pescada sobre “tecido empresarial”, “centros tecnológicos” e outras expressões passíveis de serem retiradas de um livro de auto-ajuda para comentadores de televisão com dificuldades em conter a baba. Se estes indivíduos sinistros, escolhidos a dedo, não conseguem, achará, porventura, que V. Ex.ª tem melhores condições para convencer o “eleitor indeciso”?

Em quinto lugar, V. fala do “combate ao empobrecimento”. Mas V. Ex.ª é idiota? Há alguém com meio palmo de testa que defenda o empobrecimento? Isso tem sequer significado? Não há vida inteligente no V. partido? Não é possível criar um discurso de acção política que apresente alternativas concretas e viáveis, aceitando os seus prós e contras, e que defenda um único ponto de vista realista sobre o país, o seu financiamento e a dimensão desejada para o aparelho de Estado? É só flores e cravos e merdices românticas para adolescentes? V. Ex.ª está a promover-se para primeiro-ministro ou para actor de telenovela? Não há nada para adultos com preocupações deste mundo real? V. Ex.ª devia escrever (ou mandar escrever) romances, se vive tão absorto nesse mundinho ficcional.

Em sexto lugar, um elogio: V. Ex.ª dirigiu a carta ao “eleitor indeciso” e esta convenceu-me. Não sou mais um eleitor indeciso: ter lido até ao fim permitiu-me decidir, com toda a assertividade, que V. Ex.ª não tem estofo intelectual para ser detentor de qualquer poder de decisão.
Os meus cumprimentos,
Um eleitor indeciso 
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 26-8-2015

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