Vitor Cunha
Qualquer idiota já percebeu que V. Ex.ª não
consegue escrever um SMS, quanto mais cartas ao “eleitor indeciso”.
Em primeiro lugar, nenhum indivíduo com idade
mental superior a 15 anos tem lata para se dirigir às pessoas como “caras e
caros amigos”. Só falta incluir um xoxoxoxo no fim para ser por demais evidente
que foi escrito por alguém com 14 anos ou pelo Porfírio Silva. Para as V.
aspirações governativas, espero ter sido alguém com 14 anos.
Em segundo lugar, V. Ex.ª refere que “para
crescer, temos que recuperar competitividade”. Depois diz que para o conseguir
“o nosso caminho é o da inovação e inovar exige investimento no conhecimento”.
Consegue V. Ex.ª ser menos inovador na proposta? Essa treta foi tentada
repetidamente por escrito e continua a não ter significado para pessoas com
mais de 15 anos. A partir de uma determinada altura, os seres humanos adquirem
capacidade de raciocínio em abstracto. Pode não ser o caso do seu eleitor
típico, mas, pretender englobar todo e qualquer “eleitor indeciso” na categoria
de imbecil é fórmula para o fracasso antecipado.
Em terceiro lugar, V. Ex.ª diz que é prioritário
“promover a cultura e a ciência” e depois aparece ao lado do Doutor Sampaio da
Nóvoa, a enciclopédia humana das bacoradas infantis. Aliás, “promover a
cultura” é exactamente o que V. Ex.ª não quer, sob risco de ser desmascarado
como a fraude política que, em evidente e crescente desespero, se esforça por
ocultar.
Em quarto lugar, V. Ex.ª diz que quer “travar o
êxodo dos jovens mais qualificados”. V. Ex.ª pretende, então, impedir os jovens
de procurarem formas de melhor servirem os seus interesses, prendendo-os a um
país governado por uma fraude política que repete todos os chavões telegráficos
sacados do manual de demagogia para totós? Mais, V. Ex.ª fala do “combate à
precariedade” da mesma forma como arremessa postas de pescada sobre “tecido
empresarial”, “centros tecnológicos” e outras expressões passíveis de serem
retiradas de um livro de auto-ajuda para comentadores de televisão com
dificuldades em conter a baba. Se estes indivíduos sinistros, escolhidos a
dedo, não conseguem, achará, porventura, que V. Ex.ª tem melhores condições
para convencer o “eleitor indeciso”?
Em quinto lugar, V. fala do “combate ao
empobrecimento”. Mas V. Ex.ª é idiota? Há alguém com meio palmo de testa que
defenda o empobrecimento? Isso tem sequer significado? Não há vida inteligente
no V. partido? Não é possível criar um discurso de acção política que apresente
alternativas concretas e viáveis, aceitando os seus prós e contras, e que
defenda um único ponto de vista realista sobre o país, o seu financiamento e a
dimensão desejada para o aparelho de Estado? É só flores e cravos e merdices
românticas para adolescentes? V. Ex.ª está a promover-se para primeiro-ministro
ou para actor de telenovela? Não há nada para adultos com preocupações deste
mundo real? V. Ex.ª devia escrever (ou mandar escrever) romances, se vive tão
absorto nesse mundinho ficcional.
Em sexto lugar, um elogio: V. Ex.ª dirigiu a carta
ao “eleitor indeciso” e esta convenceu-me. Não sou mais um eleitor indeciso:
ter lido até ao fim permitiu-me decidir, com toda a assertividade, que V. Ex.ª
não tem estofo intelectual para ser detentor de qualquer poder de decisão.
Os meus cumprimentos,
Um eleitor indeciso
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