sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Brasileiros precisam de mesma ousadia dos "canalhas" para ajudar país, diz Cármen Lúcia

Os brasileiros de bem precisam ter a mesma ousadia dos "canalhas" para ajudar a tirar o país da crise político-econômica-financeira pela qual passa o Brasil, afirmou nesta quinta-feira a vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia.
 
Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
A ministra, que fez uma palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro, não esclareceu a quem se referia ao falar de canalhas e preferiu focar no discurso sobre os homens de bem.

"Nós, brasileiros, precisamos assumir a ousadia que os canalhas têm", afirmou ela, acrescentando que "essa ousadia não pode ser de pessoas que não cumprem as leis, que usam o espaço público para interesses particulares. Essa ousadia não pode ser exclusiva".

Cármen Lúcia acredita que chegou a hora de a população mudar de postura, "reivindicar, e não apenas reclamar" e ajudar o país a superar a fase difícil.

"Reclamação nunca levou a lugar nenhum", disse.

A insatisfação popular com escândalos de corrupção e o governo federal levou centenas de milhares de pessoas às ruas em todo o país no fim de semana para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff na terceira manifestação nacional neste ano contra a gestão da petista.

Cármen Lúcia afirmou, no entanto, que "o impeachment é um instituto que está previsto na Constituição, só que aplica-se em casos de processo de crime de responsabilidade e não tem nada disso em andamento".

A ministra disse que a palavra que mais esteve presente na vida dos brasileiros até agora neste ano foi crise e defendeu que todos se unam para construir e oferecer propostas aos governantes para tirar o país do que ela chamou de "estado de perplexidade".

"Nós, brasileiros, sabemos o que nós não queremos: corrupção, serviços de má qualidade. Mas não sabemos propor como superar tudo isso... a minha ideia é que como a Constituição permite iniciativa popular de leis e participação dos cidadãos, nós também ofereçamos propostas de políticas públicas. Não há bons ventos para marinheiro que não sabe onde quer chegar", disse.

Ela lembrou que a lei da Ficha Limpa, que inviabiliza a candidatura de políticos condenados pela Justiça, nasceu da iniciativa popular.

"Por sermos uma democracia partidária e, por ser partidária, nós sempre pensamos que com os partidos que temos, 33 partidos, não podemos fazer nada, mas iniciativa popular de leis não dependem de partidos e o Congresso tem obrigação de votá-las, basta que façamos as propostas", afirmou.

"Acho que as pessoas de bem em geral no Brasil se recolhem; não querem participar e demonizam a política... a política é uma alternativa para a guerra", completou.

Cármen Lúcia elogiou o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução da operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção envolvendo empresas estatais, órgãos públicos, empreiteiras e políticos.

"Ele é uma pessoa extremamente séria", disse ela a jornalistas.

Reportagem de Rodrigo Viga Gaier, Reuters Brasil, 21-8-2015

2 comentários:

  1. Parece-nos que alguma coisa não foi bem esclarecida pela ministra ou pela reportagem.
    Com efeito, dizer que não existe nada em relação a crime de responsabilidade parece equívoco. Estão para ser examinadas as contas da presidência de 2014 e caso rejeitadas pelo TCU, caberia ao Congresso também o exame e, em caso de rejeição estaria caracterizado o crime de responsabilidade. Por quê? Porque o art. 85 da Constituição Federal estabelece que se caracteriza crime de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra 1º “V – a probidade na administração”, 2º “a lei orçamentária” e 3º “VII - o cumprimento das leis”. Ora, me parece que ter as contas rejeitadas, sobretudo depois de dada a oportunidade da explicação, como ocorreu, significa que houve descumprimento da lei orçamentária, e a improbidade na administração do bem e do dinheiro público.
    Podem dizer que as contas são do mandato anterior. Ora, a Constituição Federal não distingue quanto a mandatos. Bastam atos do Presidente da República agindo de forma contrária à probidade administrativa e à lei orçamentária.
    Por outro lado, o Sr. Janot parece que passou a fazer parte da quadrilha, ao aliviar a barra da presidanta e do Renan.
    Se não se comprometeu a aliviar para a Dillma deve investigá-la, pois a C.F. não impede a investigação do presidente, inclusive para evitar que as provas se percam no tempo e nas lembranças dos partícipes e testemunhas.
    Se o senhor mencionado passou a fazer parte da quadrilha cairá em desgraça. Por quê? Porque todo quadrilheiro em um momento qualquer passa a desconfiar do parceiro (a partilha não está justa) e uma hora eles se delatam, viram inimigos, se matam.
    Ademais, o TSE (por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014) e o TCU devem julgar os processos contra a presidência com base nas provas, não com base em conchavos políticos e interesses econômico-financeiros.
    Mais uma vez, vejam para aonde vai o dinheiro do seu suor, que lhe são retirados através do pagamento de impostos. Para países populistas de extrema-esquerda, como os petistas: http://spotniks.com/20-obras-que-o-bndes-financiou-em-outros-paises/
    ANTONIO AUGUSTO.

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  2. Antonio, seu texto está perfeito, porém você esquece a mais popular das frases do Brasil atual ou seja " Tá tudo dominado ".
    É uma realidade e as sua colocações estariam perfeitas em um país decente.
    Lamento te dizer mas não vão rejeitar contas de ninguém, pois haverá sempre uma firula para desviar o foco.
    É uma pena mas o Brasil esvaiu-se e o resultado disso será um desastre com data anunciada
    Não, não sou profeta, muito menos do apocalipse, apenas leio a imprensa confiável e tiro as minhas conclusões baseadas no corrente histórico.
    José Manuel

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