Luciano Henrique
Enfim, nada de novo: o
procurador geral de Dilma, Rodrigo Janot [foto], denunciou Eduardo Cunha. Leia mais, conforme a Folha de S. Paulo:
A PGR (Procuradoria Geral da
República) denunciou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e
o senador Fernando Collor (PTB-AL) ao STF (Supremo Tribunal Federal)
nesta quinta-feira (20). Cunha foi denunciado pelos crimes de lavagem de
dinheiro e corrupção supostamente praticados dentro do esquema da Lava
Jato. A denúncia ainda precisa ser aceita pelo STF para que os parlamentares
sejam considerados réus no processo. Novas denúncias ainda poderão ser feitas
nos próximos dias.
O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, pede a condenação de Cunha pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro e da ex-deputada federal Solange Almeida, atual
prefeita de Rio Bonito (RJ), por corrupção passiva.
Além da condenação, Janot pede
a restituição do produto e proveito dos crimes no valor de US$ 40 milhões e a
reparação dos danos causados à Petrobras e à administração pública também no
valor de US$ 40 milhões.
No caso de Collor, a PGR
afirma que a denúncia é sigilosa e não há informações sobre por quais crimes o
senador foi denunciado.
Aí me perguntaram: “E agora?”.
Novamente, preciso relembrar o
motivo pelo qual este site se chama Ceticismo Político: eu defendo que as
alegações políticas de nossos oponentes devem ser tratadas da mesma forma que
um cético investigador do paranormal trata as alegações de médiuns.
Antes, para entender como
devemos tratar as alegações de Janot, melhor rever o conto “O Dragão na
Garagem”, escrito por Carl Sagan para seu livro “O Mundo Assombrado pelos
Demônios”. Melhor ainda, veremos em formato vídeo, com
uma narração que facilita a “visibilidade” do absurdo de toda a situação:
Tudo o que está no vídeo vale
para as provas de Rodrigo Janot. Elas simplesmente não existem. Ou então não
foram exibidas.
O inocente perguntaria: “Mas
Janot não poderia ter guardado tudo para mostrar depois?”. Improvável, uma vez
que ele próprio deixou “escapar” que faria a denúncia contra Cunha
antecipadamente. Isto é, o que há contra Cunha é vazado de forma antecipada.
Por que não ocorreria o mesmo com tais “evidências”?
Alias, Eduardo Cunha, caso
queira, tem evidências fortes em mãos de que Rodrigo Janot deixou vazar sua
denúncia de forma antecipada. Dito de outro modo, o procurador-geral de Dilma
utilizou seu cargo para fazer jogo político, visto que denúncia não é algo
que se vaze antecipadamente. Este também é um indicativo de embuste. (A não ser
que Janot queira alegar que um espírito invadiu sua mente para roubar a
informação de que denunciaria Cunha, mas aí já seria ultrapassar ainda mais a
cota de alegações sem provas).
Janot alega que Cunha teria
cobrado propina. Como prova, Janot deveria apresentar um áudio da gravação, no
mínimo. Provavelmente já o teríamos ouvido, em caso de existência. Como ainda
não há evidência de cobrança de propina, a alegação salta para favorecimento
(por causa da alegada propina). Porém, desde 2003, Cunha ocupa cargos como
deputado estadual ou deputado federal, portanto sem alçada para aprovar compras
de navios ou qualquer coisa que valha. Assim, de novo vemos que as alegações de
Janot são respaldadas por tantas evidências quanto aquelas do sujeito alegando
a existência de um dragão na garagem.
É evidente, no entanto, que
Janot não denuncia políticos petistas. Quanto a Dilma, então? Nem pensar, mesmo
que as evidências de dinheiro sujo na campanha da presidente são evidências
reais, e não apenas afirmações sem provas. E, para piorar, Dilma ocupa cargos
com alçada desde o início da candidatura de Lula. A conclusão é inescapável:
contra Dilma, há muito mais evidências do que contra Cunha.
Desculpe se estou magoando
sentimentos daqueles republicanos que optaram pela credulidade em Janot. Mas se
for assim, é a vocês que eu lanço o desafio: “Afirmou? Prove! Alegou?
Demonstre!”.
Abaixo uma palhinha
sobre James Randi, mostrando o padrão de como se desafia um crédulo:
Ah, e como cético, fico em uma
posição confortável. Se surgirem as evidências, que sejam evidências de fato,
revisarei minha posição. Assim como se surgir evidências de um dragão na
garagem do sujeito da parábola de Sagan, reavaliarei minha posição.
Então, crédulos de Janot, mãos
à obra! Vocês têm muito trabalho pela frente.
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