Valdemar Habitzreuter
A cultura ocidental
impregnou-se da palavra Deus para designar o Ser perfeitíssimo e todo-poderoso,
objeto de adoração e veneração como proteção da nossa frágil condição humana. É
esta a visão religiosa judaico-cristã. É o masculino que predomina. Para ser o
todo-poderoso, Deus tem de ser macho. Está aí a tradição patriarcalista que
predomina em nossa sociedade. A religião judaico-cristã nos deixou esse legado.
Por que não poderia ser uma Deusa toda-poderosa? pergunto-me.
Nem sempre foi assim. Em eras
passadas da história humana, a figura feminina toda-poderosa era o símbolo da
força cósmica criadora. Afinal de contas, não é o feminino que acolhe a
semente, a transforma e a gesta resultando em criação? O feminino sugere a
imagem de mãe e senhora da natureza.
Nas várias mitologias dos
povos antigos as divindades femininas eram as guardiãs da humanidade em todos
os aspectos da vida. O ser todo-poderoso era genericamente feminino. E era este
aspecto feminino o objeto de adoração das civilizações primitivas. Nas culturas
indo-europeias havia um panteão de deusas com poder de criar, preservar e
destruir.
Mas com o avento das religiões
monoteístas o aspecto masculino de um Deus todo-poderoso começou a se desenhar,
e a cultura judaico-cristã foi a grande instância a que prevalecesse até hoje
esse aspecto, varrendo a ideia da possibilidade de a humanidade se subjugar a
uma Deusa como objeto de adoração. Logo, prevaleceu o machismo...
No entanto, algum resquício de
feminilidade ficou. A mãe de Jesus – o Deus Cristo – toma vários cognomes de
senhora-divindade: nossa Senhora da Conceição, do Perpétuo Socorro, de Fátima,
de Lourdes... e por aí vai. Aqui no Brasil, veneramos uma estatueta
desaparecida que apareceu, e temos agora a Nossa Senhora Aparecida, a protetora
do Brasil... Lindo, não é?
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 12-10-2016
João 1:1. "No principio era o Verbo, e o Verbo estava com DEUS, e o Verbo era DEUS."
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