Nelson Fragelli
A ânsia de reformas da União
Europeia acaba de sofrer mais uma derrota. Desta vez na Itália. Em referendo
popular, os italianos acabam de opor seu veto à intenção do governo de centro-esquerda
de reformar a Constituição. Reforma que seria nitidamente uma torção
totalitária na forma de conduzir o governo do país. O voto popular entre o SÌ, que aprovaria a reforma, e o NO, que a recusaria, escolheu o NO com 60%. O SÌ obteve apenas 40%. O comparecimento às urnas foi grande – 70% –,
assinalando assim o desejo decisivo de se opor à reforma. Com tal resultado, o
primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi [foto] se viu obrigado a renunciar. A Itália
deverá formar novo governo.
Tal como acontece com os seus
homólogos brasileiros, os políticos italianos, para melhor impor seus ditames,
têm pressa em mudar as estruturas do país. Pressionados pelos dirigentes
euro-socialistas da União Europeia (UE), eles julgaram que a opinião pública
estava desatenta e convocaram o referendo. Segundo seus cálculos, os eleitores
não compareceriam ao voto, ou aprovariam o que o governo quisesse. E o que o
governo desejava com essa mudança era menosprezar a vontade popular, dando mais
poderes aos deputados e ao governo. O Senado seria praticamente suprimido, e os
poderes da Câmara inflados.
Personalidades internacionais,
embora se proclamando defensoras das liberdades públicas e da democracia, pronunciaram-se
favoráveis ao referendo. Wolfgang Schäuble, ministro de Finanças alemão,
Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, o presidente Barack Obama
e outros aconselharam os italianos a votar SÌ.
Mas a Península se recusou a deixar-se arrastar por pressões combinadas. Tanto
eles quanto o governo italiano menosprezaram o profundo descontentamento da
opinião pública com seus próprios políticos.
Nós, brasileiros, bem
conhecemos esse sentimento. Ilustram-no nossas recentes manifestações de rua
contra o lulo-petismo. Grande é também a insatisfação com as imposições da
União Europeia influenciando a fundo a vida italiana, claramente vistas como
desagradável intromissão externa em assuntos nacionais. Não nos esqueçamos de
que a profilática operação Lava-Jato no Brasil tem como
precursora a intervenção Mani pulite (Operação Mãos Limpas),
com a qual juízes italianos barraram casos graves de corrupção política.
Título, Imagem e Texto: Nelson Fragelli, ABIM,
9-12-2016
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