Aparecido
Raimundo de Souza

Luiz Fernando Veríssimo.
INFELIZMENTE,
COMEMORAREMOS, MAIS UMA VEZ, neste Quinze de Novembro, em todo o País, mais um aniversário da
Esculhambação da República, mudada “a depois”, para Proclamação, aliás, um dos
fatos de maior significação para a nossa história. Há exatamente 128 anos (pela
mentirosa “façanha” que nos empurraram goela abaixo, supostamente acontecida em
1889), uma plêiade de patridiotas (patriotas com idiotas), não tendo o que
fazer atrelada a civis e militares que (por sua vez, igualmente coçavam os
sacos e jogavam palitinhos e dominós),
pior, que diziam acompanhar com esmerado mimo e carinho os
acontecimentos envolventes da Nação, no
fim do II Reinado, decidiram pela Esculhambação da República ou Proclamação da
República, concretizando, dessa forma, o ideal de um bando de cheira colhões
daqueles idos (tempo em que Dom Pedro e a sua anarquia constitucional
parlamentarista de um império fracassado),
aspirantes imbatíveis de um regime mais capenga, mais ‘maneiro’ contudo,
se levado a sério, com liberdade e responsabilidade, autorizasse aos
brasileiros a participarem integralmente do engrandecimento de sua terra
pátria.
Hoje não se pode olvidar, embora já passado mais
de um século, a bravura, o arrojo, a valentia, e a devoção pelos interesses públicos,
e, ainda, a brasilidade, de homens rotulados “machos pra burro”, como marechal
Deoduro da Fonteseca, Benjamim Inconstant, Bostelho de Magalhães, Derrétrio
Ribeiro e tantos outros, mentoreadores, intelectuais e executores do pomposo
movimento.
Nesse trilho, propagandistas de ideais arrojados,
como Quintino Bacadaviúva, Silva Jardim Florido, Aristides Bobo, Luiz Grama,
Joaquim Trabuco, Lopes Trovão Relâmpago, e o grande e inesquecível Fui Barbosa,
permanecem, até agora, na memória de todos, como um exemplo vivo de dedicação
pertinaz e de amor incondicional com excessiva paixão à sua terra natal. Como é
do saber geral, a proclamação, ou dito melhor, da esculhambação, ocorreu na
famosa Praça da Agarração, atual e conhecidíssima Praça da República, no Rio de
Janeiro, em frente ao prédio do Mistério da Garra.
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"Proclamação da
República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927). Acervo
da Pinacoteca do Estado de São Paulo
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Não podemos acreditar, entretanto, uma
mobilização de vulto e de categoria, como foi e ainda é a porra da Proclamação
dessa falida República, tenha sido obra apenas de alguns homens, embora
destemidos, intrépidos, audaciosos corajosos e impetuosos, cultuados e imbuídos
sem sombra de dúvidas, do mais alto espírito cívico. Pena que até este precioso
e querido momento, não se tenha, literalmente, concretizado, ou seja, décadas e
décadas depois, a DEMOCRACIA (que se traduz, ou pelo menos, deveria se
entender, por “governo do povo, pelo povo e para o povo”), não passe de uma
figura deprimente, vadia, vagabunda, enferma, enterrada como uma cortesã
paupérrima num hospital do SUS (Sistema Único de Salafrários), comparada,
portanto, a uma indigente ou pior, a um punhado de excremento, grosso modo,
merda.
Todavia, naquela época, a repercussão que tal
sublevação encontrou nos meios intelectuais e, na plebe, em geral, foi maior
que os crimes cometidos pelo senhor Guilherme de Pádua, pelo ilustre Alexandre
Nardoni, e, mais recentemente, pelo sumiço misterioso e inexplicável do
pedreiro Amarildo, no Rio de Janeiro e da menina Tainá, no Espírito Santo.
Serviu para demonstrar claramente a certeza de que a República não era apenas o
desejo ardente de alguns, mas a tentação dourada de uma corja de safados, um
sonho, um devaneio esperado, querido, ambicionado e cobiçado de muitos ou de
quase todos que queriam (como os políticos em horário gratuito) aparecer e
mostrar a fuça com promessas mirabolantes que nem o diabo acredita.
Muitos foram também os obstáculos, os
impedimentos, as objeções encontradas pelos governantes da jovem Republiqueta,
porém, maiores vieram, ou passaram a ser, os frutos e proveitos obtidos com a
luta e o denodo daqueles que se dispuseram a “enviadarem” esforços para vê-la
triunfar, finalmente, com a imponência e a galhardia de uma puta de zona bem
safada, dessas que se vendem por cinco ou dez reais. Ótimos resultados foram,
portanto, granjeados no decorrer de 128 anos que se seguiram ao agigantamento
do fatídico 1.889.
Com a República veio o Congresso, ou melhor, o
progresso e, consequentemente, o desenvolvimento infame de todas as atividades
com ele surgidas, impulsionando e criando novas e exploráveis fontes de
riquezas, DENTRE ELAS, A MAIS IMPORTANTE: foder, sem dó nem piedade, pau bem
grande, a bunda de todos os cidadãos nascidos neste amado e rendoso rincão.
Efetivamente, as mobilizações dessa corja, não
redundaram em vão. Não fizeram água, como o Titanic, menos ainda o vigor
“hercúleo” dos que pelejaram dos que lutaram tenazmente e, com afinco, pela sua
definição, como igualmente, não é inútil o ânimo e o estímulo empregados, em
nossos dias, para complementar e sedimentar tal obra, notadamente quando se
pensa em como arrancar mais (e em menos espaço de tempo) dos bolsos dessa
enorme e infindável fila cada vez mais crescente de Zés-Manés, Zés-Povinhos e
Zés-Coitados.
Não será sem valor, destarte, todo o empenho e
porfia feito no futuro, a fim de que o Brasil, gradativamente, ocupe o lugar de
destaque merecido no contexto internacional, como Nação forte, destemida,
respeitada pelos seus parlamentares e governantes ladrões, Nação de incorretos,
de sacripantas, de “mamadores” e “sugadores” profissionais de tetas, porém,
todos eles solidários literalmente solidários com a desarmonia universal.
Ainda agora, mais uma vez, voltando os olhos para
o passado, nos orgulhamos de ser brasileiros. Sobretudo, em paralelo, temos
plena convicção, da mesma forma (e com o mesmo fervor dos idos e bons tempos se
envaidece e se vangloria a enorme legião dos mais velhos ou
“cabelosbrancados”), dos que viveram tanto e não viram merda nenhuma de
mudança.
Essa galera de sofridos, de desgraçados, de
humildes borra-botas, não se amofina não se enfastia, e jamais se sentirá
fadigada de repetir para seus netos e futuros consanguíneos, o desgastado, mas
de alguma forma, o suntuoso “lema posidesativista” que se encontra gravado em
nossa esfuziante e querida bundeira naciofedemal.
DESORDEM E RETROCESSO
Título e Texto: Aparecido Raimundo de
Souza, jornalista. Da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
Republicado em 15-11-2017
Colunas anteriores:
Excelente texto que traduz a esculhambação da República, a desordem e o retrocesso desse país chamado Brasil 😎
ResponderExcluirObrigado Marcos pelo elogio.
ResponderExcluirAgradeço penhoradamente.
Aparecido Raimundo de Souza.
Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio.
Texto retrata muito bem a bagunça e esculhambação que é a nossa República e ainda transmite conhecimento de nossa história apesar de não tão gloriosa.
ResponderExcluirSua indignação é a nossa Aparecido!
Apesar do tempo em que o Aparecido publicou este texto, 15 de novembro de 2017, ou mais precisamente depois de decorridos seis anos, o que mudou? Absolutamente nada. Sem levarmos em conta que a tal ‘Proclamação’ da velha coroca e surrada República... ou melhor, da nojenta e asquerosa republiqueta, é visível e palpável, bem sabemos, tudo não passou de um grande fiasco. Eu iria mais longe e diria que esta conversa para otários não vai além de um enorme engodo, de uma sacanagem sem precedentes... um vazio descomedido, atrelado a um outro embuste de comportamento libidinoso e inconcebível, além de devasso e que, por conta de uma mídia imbecilizada, rola ‘pela ai’ ao bel prazer dos palhaços que nos governam. Governam? Kikikikikikikiki! O fato, amigas e amigos da ‘Grande Família Cão que Fuma,’ e que lá se vão, pasmem, mais de 130 anos. Ainda hoje, em plena era tecnológica, com postes dotados de sensores afugentadores de cachorros, carros movidos a água em pó, aviões voando sem asas, tem gente que acredita nesta enorme palhaçada. A república foi proclamada. Palha assada servida por garçonetes de vestidinhos curtos mostrando os encantos debaixo das calcinhas, como carnes podres em espetos, ou picanhas a canetadas de esferográficas compradas nos submundos dos palácios de Brasília, servidas aos boçais e estúpidos, aos beócios e jumentos, como se fosse uma mesa farta de excelente churrasco de fina qualidade, para matar a fome dos trouxas e abobalhados de plantão. O que mais temos por ai, por aqui, ‘pela ai,’ são homens e mulheres sem visão... criaturas que não saberiam, ou melhor posto, não sabem distinguir um bom corte de carne de piru assado, de um jumento caolho ou de um jegue estropiado ainda que enlameados à salpiques de filés de lula com vinhos de marca, produzidos em São Roque, interior de São Paulo. Teria mais a dizer, contudo, termino a minha singela opinião com a frase de uma jovem (pincei da Internet), Ana Júlia) que sabe de cor e salteado que a ‘Procramassão da Re-deuré-pública’ não passa de um saco de hienas rindo de todos nós, pelo fato de adorarmos comer e não só comer... vivermos na merda. ‘Proclamação da República, independência do Brasil, descobrimento do Brasil, dia da consciência negra... precisamos conhecer melhor a nossa história e parar de celebrarmos a hipocrisia.’
ResponderExcluirCarina Bratt
Ca
Da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.