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Frei Betto |
Na sequência, ele aponta o que
diagnostica como causa: “a presença de grupos e lideranças católicas
distorcendo os fatos”. Daí em diante, passa apenas à exemplificações e
generalizações, tentando imputar certo protagonismo ao clero carioca na
condução destes que ele qualifica como “catolibãs”, “católicos que agem com
elevado grau de intolerância e agressividade a ponto de os tornarem comparáveis
aos talibãs afegãos”.
Não, não iremos apelar para a
islamofobia nem para nenhum tipo de vitimismo ou autodefesa de que nos
pudéssemos servir. E, isso, por um motivo simples: não há necessidade alguma! A
tentativa de descrição que o autor esboça não passa de uma paródia, uma
distorção grosseira da realidade, distorção da qual ele, sem o perceber, é
vítima, como são vítimas todos os velhos progressistas aos quais Deus nos quer
fazer suportar nestes últimos tempos difíceis.
Retrógrado, o progressismo
“católico” padece a olhos vistos, sucumbe à luz do dia, incapaz de fôlego,
derrotado pela obviedade dos fatos.
É manifesta a dissonância que
sofrem estes senhores, incapazes de enxergar um palmo à sua frente. Eles
simplesmente perderam o contato com a realidade.
Embriagados em suas próprias
narrativas, em seus desconstrucionismos, em suas teorias críticas, eles
acreditam piamente nas estórias que se inventaram, nas fábulas que construíram,
mas que não resistiram ao realismo dos fatos.
Eles imaginaram que poderiam
interceptar a Igreja inteira, mudar todos os seus dogmas, perverter a sua
moral, criticar todos os seus ensinos, desmontar a sua autoridade para, no fim,
se esconderem por trás de tudo que eles mesmos desfizeram. Eles passaram a vida
inteira esvaziando a fé dos outros e incutindo-lhes uma crença partidária em
personagens mitológicos, que na realidade eram psicopatas delinquentes, e se
admiraram que todos o tenham percebido.
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Leonardo Boff |
O progressismo “católico”
agoniza diante da objetividade do bom senso. É a verdade que lhes dói, que os
violenta, porque se impõe e é xingada de agressiva.
Testemunhamos à olho nu uma
desesperada fuga da realidade, um delírio psicótico, que precisa se agarrar aos
fantasmas em que creu como um náufrago a um cascalho.
Os progressistas sempre
viveram disso. Alimentando-se de utopias, refugiaram-se viciosamente numa
Shangri-lá que lhes escapa, naquela “Terra sem males” evocada numa Campanha da
Fraternidade do passado.
Não será essa fuga da
realidade, por exemplo, o que se viu nessas aberrações da invencionice
litúrgica da Semana Santa e que causaram horror até nos mais heterodoxos dos
libertadores? Ora, não foram estes mesmos senhores que passaram décadas
ensinando criatividade litúrgica aos seminaristas em suas faculdades de
teologia? Será preciso mencionar os carnavais da novena de Aparecida, os banzés
das missas crioulas, das missas afro e de todas as palhaçadas mais cafonas que
já se inventaram neste Brasil?
De fato, a sobriedade da
liturgia romana é seca demais para quem precisa se refugiar na fantasia. É
tosca, concreta, densa, objetiva demais! Mas eles não suportam a realidade.
No próprio espetáculo prévio à
rendição de Lula, no último sábado, o que se via, senão um grande surto
coletivo?… Um criminoso, defendido por uma multidão – a qual, diante do Brasil,
pouco era –, aclamado como herói. E com o “amém” de um bispo e de uns padres.
Em certo sentido, Lula,
indissoluvelmente unido à sua garrafa de cachaça – “é cachaça!”, exclamou, com
picardia investigativa feminina, a senadora Glesi Hoffman –, resumiu toda a
questão: “Eu não sou um ser humano, sou uma ideia. E não adianta tentar acabar
com as ideias”.
É a encarnação ao contrário de
Lula: no cristianismo, o Verbo se fez carne; na Teologia da Libertação, o Lula
se fez ideia. — Ato falho! Lula confessou diante de todos que a realidade não
suportou mais o mito: ele precisa se refugiar na fantasia, porque o teatro
acabou.
É… O show acabou. É como um
final de novela. Tudo meio nostálgico, meio triste. Mas a pia está cheia de
louça e alguém precisa lavar. É esta a sensação que paira na consciência
brasileira desses dias. Um alívio perplexo… Era tudo só isso? Pois é!
Neste ínterim, porém, teremos
de ter paciência. Muita gente ainda crê naquele roteiro, está ainda apegada
demais à ilusão que teima em “sair do armário das ilusões”. Não, não foi o povo
que “saiu do armário”, foi a cortina que caiu.
A Igreja no Brasil vive
atualmente uma crise senil. Os vovôs estão falando sozinhos, estão caducando e
protestam. E como é difícil esta fase! A vovó de minissaia nunca será uma
periguete. Será apenas a vovó de minissaia. Engraçadinha, provoca risos, vergonha,
mal-estar… Mas é a vovó.
É este o momento que estamos
vivendo! O descolamento dos bispos para com o povo é abissal. O povo grita, mas
eles se ensurdeceram para o bom senso. E os teólogos da libertação, velhos,
incapazes de se reproduzir, jogam todas as suas forças sobre um pontificado
decadente e que já está por terminar.
É o terror ao concreto que
apavora os idealistas progressistas. As suas velhas faces estão, mesmo,
envelhecidas. Não lhes resta mais nada senão recitar ideias, as mesmas de sempre,
feito uns conservadores de coisas mofadas, colecionadores de grampos e
velharias inúteis… Eles não podem mais avançar. Perderam o tempo e se perderam
numa narrativa novelesca coroada pelo “FIM”.
Título e Texto: FratresInUnum.com,
11-4-2018
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