terça-feira, 17 de abril de 2018

[Versos de través] Os despojados

Haroldo Barboza




Fiéis amantes da Natureza
Amavam a Terra e viviam.
Caçar, pescar e cantar
Era tudo o que sabiam.

Os amantes das batalhas
Portando armas letais
Invadiram suas tribos
Deixando rastros mortais.

A volúpia do desejo
Por tesouros naturais
Fazia dos invasores
Verdadeiros animais.

Por dezenas de anos
Saquearam e mataram
Possuíram as mulheres
Os homens, escravizaram.

A especulação financeira
Com certeza foi o fato
Que atropelou seus mitos
E os confinou no mato.

Em troca das riquezas
Existentes nas aldeias
Lhes deixamos de herança
As doenças nas cadeias.

Já não podem mais sonhar
Em melhorar suas vidas
Nem pescam mais nos rios
Temendo balas perdidas.

Seus bons conhecimentos
Sobre remédios naturais
Com certeza incomodam
Grupos laboratoriais.

O resgate da verdade,
Da justiça e da história
Com certeza se registram
Somente na memória.
As penúrias já sofridas
Jamais se esquecerão
Cicatrizes pelo corpo
Suas vozes não calarão.

Não desejam humilhados
Migalhas ou esmolas
Nunca conseguiram
Passar pelas escolas.

Isolados em reservas
Revivem a escravidão
Rezando que um dia
Encontrem a libertação.

Nos livros das escolas
Pintados bonitinhos
Invasores desalmados
São taxados de mocinhos.

A sociedade tão injusta
Apelidada de civil
Apenas lhes concedeu
O dezenove de abril.

Título e Texto: Haroldo P. Barboza, Rio de Janeiro, 17-4-2018

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