Gaspar Macedo
Eu gostava de poder dizer que
estou a brincar...
Mas não estou a brincar.
Estive esta tarde nas
comemorações do dia 25 de abril, no Porto. Fiz um desafio a quem me segue,
principalmente a quem me insulta ou critica, para me procurar no meio da festa
e trocar realmente umas ideias comigo. Desafiei-os de boa-fé a mostrar-me que
estou errado.
Enquanto prestava atenção ao
espetáculo, já tendo reparado em alguns olhares menos simpáticos e uns
apontares de dedo, por detrás de mim um covarde qualquer, de rosto tapado,
deu-me com um ovo na cabeça e fugiu. Esta é a foto do momento e que fiz questão
de deixar registado.
Enquanto uns passaram o dia a
fazer discursos, a marchar, a passear ou até mesmo a viver o dia como qualquer
outro, esta foi a liberdade e respeito que me restaram. Este foi o meu 25 de
abril.
Publico esta foto não para me vitimizar,
mas para provar que ainda há muito covarde disfarçado de democrata que atenta
todos os dias contra a democracia. O fundamentalismo que pensamos ter
extinguido depois do Fascismo ainda existe e é capaz de atirar ovos a quem nem
sequer ocupa um cargo público, apenas me expresso.
Faz-me pensar no verdadeiro
país em que vivo. O país que deixa caminhar o ex-ministro das finanças grego,
Yanis Varoufakis, em tempos o derradeiro messias dos nossos pequenos
revolucionários contemporâneos, pelas ruas livres do nosso país, mas atira um
ovo contra o seu próprio povo, contra alguém que se recusa a ser parte dos
extremos Esquerdo e Direito que nos assombram. O país onde uns preferem
partilhar a liberdade com alguns rostos internacionais para promover
espetáculo, do que a partilhar com os seus concidadãos respeitando-os na
diferença.
Hoje eu senti pela primeira
vez as consequências daquilo que venho a escrever desde sempre e tenho por
isso, agora mais do que nunca, razões para continuar quando tantas vezes pensei
em parar.
Sempre disse que aquilo que
faço é apenas escrever a minha opinião, mas hoje provaram-me que estou errado.
Aquilo que eu e muitos mais fazemos é bem mais importante, porque desmascaramos
os tolerantes intolerantes deste país.
Fiquei apenas na dúvida sobre
quais terão sido as motivações.
Terá sido simples ódio à minha
pessoa? Terá sido ódio à minha opção partidária? Pergunto-me se será por ter
defendido Nádia Piazza, Pedro Passos Coelho, Juiz Carlos Alexandre, Joana
Marques Vidal e outros nomes politicamente incorretos. Talvez até tenha sido
por ter atacado pessoas como Joana Mortágua, Mariana Mortágua, Catarina
Martins, Carlos César, João Galamba, Jerónimo de Sousa, Isabel Moreira e outros
nomes que se fazem ressurgir como os rostos da “alta moralidade” na comunicação
social.
Questiono-me se terá sido por
ter atacado a hipocrisia de alguns partidos em relação ao financiamento da
cultura. Pergunto-me se terá sido por ter criticado a aprovação da mudança de
sexo aos 16 anos de idade.
Pergunto-me se terá sido por
ter falado da forma cruel como o governo e alguns partidos tratam o exército e
as famílias dos militares que morrem em missão.
Pergunto-me se terá sido por
ter acatado os salários ridículos e desproporcionais na RTP e em outras
empresas públicas.
Pergunto-me se terá sido por
ter atacado a Associação de Estudantes da FEUC por ter convidado um corrupto
como José Sócrates para falar sobre a Europa e o país.
Eu não sei qual foi a razão,
mas sei que embora a roupa suja, sinto orgulho de mim próprio.
Orgulho-me porque enquanto muitos
que hoje marcharam nas ruas pela aparência de abril e acabam por se esquecer
desses mesmos valores durante o resto do ano, eu prefiro fazer da minha curta
vida uma marcha pela liberdade de expressão.
Hoje, eu levei com um ovo pela
democracia e pelo direito de poder dizer aquilo que eu penso. Se eu estou
disposto a isso, qualquer um que esteja a ler isto será capaz de nunca mais ter
receio de partilhar a sua opinião. Nunca se acomodem.
Até 25 de Novembro.
Tenho dito.
Se esse rapaz fosse um homossexual, panssexual ou o caralho de esquerda, TENHO a CERTEZA que a ovada seria noticiada até na CNN, cuja responsabilidade atribuiria a... Donald Trump. Podes crer!
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