A imagem da justiça segurando
a espada e com os olhos vendados já não comove aos pobres brasileiros. Eles já
sabem que se roubarem poucos valores, não terão meios de contratar um time de
advogados especializados em descobrir as falhas (propositais) dos textos para
salvá-los das penalidades, nem argumentos financeiros para subornar os
integrantes do seu processo (desde policiais até juízes). Em suma: sabem que
serão condenados de qualquer forma, tenham participado de uma chacina numa
lanchonete ou tenham furtado uma lata de leite em pó. Quem coloca 2,5% gramas a
menos dentro de cada lata de qualquer produto, roubando milhares de
consumidores, está livre, risonho e seguro. Assim como donos de laboratórios
que despejam remédios duvidosos no mercado.
Se um esfomeado surrupiar uma
bisnaga dura de uma padaria, vai comer o “pão que o diabo amassou”.
De forma oposta, quem subtrai
enormes valores dos cofres públicos encobertos por falsas licitações, fazendo
circular notas frias majoradas pelos gabinetes dos governantes subornados e
carregando as divisas obtidas para os paraísos fiscais, sabe que está isento de
qualquer investigação que possa denegrir sua imagem "digna". E mais:
que é um sério candidato a receber alguma comenda de alguma câmara pública da
cidade onde reside e onde patrocinou a construção de uma creche para os filhos
das lavadeiras (depois de ter desviado verbas de centenas de escolas da
região).
Portanto, não é de se
estranhar que deputado construtor tenha sido absolvido depois de colaborar para
a morte de oito pessoas e de trazer tristeza a dezenas de famílias que moravam
no luxuoso condomínio Palace II na Barra. Lalau foi condenado a somente oito
anos (pasmem) depois de desviar alto orçamento público. Por ser idoso,
primário, bem-comportado, estar doente e outras "atenuantes", após
uns meses de "férias" teve sua prisão relaxada para gastar seu
"suado" dinheiro. Também já não causa surpresa que senadores que
enriqueceram em cinco ou dez anos de extenuantes práticas ilegais, possam
retornar à vida pública logo após renunciarem (com pose de heróis, vítimas
inocentes de um conchavo para eliminá-los), para evitar a expulsão por seus
atos imorais para com os que confiaram em suas atuações em prol da sociedade.
O pior de tudo é que os
integrantes do povo tendem a recolocá-los no poder. Eles não receberam um
mínimo de ensinamento para valorizar sua cidadania e para perceberem os
malefícios que estas raposas causam em nossa sociedade. Basta uma campanha
eleitoral bem dirigida, exibindo artistas que nos decepcionaram dando largos
sorrisos a favor dos facínoras de gravata. Se isto não funcionar, ainda existe a
possibilidade de adulteração das urnas eletrônicas não adequadamente testadas
por entidades civis. Já treinaram por longo tempo no painel do Senado.
E para os eleitores indecisos,
uma série de BBBB com corpos desnudos ajudam a esquecer dos tais candidatos
“honestos”.
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