sábado, 27 de janeiro de 2024

[Versos de través] AO POLY-ÓNIMO

George Buchanan

Tu és o incomparável Lusitano
O Algarvio d’aquém e d’além mar:
O Árabe, o Índico, o Persa e o da Guiné;
Grande senhor de terras africanas:
Do Congo e Manicongo e de Zalopho!

Coroando teus títulos soberbos,
Chamam-te ainda o Etíope queimado
Do sol intensamente abrasador,
E o grande Pai das águas tormentosas
- Do velho Oceano que se abraça ao mundo.

Não há empório algum ou ilha ou porto,
Onde uma brisa de ganância sopre,
Por mais que seja, por mais leve,
Que tarde vir juntar-se a tantos títulos.

Não devo, pois, com a maior razão
Ao dono de tão grandes apelidos,
Chamar o
Grande Rei dos muitos nomes?

Se, porém, algum dia, ao Rei dos nomes,
A guerra ou o mar, em fúria s’inflamando,
Lhe fecharem a tenda da pimenta,

Bem pode alimentar-se dessa fama
Mercadejada em terras d’além mar…
Fará pesadas dívidas,
Ou morrerá de fome.


George Buchanan

Tradução: Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977), O Renascimento em Portugal, 1º vol. Clenardo e a sociedade portuguesa, 4ª ed. revista, Coimbra Editora, Coimbra, 1974-1975, pag. 159

Sobre George Buchanan:

Wikipédia
Arlindo Correia 

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Baruch Spinoza 
Amavisse 
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