sábado, 6 de janeiro de 2024

[Versos de través] Baruch Spinoza

Jorge Luis Borges

Ocidente a janela em bruma de ouro 
A luz evoca. Assíduo, o manuscrito 
Já prenhe de infinito a hora aguarda.
Alguém nesta penumbra a Deus constrói,
Um homem Deus engendra. É um judeu
De tristes olhos e cítrea pele.
O tempo o leva como leva um rio
A folha que nas águas vai descendo.
Não importa, porém; com delicada
Geometria insiste o feiticeiro
E a Deus cinzela; da doença parte
Para além do que dele só é nada.
A Deus vai erigindo com palavras,
O mais pródigo amor lhe foi doado,
Amor que não espera ser amado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-