sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Inventar o inimigo: Da "extrema-direita" à "ultra-direita"

Paulo Hasse Paixão

Desde há alguns meses, o conceito de “ultradireita” está na moda entre os jornalistas franceses, que parecem ter encontrado um novo inimigo a abater. Um bicho-papão destinado a mobilizar um público demasiado habituado ao termo “extrema-direita”, a “ultra-direita” pode ter o efeito contrário ao pretendido: normalizar ainda mais o discurso dissidente.

Em França, o termo “extrema-direita” (extrême-droite) é tradicionalmente utilizado há décadas para designar o partido fundado por Jean-Marie Le Pen, a Frente Nacional. Durante muito tempo, a Frente Nacional foi rotulada de “extrema-direita” nas sondagens de opinião, nos programas televisivos eleitorais, na Assembleia Nacional, e representada por uma cor azul escura, por vezes tendendo para o preto. Desde o Presidente socialista François Mitterrand, existia um cordão sanitário que separava os partidos aceitáveis da “extrema-direita” – com a qual não era possível qualquer aliança nem qualquer participação política, quer a nível local quer nacional.

Mas depois da entrada de Jean-Marie Le Pen na segunda volta das eleições presidenciais de 2002 – um verdadeiro trauma para os partidos de esquerda – muita água correu debaixo da ponte. Jean-Marie Le Pen deu lugar à sua filha Marine Le Pen e, desde 2018, a Frente Nacional tornou-se o Rassemblement National – um termo que foi escolhido precisamente para ser mais mainstream e tranquilizador.

(…)

(…)

Até apetece dizer um palavrão.

Continue lendo no » ContraCultura 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-