Henrique Pereira dos Santos
Sou absoluta e radicalmente
contra a criminalização de ideias, da defesa de ideias e do discurso sobre
ideias, independentemente do conteúdo das ideias.
Nesse sentido sou contra a
constituição que temos que proíbe a existência de organizações racistas ou que
perfilhem ideologia fascista.
Por maioria de razão sou ainda
mais radicalmente contrário à existência de crimes de ódio.
Há ações que são crime, por
exemplo, o incitamento à violência (não, incitamento à violência não é apenas
discurso, pressupõe coisas bem mais concretas que defender a direito dos
oprimidos a defender-se dos opressores, mesmo com recurso à violência), e o
ódio, uma coisa que ninguém sabe definir muito bem o que seja, é avaliado no
julgamento concreto sobre essa ação, podendo ser agravante do crime, mas
considerar que o ódio (ou o discurso de ódio) pode ser um crime, em si mesmo, é
um absurdo, para mim.
Não é apenas porque é muito
difícil escolher as ideias de que não se gosta para serem consideradas crime
(em que medida a ideologia fascista é mais desprezível que a ideologia
comunista, por exemplo?), mas porque a discussão sobre o que é crime, ou não, passa
a ser estritamente ideológica.
Que o Bloco de Esquerda organize manifestações onde existem cartazes a dizer "morte aos ricos" ("nas manifestações aparece de tudo, isso já se sabe", justificou Catarina Martins) não tem nenhuma implicação criminal para quem carrega o cartaz e para quem é conivente com ele, embora a mim me pareça discurso de ódio, já que alguém organize uma manifestação contra a islamização da Europa, há quem considere uma violação da lei, embora a mim me pareça uma coisa simplesmente ridícula.
Para mim, estão bem uns para
os outros, só que não posso deixar de notar que pôr a coisa nestes termos
corresponde a deitarmos fora um grande princípio da nossa cultura cristã:
combater o pecado, mas nunca o pecador.
Ser contra o racismo não é ser
contra racistas.
O princípio não é simples nem
natural, é um esforço da civilização contra a natureza, de tal maneira que a
mesma igreja que o enuncia tem a sua história cheia de violações a esta ideia
(quer usando igreja no sentido de instituição, quer usando no sentido de
comunidade de crentes).
No entanto, não deixa de ser
um dos pilares fundamentais das nossas democracias liberais: as ideias
combatem-se, não se reprimem, os defensores das ideias rebatem-se, não se
prendem, o que se reprime são as ações que afetam negativa e ilegitimamente a
comunidade.
A normalização da ideia de
luta de classes que justifica a violência contra os opressores, enquanto grupo
social, e outras coisas que herdámos do marxismo e atualizamos para diferentes
categorias de grupos sociais e novas vítimas, estão a substituir o princípio da
liberdade de defender as ideias mais horríveis que possamos imaginar.
É uma pena e uma vitória do wokismo.
Título e Texto: Henrique Pereira dos Santos, Corta-fitas, 23-1-2024
Em Lisboa, centenas de patriotas saíram às ruas para lutar contra a islamização de Portugal.
ResponderExcluirPORTUGAL AOS PORTUGUESES! 🔥⚔️
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