Telmo Azevedo Fernandes
Na Alemanha, o governo
preparava-se para desviar as verbas que tinha alocado para fazer face aos
problemas gerados no país pelas suas próprias más decisões a pretexto da Covid
para suportar um enorme gasto e desiquilíbrio geral das contas públicas. Mas um
Tribunal alemão proibiu a marosca.
A par desta decisão judicial,
como o governo alemão continua empenhado em fazer cumprir a narrativa
apocalíptica da urgência em atingir a chamada “neutralidade carbónica”, mesmo
que isso empobreça a generalidade da população e coloque em risco largos sectores
vulneráveis da sociedade, o executivo de Olaf Sholtz decidiu acabar com os
benefícios fiscais sobre o gasóleo agrícola, passar a taxar a circulação e os
veículos para a agricultura, entre outras sevícias dirigidas aos empresários do
sector primário.
A reação dos agricultores não se fez esperar, atingiu enorme dimensão e arrastou, entretanto, a solidariedade de outros setores. Face ao aumento de impostos e a imposição acrescida de normas e regras justificadas com lirismos eco-fascistas, mas que aumentam o custo de produção de bens agrícolas, o povo saiu à rua em protesto.
Logo a classe política e os comentadores vieram catalogar as manifestações dos agricultores como sendo de extrema-direita e ensaiaram a justificação sobre a subida dos preços dos bens alimentares com a ganância das cadeias de supermercados.
Em Portugal estas notícias não
passam nas televisões nem nos jornais mainstream. Talvez porque se
o fizessem tivessem também de registar que o descontentamento com as políticas
dos governos esteja a colocar em segundo lugar nas sondagens e em primeiro
lugar nas regiões da antiga Alemanha de Leste a AfD – o partido alemão
equivalente ao Chega.
Políticas erradas e desfasadas
da realidade ou necessidades concretas da população são prado fértil para os
populismos. O silenciamento da indignação das populações é rastilho para
extremismos. O crescimento da AfD e do Chega são sintomas. Quanto mais tentarmos
apagar ou esquecer os sintomas, mais alastra a verdadeira doença que é a
putrefacção dos regimes e oligarquias dominantes.
No final do vídeo, deixo
algumas imagens impressionantes das manifestações na Alemanha que provavelmente
não viu.
Título, Texto e Vídeo: Telmo
Azevedo Fernandes, Blasfémias,
17-1-2024
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