domingo, 14 de janeiro de 2024

[As danações de Carina] A ‘Saudade’ e a ‘Esperança’ ainda podem ser traduzidas como uma simples canção: a ‘Amélia’ dos velhos tempos reforça essa possibilidade.

Carina Bratt

VAMOS TENTAR analisar a ‘Saudade’ e a ‘Esperança.’ Ambas são palavras distintas. Se entrelaçam entre si num cotidiano que podemos encontrar em qualquer esquina da vida. Indubitavelmente são termos conhecidos dos brasileiros de norte a sul do país. A ‘Saudade,’ pelo fato de sermos um povo emotivo, uma raça que se apega com razão aos valores familiares; que se entrelaça às boas amizades e, principalmente, às loucuras (dos desvairados) e apaixonados amores. Esses amores podem ser reais, imaginários, malucos..., enfim, as formas de existência são as mais diversificadas. 

Ao se endeusar, via geral, o amor, as pessoas o convertem em mito. Tal prodígio, nos remete aos idos de 1942, quando Mário Lago fez a poesia e Ataulfo Alves a musicou brilhantemente. Falo da ‘Ai que saudades da Amélia’ (ou simplesmente ‘Amélia’). Até nossos dias, é considerada uma obra prima, como escreveu o historiador Jairo Severiano, em seu livro ‘Uma história da Música Popular Brasileira – Das origens à modernidade’ lançado pela Editora 34, com 501 páginas, no ano de 2008.’’ 

Poeta e cantor, foram divinos em particularizarem aquela simpática jovem desconhecida ‘que apesar de viver nas sombras imaginosas de dois poetas fabulosos, se transformou na ‘mulher de verdade.’’ Nesse tom, euzinha diria às minhas amigas da ‘Família Cão que Fuma’: a ‘Saudade’ é uma coisa tão particular, tão viva e pulsante dentro de cada uma de nós, que melhor seria (e será) não tentar definir. A minha sentença, portanto, não se faz necessária, uma vez que entendo, possa vir bater de frente com as ideias das minhas amigas e leitoras. 

Resumindo, cada um na sua. A ‘Esperança’ poucos povos alimentam as razões que carregamos dentro da alma, para reverenciá-la como deveria. Como ‘País,’ somos uma potência enorme, mas às avessas. Possuímos enormes extensões de terras fartas e abundantes prestigiadas, com o descaso e a cara de pau de um punhado de imbecis que a destroem um bocadinho a cada dia. Como ‘Nação,’ um povo trabalhador, ordeiro e pacato. Quanto a isso, não há dúvidas.  

Uma leva de cabeças acomodada e serena, repousando à beira de ‘nenhum recurso’, contudo enfrentando sem pensar duas vezes com um turbilhão gigantesco de sequelas e lesões cujas origens se localizam no comportamento de meia dúzia de canalhas e bandidos, picaretas e larápios que, de forma quase hereditária, conduzem o rincão brasileiro, objetivando primeiramente alcançarem interesses particulares. Nada mais que isso. Como ‘Sociedade,’ somos um fracasso. 

Um zero à esquerda de sindicato e carteirinha. Nos assemelhamos aos elitistas e reducionistas, no sentido de ignorarmos o amplo e o geral, em favor do próprio domínio social que nos esmaga. Falo tal coisa, amigas e leitoras, com as devidas exceções de praxe. É nesse momento que vem a ‘Esperança.’ No país em que vivemos, já se encenou várias peças teatrais, filmes, novelas, livros e músicas, com o bonito e simpático nome de ‘Brasileiro – Profissão Esperança.’ Acho o título bastante sugestivo.

 De prático, estamos longe de alcançarmos os verdadeiros objetivos. Afinal, o que é a ‘Esperança’? ‘Esperança’ eu classificaria tudo aquilo que envolve ou engloba o ‘Novo,’ o que está por vir. A ‘Esperança’ é aquela flor quase morta (por falta de quem cuide dela com carinho), a que, apesar dos pesares, encoraja, abastece, agasalha e amamenta a nossa vontade férrea e indestrutível de continuarmos na luta, na peleja pelos objetivos esquecidos. Se não houver ‘Esperança’ (ainda que somente no sentido não muito amplo da palavra), para que lutar?! 

Na ‘Política,’ ‘Esperança’ e ‘Saudade,’ jamais serão parceiras a seguirem de mãos dadas. ‘Apenas’ – vejam bem –, ‘apenas’ fatores a se conjuminarem ou a se convergirem sabe Deus quando. Algumas das minhas amigas e leitoras já sentiram ‘Saudade’ dos tempos dos nossos tios e avós? Eles plantavam e colhiam. Viviam do cultivo da Terra. Acaso, por aí se houve, nos bares e botequins, puteiros e restaurantes em alto e bons ouvidos desentupidos, seres viventes se expressarem dessa forma: ‘nossa, que tempo fantástico’?! No BBB 24 a palavra se transformou em moeda de troca. 

Infelizmente, por consequência do que reportei em minhas ‘Danações de hoje, ‘a resposta para os de vergonha na cara, deve ser um ‘NÃO.’ Existem criaturas que são levadas a acreditarem em quem as enganou e continuarão na pouca vergonha do engodo. A coisa é inevitável. Se tornou desastrosa e agourenta. No pior dos mundos, ainda creio sejam casos isolados. Nas últimas décadas, qual o presidente (não importa o partido em que a doença incurável esteve filiada). 

A indagação é:  quem largou das tetas, ou deixou de mamar às nossas custas com índices de popularidade minimamente aceitáveis?! Se no Brasil houvesse alguma regulação quanto aos gastos com publicidade, certamente todos sairiam com zero de popularidade. Coisa recente, a verba escabrosa liberada para os Correios. A bagatela de R$ 400 milhões de reais. Sem mencionar a Empresa Correios como um todo: uma porcaria, uma droga, um cagalhão.  

O que mantém esses cânceres ou o que ainda ressuscitam lembranças infames, não passam de gatos pingados, ‘usque’ meras ‘Lembranças,’ e não ‘Saudades,’ observando que todos os que passaram (e os que passam), abocanharam e morderam em seus mandatos gastando mais para se promoverem do que propriamente fazendo alguma coisa de útil e aproveitável com relação à plebe sofrida e alienada. Por essa visão, amigas e leitoras, não sabermos ou vermos ou escutarmos pessoas nas ruas, botecos, puteiros ou restaurantes, clamando as suas ‘Saudades’ pelas figuras dos políticos, ou de vigaristas tais e quais. 

De roldão, dos juramentos que invariavelmente não foram cumpridos e os novos papos furados (dos que abundam nesse momento o berço das grandes decisões nacionais). Entre tapas e beliscões, o que vemos, minuto a minuto, em repeteco se renovando, tudo orbita de acordo com os interesses momentâneos. Vivam, pois, as velhas e desusadas promessas revestidas em roupagens mais modernas e elegantes. 

Existem hordas e grupos, turbas e legiões por todas as capitais clamando pela ‘Esperança,’ Pelo novo. Pela diferença. Por mudanças. Por ‘Esperanças.’ E agora, será que a ‘Esperança’ se renovará?! Amigas, não sintam ‘Saudade.’ Tampouco cultivem o fracasso, a desventura, o descalabro. O futuro será alicerçado naquilo que vocês edificarem e ninguém irá à lugar algum com ‘Saudade,’ somente com a tocha da ‘Esperança’. Se fala muito em passado e presente. 

Apesar disso, não abdiquem do direito de construírem o amanhã, o porvir. O seu futuro. O nossa Salvação. Rogo que todas vocês façam alguma coisa urgente usando, como instrumento a ferramenta ‘Esperança.’ Deem a ela, o nome que desejar, sobretudo, cultivem as suas raízes, de tal forma, que logo adiante, num próximo dia a nascer, possam, por sua presença, sentirem ‘SAUDADE.’ A mesma que o saudoso Mário Lago e o inesquecível Ataulfo Alves corporificaram na inesquecível e sempre bem-vinda ‘AMÉLIA.’  

Título e Texto: Carina Bratt, de Vila Velha, no Espírito Santo, 14-1-2024  

Anteriores: 
Obsessões silenciosas 
Chegou a hora de arrancarmos a velha página 
Para o Natal em nossa volta, eu gostaria de dizer que... 
Rabiscos ilegíveis 
Daqui a pouco... será NATAL

Um comentário:

  1. Parabéns, pelo texto. Continuo me surpreendendo com você a cada publicação.
    Seu fã
    Aparecido Raimundo de Souza.
    de Vila Velha, no Espírito Santo.

    ResponderExcluir

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-