A razão mais básica é fisiológica: a fofoca traz prazer imediato ao ser humano, sem esforço. Ela gera um pico de dopamina, o neurotransmissor associado ao prazer e à felicidade
Rosane Ventura
A razão mais básica é
fisiológica: a fofoca traz prazer imediato ao ser humano, sem esforço. Ela gera
um pico de dopamina, o neurotransmissor associado ao prazer e à felicidade,
seguido por uma queda. Isso explica por que a fofoca é tão viciante e facilmente
se espalha de pessoa para pessoa.
Um estudo da Universidade de
Northeastern, em Boston, liderado pela neurologista Lisa Feldman-Barrett,
revelou que nosso subconsciente valoriza a fofoca. A pesquisa mostrou que os
participantes prestavam mais atenção a imagens de pessoas associadas a fofocas
negativas. Esse comportamento é uma forma de autoproteção: nosso cérebro busca
informações que possam nos proteger de indivíduos potencialmente perigosos,
mantendo-nos alertas.
Além da explicação fisiológica, há também uma explicação ancestral. A fofoca era um instinto de sobrevivência para nossos ancestrais, ajudando-os a se unir contra inimigos comuns e se proteger em grupos. Teorias sugerem que a prática da fofoca evoluiu após o homem aprender a controlar o fogo. Reunidos ao redor de fogueiras, os primeiros humanos começaram a se comunicar mais livremente, discutindo assuntos menos sérios.
Compreender essas razões nos
ajuda a reconhecer a fofoca como um comportamento antigo e enraizado. No
entanto, cabe a cada um de nós escolher não praticá-la e saber como reagir
quando ela ocorrer ao nosso redor. Sabendo que a fofoca é viciante, a melhor forma
de combatê-la é não alimentá-la.
A prática da fofoca também
afeta nossa motivação e foco. Fofocar nos faz perder tempo, energia e capital
mental, desviando nossa atenção dos próprios problemas. Além disso, falar mal
dos outros reduz nossa frequência energética, atraindo negatividade para nossas
vidas.
Não se trata de julgar a
prática da fofoca, mas de entendê-la melhor e, a partir dessa compreensão,
perceber que quem fofoca frequentemente pode não ter autoconsciência do que
está fazendo. O maior antídoto contra a fofoca é o autoconhecimento. Quando nos
conhecemos bem, não queremos repetir comportamentos nocivos do passado.
Se seu grupo costuma fofocar,
talvez seja hora de reavaliar amizades, mudar de ambiente e começar de novo.
Relações baseadas na negatividade são tóxicas em qualquer contexto.
Diga não à fofoca e promova um
ambiente mais saudável e positivo ao seu redor.
Título, Imagem e Texto: Rosane
Ventura, Diário
do Rio, 11-6-2024
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