A saída da sociedade detentora
da Jerónimo Martins para a Holanda levantou polémica. A decisão, por muito
justificada que seja em termos de gestão, causou um dano reputacional à empresa
que vai demorar muito tempo a ser ultrapassado.
Miguel Alexandre Ganhão
Soares dos Santos, o patrão da
Jerónimo Martins, até faz parte da Associação Cristã de Empresários e Gestores,
que recentemente divulgou um manual de boas práticas de que constam, como princípios
fundamentais, entre outros, pagar os impostos a tempo e horas e não atrasar o
pagamento dos salários aos trabalhadores. Mas como a ética e os negócios sempre
viveram uma relação cínica, a ida da Jerónimo Martins para a Holanda foi
rapidamente rotulada como uma "evasão fiscal legal".
Sem duvidar das virtudes do
planeamento fiscal agressivo, há um outro argumento muito mais poderoso: o
funcionamento da Justiça. O Direito Comercial holandês resolve em meses o que
em Portugal demora décadas. Dou um exemplo: o Tribunal da Relação condenou a
Bolsa de Lisboa a reintegrar no mercado um conjunto determinado de acções. A
verdade é que o titular dessas acções até aos dias de hoje ainda não conseguiu
executar a sentença. A decisão remonta a 1998. Com uma Justiça destas, não há
patriotismo que resista.
Título e Texto: Miguel
Alexandre Ganhão, Subchefe de Redacção, Correio da Manhã, 05-01-2012
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