Ora, vamos lá ver...

… a quem confiaria o seu dinheiro: Merkel ou Hollande?

Camilo Lourenço

Caro leitor, suponha que tinha dois candidatos a gerir as suas finanças (ou as do seu país): François Hollande, o entusiasmado presidente francês, e Angela Merkel, a desengonçada chanceler alemã. A quem as confiaria? Eu não tenho dúvidas: a Merkel.

Significa isto que ela é o supra-sumo das Finanças? Não. Significa isto que o seu registo, enquanto gestora da Alemanha e da Europa, é irrepreensível? Longe disso (já a critiquei várias vezes nesta coluna): a senhora tem pouca visão estratégica, pouco carisma (deixa-se conduzir pelos acontecimentos em vez de os influenciar), domina mal o funcionamento dos mercados e tem poucas qualidades de negociadora (coisa importante numa União que tenta federar 27 nações diferentes).

Com tantos defeitos por que a escolha de Merkel? Simples: ela sabe o que é o valor do dinheiro. Ela sabe o que é o valor da poupança (não há crescimento económico sem poupança). Para ela um Euro é... um Euro. E a chanceler sabe o que tem de ser feito para esse Euro não passar a valer, daqui a dez anos, meio Euro... ou zero Euros. Coisa em que os gregos, e muitos portugueses (sobretudo da Esquerda mais à Esquerda), são especialistas...

Esta é a lição que aprendemos com Merkel: o valor do dinheiro. Numa altura em que vemos políticos portugueses a defender que devemos rasgar os contratos que assinámos com quem nos emprestou dinheiro, nunca é de mais lembrar isto. Porque Portugal precisa de aprender a valorizar o dinheiro do contribuinte. Isto é, a fazer esta pergunta de cada vez que um político vota uma despesa: quanto é que isto vai custar em impostos?

Subtítulo e Texto: Camilo Lourenço, Jornal de Negócios, 16-05-2012