Três aposentados da Varig,
empresa aérea brasileira que entrou em falência, estão acampados e em greve de
fome no saguão de desembarque do aeroporto Santos Dumont, na região central do
Rio. Um deles está sem comer há oito dias.
Há sete anos, cerca de 10 mil
ex-funcionários da Varig e da Transbrasil lutam na Justiça para receber seus
depósitos no fundo de pensão Aerus, que está sob intervenção da União. Segundo
eles, o dinheiro recolhido pelas empresas não foi repassado ao Aerus, o que
acabou deixando o fundo sem verba. Sem o dinheiro, o Aerus passou a pagar cada
vez menos as aposentadorias complementares.
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Foto: Reynaldo Vasconcelos/Futura Press |
De acordo com José Manuel da
Rocha da Costa, 67, que começou o movimento, os aposentados montaram o
acampamento no aeroporto para chamar a atenção do STF (Supremo Tribunal
Federal). O Supremo sinalizou que pode mudar para setembro a data do julgamento
da ação civil pública que prevê o pagamento integral das aposentadorias. Isto
porque, o STF retoma, na próxima quarta-feira (14), o julgamento do mensalão.
Grevistas querem chamar atenção de Joaquim Barbosa
Para aguentar ficar sem comer,
os aposentados bebem água, e água de coco. Costa diz não sentir fome, e que o
mais difícil é a hora de dormir. "Além do chão duro, aqui é muito
barulhento. Ficar sem comer também dá muito cansaço", disse.
Os grevistas têm um
acompanhamento de amigos médicos, que verificam a pressão arterial e os níveis
de glicose, além de também contarem com o ambulatório da Infraero (estatal que
administra o aeroporto). Até o momento, nenhum deles precisou de socorro.
"Nos dois primeiros dias,
passei mal, com tonturas e enjoos, mas, depois, meu corpo se adaptou",
disse Izabel Regis, 51, comissária de bordo aposentada, que está há seis dias
sem comer. "Eu sou atleta, tenho o corpo saudável."
O comissário de voo aposentado
Lucas Borges Alves, 67, também disse não sentir fome. "Hoje só acordei um
pouco decepcionado. Achei que uma greve de fome iria causar mais impacto
perante essa situação de injustiça, de descaso com os idosos", disse o
aposentado, que está em greve de fome há quatro dias.
Os manifestantes montaram seu
"acampamento" junto aos bancos de espera no setor de desembarque.
Eles fizeram cartazes em português e inglês para chamar a atenção dos usuários
do terminal -entre eles o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, que mora
também no Rio, além de Brasília.
"Estamos tentando
descobrir que horas ele embarca", disse Costa, na esperança de que Barbosa
ainda não tivesse embarcado para Brasília nesta segunda.
Experiente
Costa já tem experiência em
greves de fome. No início de julho, ele ficou cinco dias sem comer em protesto para que o presidente do STF desse o
parecer sobre a antecipação de tutela (adiantamento dos efeitos do mérito da
ação) - Barbosa havia pedido vista seis meses antes. O comissário de bordo
começou o movimento, também no Santos Dumunt, mas solitariamente.
"Deu resultado, cinco
dias depois ele deu o parecer, negativo, mas deu", contou o aposentado.
Segundo ele, os aposentados
devem decidir até quarta-feira (14) sobre os rumos da greve. Caso o julgamento
da ação seja adiado, eles vão pensar em outra estratégia para chamar atenção
das autoridades federais.
Título e Texto: Carolina Farias, UOL,
12-8-2013, 15h32 (BSB)
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Valeu, José Manuel! Foram 5 dias memoráveis…
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