Vasco Lobo Xavier
O PCP defende que, em 2016, o
salário mínimo deve ser de 600 euros e a comunicação social faz eco acrítico
disso, como se fosse possível. O líder da CGTP diz que recusa a desculpa de que
não há dinheiro e ninguém o interpela para saber onde ele o vai buscar. O Bloco
apregoa que a austeridade não funciona como elemento de consolidação das contas
públicas e não há um microfone que o interrogue como é que o desbaratar de
dinheiro que não existe fará a consolidação das contas públicas.
Freitas, Félix, Carvalho da
Silva, Louçã e outros, sempre contra qualquer corte da despesa pública, contra
aumento de impostos, e críticos de cada vez que o Estado se arrisca a não
cumprir o défice ou as previsões, exigem agora que o Estado gaste uma catrefada
de centenas de milhões de euros dos contribuintes na PT, coisa que os media divulgam
aplaudindo.
O desemprego desce e a TVI vai
para a porta dos centros de emprego interrogar as pessoas desempregadas. PCP e
Bloco desmentem o INE em todos os noticiários e ninguém se lembra de lhes
perguntar em que estudos, análises ou estatísticas foram eles basear-se para
tais afirmações.
A Troika, com o FMI à cabeça,
passou a ter razão plena a partir do momento em que criticou o Governo, e com o
aplauso entusiástico de toda a oposição, não obstante as críticas se centrarem
no aumento do salário mínimo aprovado pelo Governo e na diminuição de
austeridade.
O INE só é uma entidade boa,
séria e credível quando o desemprego sobe. Acaso desça o desemprego, o INE
passa a ser o pior dos malfeitores. Ler
os jornais ou ouvir noticiários passou a ser um enjoo. E ninguém se indigna.
A única coisa que este país
merece, mesmo, é a comunicação social que tem.
Título e Texto: Vasco Lobo Xavier, “Corta-fitas”,
6-11-2014
Pois é, os leitores mais
pacientes desta nossa revista já sabem o que penso da imprensa portuguesa: uma
cambada de pessoas – ditas ou apeladas de jornalistas, comentadores,
investigadores – que nada mais são do que militantes de partidos que fazem
oposição ao atual governo (de “Direita”), eleito pelos portugueses em junho de
2011.
Nem os primeiros são
profissionais, pois não seguem nenhuma deontologia; os segundos são uns
oportunistas, que ganham para fingir que são comentadores quando são militantes
partidários; os terceiros, ah! esta é a figura mais interessante, são ‘investigadores’,
por exemplo, o ex-secretário-geral da CGTP, departamento sindical do Partido
Comunista Português, uns tantos quantos do Bloco de Esquerda (aquela esquerda ‘ipanemense’
que de povo nada conhece e nada quer, a não ser explorar-lhes as fraquezas ou
insuficiências), estão todos no Centro de Estudos Sociais, da Universidade de
Coimbra, fazendo companhia a Boaventura Santos, a mesma universidade que
concedeu o honoris causa ao Guia
Universal dos Povos…
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