Alberto José
Ao colega José Manuel:
Se
Se és capaz de manter tua
calma, quando,
todo mundo ao redor já a
perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão
todos duvidando,
e para esses no entanto achar
uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te
desesperares,
ou, enganado, não mentir ao
mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao
ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem
pretensioso.
Se és capaz de pensar - sem
que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos
sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o
Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses
dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de
ver mudadas,
em armadilhas as verdades que
disseste
E as coisas, por que deste a vida
estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco
que te reste.
Se és capaz de arriscar numa
única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a
tua vida.
E perder e, ao perder, sem
nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de
partida.
De forçar coração, nervos,
músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles
ainda existe.
E a persistir assim quando,
exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que
ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe,
não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a
naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer
maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma
utilidade.
Se és capaz de dar, segundo
por segundo,
ao minuto fatal todo valor e
brilho.
Tua é a Terra com tudo o que
existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais -
és um Homem, meu filho!
Rudyard Kipling, 1895
Tradução: Vitor Vaz da Silva
(Dizem que o senhor Honorato
foi mecânico na aviação. Mas ele tem vocação para NAVEGADOR, pois escolheu o
José Manuel como a "estrela" para orientar o seu plano de voo!)
Alberto José, 5-12-2014
Delenda est PT!
NdE:
If,
que em português tem o título "Se",
é um poema escrito em 1895 pelo escritor e prêmio Nobel, Rudyard Kipling, e
publicado pela primeira vez em 1910 numa coletânea de contos e poemas
intitulada Rewards and Fairies. É
geralmente interpretado como referindo-se ao tradicional estoicismo britânico.
Segundo o que próprio autor escreve na sua autobiografia Something of Myself, o poema foi inspirado por Leander Starr Jameson.
Há duas traduções conhecidas
do poema, em português europeu e
brasileiro. São, respectivamente, da autoria de Félix Bermudes e de Vitor
Vaz da Silva.
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