José Manuel
Poderia e talvez até devesse
começar me referindo ao coletivo, mas como é uma desenvoltura natural dos
fatos, a todos do Aerus, prefiro no momento concentrar-me apenas no
pessoal.
Me considero um vencedor, pois
ter chegado até aqui e passado pelo inferno patrocinado, pelo qual estou
passando, mantendo-me íntegro psíquica e salutarmente, só mesmo um vencedor
teria a fibra para que isso acontecesse.
Todos os dias agradeço pelas
vitórias conquistadas, e oro, pois a fé é e sempre será a mãe de
todas as nossas verdades e de tudo o que acreditamos…
Desde o dia 13 de julho de 2012, quando fui vencedor na ação civil pública, nada comi e a
minha mesa continua vazia, pois essa vitória me deu o alento somente para
perceber que poderia continuar.
Mais à frente, agora já em 12 de março de 2014, fui novamente vencedor na tarifária que é da Varig, mas
que me pertence também pois é a reposição do meu dinheiro que lá estava no
fundo de pensão, continuei com a tiara de louros na cabeça mas o estomago
permanece assustadoramente vazio.
Esta semana, mais precisamente
na terça-feira dia 03-12-2014,
fui mais uma vez entronizado ao ponto mais alto do pódio.
Desta vez houve audiência
expressiva, emoções à flor da pele, o país finalmente tomava conhecimento de
que eu era realmente um vencedor. Só não teve a espuma espargida
da champagne simbólica.
A vivo e a cores o país
inteiro conheceu como, o quanto e o quê fizeram comigo e o porquê da homenagem
recebida.
Não mais nos recônditos frios
e técnicos das varas federais, onde a grande maioria não tem acesso, mas com a
força de um Congresso Nacional, e não há mais como negar, não há mais como
postergar, não há mais como recursar.
A marca indelével da verdade,
está gravada a fogo em minha alma, mas quando olho a mesa, essa verdade que
deveria estar ali representada pelos alimentos que me dão o sopro da vida,
continua vazia.
Continuam vazios, o plano de
saúde, a saúde, as expectativas, a felicidade, as carências, o nada como
companhia.
Está bem, são agora mais
quinze dias, segundo o que se fala a boca pequena e oficial para que os
trâmites burocráticos se transformem em comida, em espasmos de vida.
Não há mais o que fazer, é uma
imposição judicial, apenas assinar o sacramentado, o mais rápido possível, a fim
de que as mesas vazias de uma cozinha não se transformem de vez em mesas frias
de um necrotério.
A decisão, com a rapidez ou
pela postergação vil aos alimentos de pessoas vulneráveis, extenuadas pelo
longo cansaço, e a sua consequente responsabilização, estão com os homens.
Deus, já nos deu as vitórias.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig,
5-12-2014
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