José Carlos Bolognese
Outro dia, em uma instituição
onde sou voluntário, minha tarefa era colocar quadros de avisos, de cortiça,
nas paredes. Para minha surpresa, na embalagem do produto lia-se: feito na
China. De outra feita, num supermercado, peguei um pacote de espetinhos de
churrasco e, antes de chegar ao caixa, notei na embalagem: fabricado na China.
Uma amiga que gosta de jardinagem comprou um saco de esterco e descobriu
estupefata que era importado da China. Para alguém como eu, que acredita mais
nas virtudes do que nos defeitos da globalização, o que digo pode parecer um
nacionalismo bobo, rejeitando o que vem de fora.
Mas o que quero tratar aqui se refere mais à
forma inteligente ou burra com que o governo de um país lida com seus recursos,
suas potencialidades e como se engrandece ou fracassa no cenário mundial. O
Brasil não é pobre de recursos, mas as oportunidades que deixa passar por
ignorância, burrice e até má-fé, aceleram a nossa locomotiva nativa com toda a
força, mas... para trás, em marcha ré. O que era o país do futuro precisa
voltar a ser um país com futuro e para isto exemplos de bons empreendimentos
não faltam mas, ou não prosperam, ou são liquidados, como foi feito com a
Varig. Importar até produtos ordinários demonstra a que ponto chegou a nossa
desindustrialização. Seria até um sonho se o Brasil só precisasse importar
produtos primários e exportasse produtos e serviços de alta qualidade desses
que, por exemplo, necessitam de mão-de-obra bem treinada, isto é, trabalhadores
bem-educados – de fato.
É estranho, para não dizer
vergonhoso, ver o país exportar primordialmente matéria-prima para a China e
importar badulaques. Porém, para lá de estranho porque, isto sim, vergonhoso, é
saber que o governo – sim, o governo, não a indústria e nem o comércio – faz o
que chama de “exportação de serviços”, um eufemismo para os mais de 99% de
dinheiro do BNDES, isto é, dinheiro nosso, que é repassado a apenas cinco
grandes empreiteiras - os campeões nacionais - para obras em países amigos do
PT - mas não do Brasil - a juros impossíveis a qualquer um de nós que geramos
os recursos que vão parar nos cofres desse...“banco nacional de desenvolvimento
econômico social”... para quem acredita nisso. Só para o tal porto de Mariel,
em Cuba, saem 682 milhões de dólares, uns 3 bi em reais que dariam para
construir cerca de 14 hospitais com 250 leitos cada ou 1400 UPAS. Realmente, um
grande negócio... para os cubanos... a amigáveis juros entre 4,4% e 6,9% ao
ano. Mas não é Cuba quem leva mais. Angola, um país que há longos 36 anos
“elege” o mesmo presidente e onde, segundo o FMI, descobriu-se o sumiço de 32
bilhões de dólares, leva do BNDES 3,4 bi, de dólares também, a suaves juros de
2,8% a 7,7% ao ano. Estranho descobrir-se um sumiço quando o sumiço é que
deveria o motivo da busca de algo que sumiu, provavelmente recursos do povo
angolano. É para indivíduos em governos desse tipo que vai o nosso
dinheiro...que não serviu para ajudar a salvar a Varig. Fico imaginando, se
houver uma empresa aérea em algum desses países que esteja como a Varig estava
há dez anos...
Não preciso imaginar por
razões muito simples: a Varig exportava serviços de alta qualidade, um deles a
manutenção de aeronaves estrangeiras dentro dos rigorosos padrões
internacionais. Outra exportação variguiana, algo que me é particularmente
caro, era o nosso serviço de bordo aplaudido e copiado por grandes empresas
aéreas em várias partes do mundo. Isto, é óbvio, beneficiou por muito tempo o
próprio país. No entanto nada disso foi levado em conta quando decretaram a
morte da empresa. Então é triste, vendo para onde e para quem vai o nosso
dinheiro, concluir que como nós, que nascemos no país errado, a Varig também
deveria ter outra nacionalidade. Se fosse de um desses países amigos do PT – e
nada amigos dos brasileiros que prestam – bastava o ditador de plantão pegar o
telefone e pronto!, lá ia alto voando a grana com os juros ao baixíssimo nível
do chão.
Assim, embora muito mais possa
ser lançado na conta deste partido miserável que destruiu a Varig e está
afundando o país, não posso deixar de lamentar também a inoperância do nosso
sistema judiciário. Altamente remunerado, abrigado, alimentado, bem vestido,
transportado, prenhe de benefícios escancarados e ocultos, custa-nos uma
fortuna e devolve aos que precisam de justiça apenas o benefício da dúvida e da
insegurança dos contratos – mas só do lado dos que são pobres e sem recursos,
pois estes, como os trabalhadores da Varig, só muito tarde percebem que
nasceram no país errado.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 10-6-2015
Li e estudei seu texto atentamente.
ResponderExcluirNão posso discordar, mas apenas lamentar os acontecimentos.
Eu não acredito que nascemos num país errado, creio que as escolhas dos imbecis é errada.
No meu blog eu já escrevi que a CHINA está acabando com o "Brasiu", certas coisa mostraram essas evidências.
As tomadas brasileiras são únicas no mundo e todas produzidas na china.
Os chineses acabaram com o nosso setor calçadista, e já produzem grandes estragos no setor moveleiro e de tecidos.
O setor de brinquedos brasileiros famosos pela estrela e a trol simplesmente acabou.
Nosso setor de computação do lado de periféricos escafedeu-se, tudo é chines, mouse, teclados, até gabinetes estão vindo da china.
Falta protecionismo.
Não temos mais nenhum automóvel brasileiro sem peças importadas, e muitas dela são chinesas.
Agora o mercado de lâmpadas também está ameaçado.
Outro dia meu monitor pifou, tive que por fora, a peça importada da coreia custava mais caro que um novo.
Fui comprar almofadas, pois com o tempo elas se deformam, outra surpresa, todas eram chinesas.
Você vai numa loja de 1,99 tudo que está lá dentro vem da china.
Agora querem saber o que os chineses levam daqui?
Ferro, manganês, alumínio e nióbio, carne, café e açúcar.
Agora o PT aluga parte da PTbrás para investimentos chineses.
Eu gostaria de mandá-los para a puta que os pariu, mas não posso, ela está na china.
Aliás aqui no sul china é apelido de PUTA.
bom dia