Luciano Henrique
As decisões tomadas na guerra
política, obviamente, impactam a vida de todos. Se esta é uma verdade
inescapável, nossas escolhas deveriam ser responsáveis e, principalmente,
avaliadas sob o aspecto moral. Boa parte da direita diz “(x) é igual a
(y)”, com a mesma leviandade que criticam ou apoiam jogadores de futebol.
Muitas vezes acabam optando por sua própria opressão, por puro desleixo ou
egolatria.
Ontem fiz um post sobre a questão do embate entre Malafaia e Boechat, com dicas
para o primeiro conseguir lançar bons mísseis teleguiados contra o segundo. Ao
mesmo tempo, vi uma parte da direita se rebelar contra Malafaia com argumentos
como “ele é religioso e defende algo de que discordo” ou até um campeão
professando “ah, eu não vou com a cara do Malafaia mesmo”.
Será que essas pessoas estão
agindo de forma moral ao agirem assim? Sim, se elas tiverem bons argumentos em
mãos para usar a tática da equivalência moral. E não, caso não tenham bons
argumentos. E, em geral, esta argumentação é mais furada que tábua de pirulito.
Alguém pode até não ir com a
cara de uma criança que acabou de ser vítima de um estupro praticado por um
pedófilo. Mas, em relação ao crime, não há um argumento moral que coloque esta
vítima de pedofilia no mesmo patamar moral que seu estuprador. Isto, que
deveria ser óbvio para qualquer um que se aventure ao debate moral, acaba sendo
ignorado pela direita. A regra ignorada é esta: quando for aplicar critérios de
equivalência moral (que justifiquem a neutralidade em conflitos políticos),
seja cuidadoso antes de praticar a equivalência.
Por mais que critiquemos
Malafaia por algumas ideias, continuamente conseguimos demonstrar
instâncias torpes de relativismo moral no discurso de quem diz que “Malafaia e
Boechat são farinha do mesmo saco”.
Quer ver? Adversários de
Malafaia dizem que ele “chantageia seus fiéis por dinheiro”. Não, não há
chantagem, mas o recebimento de doações voluntárias. Por outro lado, Ricardo
Boechat defende um socialismo violentíssimo, que sempre obtém seus dividendos
na forma de coerção estatal, o qual jamais deixa de usar a violência. Comparar
a tomada de poder por um sistema totalitário (defendida por Boechat) com a
obtenção de doações sem o uso da violência (praticada por Malafaia) e, em
conclusão, afirmar que são “a mesma coisa” demonstra incapacidade cognitiva de
avaliação de questões morais e, como tal, devemos nos preocupar com julgamentos
éticos feitos por essas pessoas.
Na guerra política, quando
avaliamos contra e a favor de quem nos posicionamos, não podemos ser levianos,
sob o risco de inevitavelmente apoiarmos a pior opção para nós. Em que mundo
você quer viver?
No mundo de Boechat, onde você
será um escravo? Eu tenho certeza de que não quero viver em um mundo idealizado
por Boechat, e, para isso, sei que será preciso me aliar com outros
direitistas, até mesmos os que possuam alguns dogmas dos quais discorde.
A tomada de posição
decididamente contra Boechat é uma escolha na esfera da guerra política, com
foco em resultados. A escolha por “nenhum dos dois” é a escolha pelo seu próprio
ego, em detrimento de quaisquer resultados. Infelizmente, mais uma vez, uma
parcela minoritária, mas infelizmente não minúscula, está escolhendo o ego
sobre qualquer forma de estratégia.
Em tempo: um frame importante
que surgiu de algumas pessoas da extrema esquerda diz que a expressão “vá
procurar rola” é uma sentença misógina e machista, e, como tal, o
reconhecimento deste fator pode desgastar ainda mais o jornalista bolivariano.
Título e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 21-6-2015
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