terça-feira, 30 de junho de 2015

A Grécia e a informação hipotecada

José Mendonça da Cruz
A combinação de fanáticos de causas nas redacções e enviados especiais inteiramente incompetentes no terreno, vem fazendo da informação sobre os últimos desenvolvimentos nas relações entre a troika e a Grécia uma coisa lamentável, lacunar ou pura e simplesmente enganosa.

Eis algumas certezas colhidas em Sky, BBC, Rai e CNN e em jornalistas e comentadores sérios.
1. Ao contrário do que dizem RTP, Sic e TVi não há proposta nenhuma nova de Juncker a Tsipras. O que Juncker propôs foi que o governo grego aceitasse a proposta da passada sexta-feira, se comprometesse a fazer campanha pelo «sim» no referendo, e que no seguimento disso os credores mostrariam alguma abertura para flexibilizar os juros e as maturidades da dívida.

2. Ao contrário da «impressão geral» de RTP, Sic e TVi, que só encontram em Atenas partidários fervorosos do Syriza e da confrontação com a UE, há uma impressão concreta, traduzida em sondagens, de que 60% dos gregos querem a permanência na UE e na união monetária.

3. Ao contrário do que dizem RTP, Sic e TVi a Grécia não entra em default hoje. Hoje, a Grécia está apenas atrasada no pagamento. Mas no dia seguinte ao referendo, a segunda-feira, e se o resultado for «não», certamente que o FMI de Cristine Lagarde declarará a Grécia em default.

4. Ao contrário do que escapou e certamente escapará a RTP, Sic e TVi, se a Grécia entrar em default com o FMI fará companhia a um número escasso de países, nomeadamente Zimbabué, Sudão e Cuba.
Título e Texto: José Mendonça da Cruz, “Corta-fitas”, 30-6-2015

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