Valdemar Habitzreuter
Esta encíclica do Papa
Francisco é uma ocasião e utensílio de reflexão não só para cristãos, mas
também para todos os crentes de outras religiões, para setores da sociedade não
religiosos e, principalmente, para governantes em cujas mãos se concentra a responsabilidade
maior de legislar para que se evite a destruição de ‘nossa casa’ em que moramos
– o planeta terra.
O nosso querido Francisco
inspirou-se em outro Francisco, o santo de Assis, que considerava todos os
seres vivos seus irmãos e os tratava como tal, com muito respeito e amor, como
também exultava de gratidão ao Criador pelas dádivas da mãe Natureza,
garantindo a todos o seu sustento.
Atrevo-me a dizer que o Papa
Francisco, como outrora seu irmão de Assis, adota uma certa visão budista da
Natureza, onde tudo se interconecta em importância e, por isso, o carinho por
ela, o respeito, a preservação e o direito à vida de todo ser senciente, sendo
um ato criminoso sua destruição. Segundo o Papa: “... cada criatura é objeto da
ternura do Pai que lhe atribui um lugar no mundo. Até a vida efêmera do ser
mais insignificante é objeto do seu amor e, naqueles poucos segundos de
existência, Ele envolve-o com o seu carinho”.
Mas a espécie humana é
prepotente e caminha nas trevas da ignorância julgando-se a dona absoluta da
mãe terra onde acha que pode fazer o que bem entender: destruir e explorar...
Neste sentido, nossa moradia
está sendo, pois, paulatinamente, depredada e destruída por potências
arrogantes que insistem em menosprezar o alerta de uma catástrofe anunciada
pela comunidade científica. Caso não se reveja suas ações predatórias que
esfolam e agridem sistematicamente a mãe Natureza, será o fim de nossa ‘casa’. Estes
predadores não querem uma mãe e, sim, uma meretriz para se satisfazer ávida,
egoística e inescrupulosamente.
O nosso Papa, além de líder
religioso, tem uma visão política de igualdade social. Não é a exploração
gananciosa da terra por poderosos tecnocratas, ávidos de concentrar toda
riqueza em suas mãos, que trará paz à humanidade. Enquanto houver poderosos
massacrando seus irmãos pobres e usando-os como meio para explorar a mãe
Natureza e se enriquecer, estamos longe de uma irmandade e humanidade habitando
em harmonia na ‘casa’ terra.
A encíclica do Papa Francisco
faz-se bem-vinda nos dias atuais para repensar a atitude do homem perante a mãe
terra que não suportará por muito mais tempo as agressões descabidas
perpetradas por um ser que, supostamente, deveria usar sua inteligência no
amparo à mãe e não instrumento para sua morte.
Que ‘Laudato Si’ tenha seus
reflexos positivos para a humanidade...
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 22-6-2015
Voltou afiado
ResponderExcluirQue bom !
José Manuel