Nota:
Este é um texto de opinião – a
minha. Não questiono – apoio – quem está na linha de frente buscando uma saída
nas questões Varig/Aerus. Mas não me agradou a nota Esclarecendo que
parece, salvo equívoco, nos considerar pessoas incapazes de pensar por si
próprias. Autorizo a divulgação mas dezautorizo o uso do texto para ataques a
pessoas, grupos e a quem quer que seja.
José Carlos Bolognese
A Linguagem das Coisas
Os trabalhadores da Varig
estão sendo massacrados há mais de nove anos. Os aposentados sendo tungados em
92% de suas pensões, humilhados em todas as instâncias da vida civil, não podem
exigir isonomia com a expropriação que sofreram – um... Bolsa Calote – pagar
apenas 8% por qualquer coisa que consumam, supérfluas ou não. Mas,
drasticamente reduzidos a satisfazer somente as mínimas necessidades, ainda
assim não se encontram em condições de fazê-lo sem a ajuda de familiares e
amigos, isto, os que ainda têm essa “felicidade”. Para os demais sobram a penúria,
a desilusão e até a morte. Fatos.
Foram necessários mais de oito
anos para que movimentos mais ou menos consistentes na justiça reacendessem as
esperanças dos sobreviventes. E o fenômeno que se nota quando algum desses
“movimentos” sobressai e é noticiado, é uma pasmaceira, uma parada geral nas
reivindicações como se a última escala do horrível voo pinga fosse a que ficou
para trás. As “novidades” do Aerus em 2014 só se tornaram concretas – de
forma excludente e em reduzidíssima parte – no início deste 2015. Melhor do que
tudo o que veio antes, foi a cortina de fumaça perfeita, como se produzida por
um finíssimo e aromático incenso inebriando mentes e desligando neurônios tão
necessários ao alerta de que, de fato, nada se resolveu.
Alerto
que qq iniciativa sobre o judiciário pode ser prejudicial aos mais de 20.000 participantes.
Os protestos dos combalidos
variguianos jamais serão uma ameaça ao judiciário – e a si mesmos – pelo óbvio
e ululante motivo de que esses trabalhadores nunca fazem reclamações fora da
lei, portanto, não podem tomar qualquer (por extenso, como se deve) iniciativa
sobre o judiciário usando o próprio... judiciário. Elementar.
Nenhuma instituição da República
está isenta de uma participação negativa nos eventos que causaram o fim da
Varig e o massacre de seus trabalhadores. O Judiciário não é uma exceção, no
mínimo por sua paquidérmica lentidão em descompasso com as necessidades de
seres humanos que não vivem séculos.
Felizmente, tudo leva a crer
que o próprio Judiciário está acordando e se vendo na sua correta função
republicana de poder independente. Nossas pequenas vitórias variguianas
podem estar sendo parte disto. Tomara.
Portanto
todo cuidado é pouco.
Concordo. Nossos cuidados
sempre foram poucos e muito aquém da devida reação à iniquidade que nos foi
imposta. Ao sabor de qualquer notícia, desligamos as máquinas e reassumimos
logo em seguida o Mito de Sísifo ao empurrar a rocha morro acima que fatalmente
rolará de volta em nossos cansados lombos.
Depois
não adianta achar culpados ou chorar.
Culpado não é – qualquer
indivíduo, qualquer grupo – que esteja sinceramente em busca de uma solução.
Culpados não são os que
reclamam, com certezas ou equívocos, com os dois ou sem nenhum posto que suas
razões há muito – e contra sua vontade foram-lhes impostas. Culpados, sabe-se
muito bem, existem, pois não há crimes sem criminosos. E o choro é o direito
até de quem erra querendo acertar e, no nosso caso, de não poder pegar os
culpados e fazê-los pagar.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 20-6-2015
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