Carlos Guimarães Pinto
Corria o ano de 2012. No
parlamento preparava-se o Orçamento de Estado de 2013 (o pior que este governo
fez). Nas ruas, nunca tinha havido tanto protesto. No parlamento, o Ministro
das Finanças Vítor Gaspar era acusado de selvajaria social por João Galamba. Um conjunto de
“personalidades” enviava uma carta ao governo, acusando-o de “fanatismo cego”. O termo “espiral
recessiva” estava na moda. Havia manifestações a sério, com pedras a cair na
polícia e cacetetes nos manifestantes. O motivo da contestação: um orçamento de estado que previa austeridade no valor de 5.338 milhões de
euros, quase tudo pelo lado da receita.
Fast Forward para 2015. O
Syriza é eleito. A esquerda portuguesa e a imprensa (passe a redundância)
anunciam o fim da austeridade. No Partido Socialista constroem um altar a
Varoufakis e companhia. Mas com o passar dos dias, os problemas vão-se
avolumando. Os depósitos bancários começam a fugir. As promessas eleitorais
ficam por cumprir. O PIB, que crescia quando o Syriza subiu ao poder, volta a
cair. O desemprego aumenta a contra-ciclo com a Europa. A Grécia fica bastante
próxima de sair da Zona Euro. Cinco meses de negociações depois, e com o país
de joelhos, o Syriza apresenta uma proposta minimamente séria à Troika. As
expectativas estão tão baixas, que o simples facto dessa proposta ser tomada
como séria é vista como uma vitória do Syriza. A esquerda portuguesa pula de
alegria. O mesmo deputado que tinha acusado o governo português de selvajaria
social, diz que o acordo é uma derrota dos governos português e espanhol. O
motivo da alegria: uma proposta do Syriza que prevê austeridade de 5.207
milhões de euros para 2016 e 2.692 para o que resta de 2015 (ou seja,
cerca de 5.384 milhões de euros anualizado), quase tudo pelo lado da
receita.
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